Nesta terça-feira (17.05), celebra-se o Dia Internacional de Combate à Homofobia, data em que a população LGBTQIA+ conquistou uma vitória importante no ano de 1990: o fim da classificação da homossexualidade como doença na Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.
Nesse dia de luta pela ampliação dos direitos e por respeito, a banda The Poc Boys, formada por quatro garotos declaradamente homossexuais – que lançou na última sexta-feira, nas plataformas digitais, o álbum Remember I, com alguns dos maiores sucessos da banda Calypso – levanta a bandeira contra a homofobia.
O grupo, que está instalado em São Paulo, onde tem feito shows e apresentações para divulgar o álbum desde o início do ano, foi formado pelo compositor e produtor musical Beto Caju – produtor de grandes bandas do ritmo calypso no nordeste e cantores sertanejos, junto com o amigo e diretor de marketing Paulo Martins.
Um dos integrantes da banda, Gueu Max, tem uma história triste para contar e que infelizmente faz parte do dia a dia de muitos dos homossexuais no Brasil. Ele foi espancado por um grupo de homens quando ia para um encontro da igreja que frequentava, em João Pessoa (PB), sofreu vários ferimentos graves, ficou um longo tempo hospitalizado, teve problemas de visão e auditivos, mas sobreviveu e hoje endossa a voz por respeito.
“Fiquei mal, foram dois meses sem enxergar. Fui espancado por nada. Simplesmente por ser quem eu sou”, relembra Gueu, um dos vocalistas da banda The Poc Boys e ex-vocalista de um grupo bastante conhecido no Nordeste, a Banda Cascavel.
Apesar de a data de hoje marcar uma vitória significativa, os direitos – e principalmente o respeito – da comunidade avançam a passos lentos no Brasil.
A cada hora, uma pessoa LGBTQIA+ é vítima de agressão física no país, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2020, foram assassinadas 175 pessoas transexuais, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
O número representa aumento de 29% em relação às 124 mortes registradas em 2019. A média é de um assassinato de transexual a cada 48 horas no Brasil.
- A comunidade LGBTQIAP+ tem encontrado bastante ressonância na grande mídia, com a presença em novelas, comerciais, participação em programas de repercussão nacional, muito destaque nas redes sociais e no mundo artístico. Embora seja um grande avanço, ainda não é o suficiente para que esta presença e respeito saia dos meios de comunicação para a vida real, onde ainda, infelizmente, existe muito preconceito e discriminação. O The POC Boys traz essa representatividade também para o universo musical, com uma proposta que coloca em evidência o direito e o orgulho de ser gay, talentoso e promover alegria através da música. Eles vêm acrescentar a este cenário uma força poderosa que, com certeza, vai ser fonte de inspiração. Todos os dias são dias de luta contra a homofobia, todos os dias temos que exercitar o respeito e garantir o direito de todos serem e viverem da forma que se sentem felizes, sem ferir os direitos de mais ninguém. A violência só existe contra aquilo que nos sentimos ameaçados e The POC Boys vai seguir adiante em sua carreira, mostrando que sua verdadeira motivação é a de ser feliz e espalhar alegria – diz Paulo Martins.
O que quer dizer a sigla LGBTQIAP+?
São as primeiras letras dos grupos que a sigla representa:
L: Lésbica, mulher que tem preferências sexuais por outras mulheres;
G: Gay, homens têm preferências por outros homens;
B: Bissexual, pessoas que têm preferências sexuais por ambos os gêneros;
T: Travestis, transexuais, transgêneros e “não-binárie”, que são as pessoas que não se identificam com o gênero do nascimento;
Q: Em questionamento, ou “queer”, palavra em inglês que significa “estranho” Usado para representar as pessoas que não se identificam com so padrões impostos e transitam entre os gêneros;
I: Intersexuais, pessoas que apresentam variações em cromossomos ou órgãos genitais que não permitem que sejam identificadas como masculino ou feminino (biologicamente). Antigamente eram chamadas de hermafroditas;
A: Assexuais, são as pessoas que sentem pouco ou nenhuma atração sexual pelo outro;
+: Todas as pessoas que, de alguma forma, apoiam as diferenças e são contra a homofobia.