No final dos anos 80 e ao longo da década de 90, uma febre entre os adolescentes e adultos que andavam de trem no Rio de Janeiro reunia boas doses de adrenalina e irresponsabilidade, eram os “surfistas de trem” ou “surfistas ferroviários”, gente que arriscava a própria vida viajando em cima dos vagões.
Hoje em dia, uma pratica como essa pode parecer inimaginável, mas naquela época, não era nem um pouco difícil avistar jovens cariocas desviando de cabos elétricos e de viadutos ao viajarem no teto das conduções que cortavam o subúrbio do Rio e Baixada Fluminense.
Os movimentos e as manobras arriscadas eram idênticas a dos surfistas que frequentavam as praias da Zona Sul, mas na Central do Brasil, região de onde partem as conduções ferroviárias na Capital Fluminense, o único mar era o de concreto, que, eventualmente, era banhando com o sangue dos surfistas, por vezes eletrocutados, ou quando caiam nos trilhos e, consequentemente, eram atropelados.
Por conta dos inúmeros incidentes envolvendo a pratica do “surfe de trem“, as autoridades tiveram que endurecer as medidas de segurança nas estações e nas plataformas, tamanha era a vontade desenfreada dos adeptos em praticar a “modalidade”.
Muitos deles alegavam, na época, que essa atividade, perigosa e mortal, surgiu em função da superlotação observada nas conduções (problema que persiste até os dias hoje). Mas, como revela o documentário “Surfe Ferroviário“, feito pela TV Manchete, em 1989, (veja abaixo) a motivação era muito mais complexa.
O ponto alto da popularidade dos “surfistas de trem” foi quando o Fantástico, da TV Globo, exibiu uma matéria, com a icônica narração de Pedro Bial, em 1997, sobre o modo de vida desses “atletas urbanos“. (Confira a seguir). Em dado momento, no auge da onda do “surfe ferroviário“, as imagens dos adolescentes arriscando suas vidas correram o mundo, sendo vinculadas em diversos veículos estrangeiros, entre eles a CNN Americana.
Alguns poucos remanescentes da filosofia do “surfe ferroviário” ainda insistem em protagonizar cenas bizarras nos trens da cidade. O último caso foi de um homem visto, em vídeos que circulam nas redes sociais nesta quarta-feira (13/01), pendurado em um vagão que segue em alta velocidade.
No vídeo abaixo, publicado pela página “Rio de Nojeira”, é possível ver o exato momento em que o homem surge na porta da condução assustando os passageiros
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— Rio de Nojeira (@RiodeNojeira) January 13, 2021
Mais um da série, o Rio não é para amadores. Vejam isso no trem.@SuperVia_trens#riodejaneiro pic.twitter.com/bE20atk7tH
Evidentemente, o DIARIO DO RIO não recomenda a pratica do “surfe de trem“, mas é inegável não reconhecer o debate que esse movimento gerou sobre as condições precárias que os trabalhadores encontram diariamente no transporte publico. Pouca coisa mudou desde então, mas é trazendo essas realidades à tona que podemos começar um processo de mudança.
Ficam inventando moda desta onda voltar..antigamente era apenas uma diversão irresponsável..hoje não.. vai gerar tumulto e violência .pois os tempos mudaram pra pior. Deixem este assunto quero..
Que matéria porca. Tão porca quanto Pedro Bial chamando esses delinquentes de “atletas urbanos”.
Infelizmente essa matéria não muda nada, vai sim incentivar a prática novamente.
Não vejo com bons olhos a publicação dessa matéria que mais parece sensacionalismo irresponsável do editor que já achei bom e sério.
Uma pena.
Nós anos 70 já existia os Surfistas de Trem e eu infelizmente fui um deles com 13 anos de idade.
Eu vivia dentro do Trem, pois fugi de casa em Acari e fui viver essa vida até que em 1974 cai do Trem na Estação de Magno e perdi 3 dedos do meu pé.
Fui pro Hospital Carlos Chagas e lá tive que dizer meu endereço para eles avisarem o meu Pai.