Naturalização da Lagoa: solução baseada na natureza para mitigação e adaptação às mudanças climáticas

Flávio Valle e Marios Moscatelli falam sobre o processo de naturalização da Lagoa Rodrigo de Freitas na altura do Parque do Cantagalo

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com Mario Moscatelli biólogo responsável pela recuperação dos manguezais do canal do Fundão, aterro de Gramacho, Lagoa Rodrigo de Freitas e Sistema Lagunar de Jacarepaguá

No último mês celebramos 1 ano do início do projeto de naturalização de uma área de 1.500 m² na Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do Parque do Cantagalo. Naturalização é uma técnica utilizada para recuperar espaços degradados e modificados pelo homem devolvendo a eles as condições próximas às naturais. Foi o que fizemos! Uma solução baseada na natureza para a área que sofria com constantes alagamentos e tinha uma ciclovia no meio do caminho. Mudamos o percurso da ciclovia e depois de mais de 100 anos com sucessivos aterramentos estamos fazendo a lagoa voltar a crescer. Uma iniciativa que vai ao encontro do modelo de “Cidades Esponja”, também utilizado mundo afora, para oferecer soluções para áreas inundáveis.

O planeta vive um cenário de mudanças climáticas e para enfrentar os desafios as cidades precisam intensificar suas ações de prevenção, além de promoverem mudanças no estilo de vida urbano. Precisamos nos adaptar à nova realidade. Segundo dados do IBGE, no Brasil 61% da população vive em zonas urbanas. São as cidades as mais suscetíveis aos impactos dos eventos climáticos e as prefeituras têm a responsabilidade de implementar medidas de mitigação e de adaptação, buscando também na natureza a solução para os problemas.

Com a premissa de que a preocupação ambiental deve caminhar junto com a qualidade de vida da população, o projeto de naturalização é um bom exemplo. Muito se fala na construção de cidades inteligentes – ou smart cities – que nada tem a ver com ideias futurísticas, mas sim com a superação de desafios considerando a realidade de cada local. Foi o que foi levamos em consideração ao optarmos pela naturalização para resolver o problema dos constantes alagamentos.

Quem passa pela lagoa já percebeu a diferença. Estamos vivendo um novo momento com o projeto de naturalização coordenado pelo biólogo Mário Moscatelli E POR SUA FILHA, A PAISAGISTA Carolina Moscatelli. Nesses últimos cem anos, a Lagoa passou por reduções de tamanho significativas com o aterramento de seu espelho d’água. Somente em 2000, quando foi declarada pelo IPHAN patrimônio histórico devido à sua importância paisagística, a lagoa passou a ter a sua geografia preservada.

A naturalização, além de acabar com trechos alagados, está devolvendo à lagoa a sua função de espaço reprodutor. Novas espécies de flora foram introduzidas, como mudas de grama de mangue, samambaia do brejo, algodoeiro de praia e mangue vermelho. Da fauna, diversas espécies têm aparecido na área, além dos já conhecidos colhereiros, capivaras, guaiamuns e saracura, uma frango d’água escolheu a área naturalizada para chocar três ovos e os filhotes da ave aquática já nasceram e circulam tranquilamente no local. Também há novos frequentadores, como as aves bate-bico, que só havia sido vista na década de 80 em Guaratiba, e o mergulhão caçador, que gosta de fazer ninho em áreas alagadas.

Com as boas iniciativas já é possível usufruir de uma nova lagoa, cada vez mais limpa, com explosão de biodiversidade e repleta de boa ocupação. Além das conhecidas atividades de lazer, um novo point de stand up paddle foi inaugurado levando dezenas de pessoasa a contemplar a paisagem de um novo ângulo, de dentro da lagoa, integrados á biodiversidade, lado a lado aos frangos d’água e outras espécies que habitam o local, resultado dos esforços pela preservação.

Viva a Lagoa Rodrigo de Freitas e as boas iniciativas que estão devolvendo aos cariocas e turistas esse patrimônio histórico do Rio!

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1 COMENTÁRIO

  1. Salamaleico. Não creio que a lagoa Rodrigo de Freitas seja um sistema Lagunar. É mais uma poça como do Largo da Carioca e rua da Vala (atual Uruguaiana) ou como a poça da Lapa que virou Passeio Público. Aterrava a lagoa Rodrigo de Freitas e o Canal do Jardim de Alah. Faria um grande parque, Parque Jardim de Alah. Faria um quebra-mar no Leblon impedindo que a areia do Arpoador fosse para o Leblon, e outro quebra-mar paralelo à praia do Leblon, impedindo que em ressacas a praia invada a rua. Deste modo poderíamos restaurar as restingas na orla do praia do Leblon.

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