Novembro Azul: diagnóstico precoce do câncer de próstata pode aumentar as chances de cura em 90% dos casos

Embora a doença seja ainda mais comum entre homens a partir de 65 anos, fatores genéticos costumam antecipar surgimento do tumor e em formas mais agressivas

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O tumor de próstata, geralmente associado à terceira idade, com 75% dos casos no mundo ocorrendo a partir dos 65 anos, tem sido registrado com mais frequência no Brasil. Essa tendência pode ter relação com a evolução dos métodos diagnósticos. O dado e a análise fazem parte das estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que também divulga previsões de novos pacientes no país: serão 71.730 ao ano, até 2025. No estado do Rio de Janeiro, 7.930 no mesmo período.

Apesar de o toque retal continuar sendo um método simples e indolor para a detecção de nódulos, muitos homens ainda adiam esse momento por preconceito. O exame de sangue conhecido como PSA (Antígeno Prostático Específico), associado à avaliação física, também é utilizado para rastreamento e detecção precoce da neoplasia. Entretanto, cada vez mais a ressonância magnética multiparamétrica da próstata tem sido acrescentada à investigação, trazendo mais detalhes à apuração inicial.

Em se tratando de câncer, ter um diagnóstico rápido e preciso faz toda a diferença na condução do tratamento. Durante o Novembro Azul, mês de conscientização do tumor de próstata, a ideia é alertar as pessoas sobre essa necessidade. A oncologista Mariane Fontes, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, ressalta que mais de 90% dos casos podem ser curados, segundo o INCA, se a doença estiver em estágio inicial.

“A primeira visita ao médico urologista deve ocorrer por volta dos 40 anos, desta forma, o paciente poderá discutir vantagens e desvantagens de realizar o rastreamento para o câncer de próstata e, a depender do risco individual, estabelecer o melhor momento para que isso ocorra. Por exemplo, pacientes afrodescendentes ou com história familiar para a doença devem acompanhar aos 45 anos, ou seja, de forma mais precoce em relação à população em geral, que habitualmente inicia a busca aos 50 anos. E o exame anual é fundamental. Os testes mais indicados ainda são o PSA, feito com amostra de sangue, e o toque retal”, reforça Mariane.

A médica acrescenta que alguns homens podem ter mais chances de desenvolver essa neoplasia: “Apesar de a doença ainda ser comum em pacientes com mais idade, o câncer de próstata pode ter caráter genético, que faz o tumor ser mais agressivo e aparecer em pessoas mais jovens. É o caso de quem tem mutação no gene BRCA. Quem já sabe dessa condição pode iniciar o rastreio mais cedo, aos 40 anos, e evitar complicações”.

Para quem recebe o diagnóstico, as alternativas terapêuticas dependem do estágio da doença, e a conduta é sempre individualizada. Em geral, para tumores localizados, que só atingiram a próstata, o esquema padrão é cirurgia e/ou radioterapia, associada ao bloqueio hormonal.

Novas terapias são apresentadas em congresso internacional

Em setembro, durante a conferência anual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), em Barcelona, foram apresentados dois estudos bastante promissores, voltados a pacientes metastáticos. As pesquisas mostram que novas formas de administrar medicações podem melhorar a qualidade de vida de quem está em tratamento.

O estudo PEACE-3, por exemplo, comparou o uso de enzalutamida com uma combinação do radiofármaco rádio-223 (Ra223) mais enzalutamida em casos assintomáticos ou levemente sintomáticos com câncer de próstata resistente à castração com metástases ósseas, e o ARANOTE, um estudo de fase 3 que avaliou a eficácia e a segurança da darolutamida mais bloqueio hormonal em indivíduo metastático hormônio sensível.

“São novas opções e combinações de tratamentos para pacientes que geralmente precisam de um cuidado mais intenso. São boas perspectivas para o futuro”, avalia a médica.

Apesar de não haver orientação específica para prevenção desta neoplasia, é importante que os homens sigam as recomendações normalmente indicadas a quem pretende evitar tumores malignos de um modo geral. É necessário evitar a obesidade e seguir uma dieta equilibrada, controlando o consumo calórico e a ingestão de carne vermelha e gorduras, assim como bebidas alcoólicas e tabagismo.

Por outro lado, Mariane Fontes lembra que o consumo de frutas, vegetais ricos em carotenoides (como o tomate e a cenoura) e leguminosas (como feijões, ervilhas e soja) tem sido associado a um efeito protetor e é recomendado por especialistas.

“É importante levar a vida com equilíbrio, sem cometer excessos, estando sempre atento à saúde física e mental para prevenir o aparecimento do câncer e demais doenças”, afirma a médica.

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Renata Granchi
Renata Granchi é jornalista e publicitária com mestrado em psicologia. Passou pela TV Manchete, TV Globo, Record TV, TV Escola e Jornal do Brasil. Escreveu dois livros didáticos e atualmente é diretora do Diário do Rio. Em paralelo, presta consultoria em comunicação e marketing para empresas do trade.

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