No Dia Mundial da Água, é hora de festejar o renascimento da flora e da fauna na Baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas

Ações ambientais da Águas do Rio ajudam a recuperar cartões-postais do estado

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Foto: Divulgação

“Na água, você percebe a diferença”. A frase, do biólogo e documentarista Ricardo Gomes, reflete uma novidade que merece ser festejada neste Dia Mundial da Água: a qualidade da água na Baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas melhora a cada dia. Responsável pelo abastecimento de água tratada e pelo esgotamento sanitário em 27 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo 124 bairros da capital, a Águas do Rio trabalha, a todo vapor, para que os dois cartões-postais da cidade voltem ao esplendor que encantou visitantes ao longo dos séculos.

É possível observar a volta de alguns peixes, como badejos e garoupas. Na água, você percebe a diferença. Tanto que, outro dia, encontrei mergulhadores praticando pesca submarina na Praça Quinze“, conta Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano, que mergulha na Baía de Guanabara há mais de 30 anos e desde 2015 faz filmagens aquáticas na região.

A melhoria está diretamente ligada ao processo de recuperação de toda a infraestrutura de esgotamento sanitário existente (redes, estações de bombeamento e tratamento) promovido pela concessionária. Um bom exemplo é o interceptor oceânico, o túnel, com nove quilômetros de extensão e 5,5 metros de diâmetro em alguns trechos, que vai da Glória a Copacabana. O interceptor é responsável por coletar o esgoto da maior parte da Zona Sul da capital e levá-lo até a Estação Elevatória Parafuso, que bombeia o efluente até o Emissário Submarino de Ipanema. Ao longo de nove meses, o interceptor oceânico passou por uma limpeza inédita. Resultado: a empresa retirou duas mil toneladas de lixo.

Mais do que isso: com a limpeza, o túnel passou a trabalhar com níveis menores de esgoto em seu interior, o que aumentou sua capacidade de escoamento. A partir de agora, a estrutura receberá manutenções periódicas. Quem anda pelas praias do Flamengo ou Botafogo ou pela Marina da Glória, percebe a mudança, com as águas da Baía de Guanabara mais limpas.

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A qualidade da água tem reflexo direto na fauna. Além dos badejos e garoupas, em cardumes cada vez maiores, Gomes tem se deparado com outras espécies. Em janeiro deste ano, flagrou um grupo de cerca de 600 botos nadando pela Baía, em uma imagem que correu o mundo. Eles vieram atraídos pelos peixes menores que voltaram a se reproduzir e habitar a região.

A passagem dos botos foi um marco, porque não são do grupo residente da Baía. Os pesquisadores sabiam que grupos passavam por aqui, vindos de Sepetiba ou da Ilha Grande, mas não havia registro. Quem sabe agora, alguns não vão acabar se estabelecendo por aqui?”, aposta o diretor do Instituto Mar Urbano, lembrando que a presença de fêmeas e filhotes abre uma perspectiva de repovoamento da Baía da Guanabara pelos cetáceos.

Não faltam histórias para o presidente do Instituto Mar Urbano ilustrar a palestra que fará amanhã, em Nova York, no evento paralelo à Conferência da ONU sobre a Água. Empenhado em replantar o manguezal que circunda o espelho d’água, Gomes também quer falar sobre o projeto Expedição Águas Urbanas, que conta com o apoio da Águas do Rio e da OceanPact. Durante 18 meses, ele vai capturar imagens em ultra HD da Baía de Guanabara, mostrando a rica biodiversidade em processo de recuperação.

Se queremos preservar a Baía de Guanabara, precisamos conhecer quem vive ali. Na vida é assim: só amamos o que conhecemos. Essa é a bandeira da expedição“, diz ele.

O  presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini, observa que a balneabilidade, depois de anos, em algumas praias como Botafogo, Flamengo, Paquetá e Ilha do Governador, é o resultado que a empresa trabalha para tornar permanente. Mas ele faz um alerta:

“Saneamento não é somente obras. É preciso educação e mudança cultural com o envolvimento de toda a sociedade, cada um fazendo a sua parte, desde não jogar lixo em local inadequado, como nos rios e na rede de esgoto, até não utilizar  fontes alternativas clandestinas como caminhões-pipas em lugares onde há abastecimento, para não pagar o esgoto ou ainda dificultar a medição do consumo real de água”.

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O que vale para a Baía de Guanabara, vale para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Em uma primeira etapa, a concessionária recuperou todo o sistema de esgotamento sanitário ao redor do espelho d’água. Havia estações de bombeamento que não funcionavam e outras operando de forma inadequada, além de redes obstruídas ou danificadas. Com isso, o esgoto parou de ser despejado sem tratamento na lagoa.

Na segunda fase, veio a parceria com a Manglares Consultoria Ambiental, do biólogo Mario Moscatelli. O acordo, que inclui a prefeitura do Rio e o governo do estado, tem por objetivo a manutenção  do mangue da região. É a primeira vez que uma empresa privada patrocina o projeto Manguezal da Lagoa, criado em 1989. Graças ao apoio, os 3,5 km  de mangue da lagoa estão sendo cuidados por uma equipe de profissionais da área ambiental, dedicada à proteção da fauna e da flora, ao  replantio de espécies e à limpeza das margens.

“A atuação da Águas do Rio tem sido determinante na melhora da qualidade da água, permitindo tanto o incremento da biodiversidade quanto o aumento das atividades econômicas que surgem da qualidade ambiental e de vida gerada”, observa Moscatelli.

Por décadas, a qualidade da água da Lagoa foi uma pedra no sapato do carioca, que convivia com cenas degradantes, como a mortandade de peixes. A entrada da concessionária mudou esse quadro. Um bom sinal é a presença de uma fauna variada, como as capivaras, que tanto alegram os visitantes. O beija-flor, símbolo da campanha da ONU para o Dia Mundial da Água em 2023, também aparece por lá, ao lado de aves mais, digamos, tímidas,  como o colhereiro, a saracura-três-potes e a garça-azul.

Eu sempre digo que a Lagoa é um exemplo prático de ecossistema historicamente degradado que foi recuperado. Portanto, serve de exemplo para que outros também possam passar pelo mesmo processo, devolvendo a vida e a exuberância à natureza”, afirma Moscatelli.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Esta é a notícia que eu espero há décadas. E que boa notícia! Saber que a lagoa Rodrigo de Freitas e baía da Guanabara estão em franca recuperação, deixa-me alegre como há muito tempo eu não ficava.
    Eu moro em Paquetá faz vinte anos e sempre me deu uma tristeza imensa, ver as águas da baía da Guanabara completamente poluídas. Mas de uma semana pra cá, caminhando pela orla sempre de manhã a caminho do trabalho, pude perceber que as águas da baía estavam mais claras, mais límpidas e com cheiro de mar. Fiquei imaginando: Será que as Águas do Rio estão mesmo cumprindo a promessa que fez quando assumiu a responsabilidade de acabar com este grande Problema? Pelo jeito acho que sim. Parabenizo a todos os envolvidos nesta árdua missão e, desde já deixo a minha gratidão.

  2. Curiosa a incoerência humana: por um lado, festeja-se a “volta da vida marinha” para, logo em seguida retomar a atividade de pesca ou caça submarina, que, em termos simples, significa machucar ou matar a vida marinha que levou tanto tempo para voltar. Talvez, a torcida seja para que os animais voltem para podermos novamente nos divertir caçando-os. É um jeito manco de se fingir “pró vida”.

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