A trajetória econômica da cidade do Rio de Janeiro, desde sua fundação em 1565 até os dias atuais, é o foco do novo livro do professor André Arruda Villela, lançado pela Editora FGV, em parceria com a FGV/EPGE. Intitulada História econômica da cidade do Rio de Janeiro: da fundação ao século XXI, a obra oferece uma análise crítica e aprofundada da evolução econômica da capital fluminense ao longo de mais de quatro séculos.
Baseado em fontes primárias, muitas delas de difícil acesso nos primeiros estudos, o autor revisita a historiografia econômica carioca cruzando dados quantitativos e qualitativos, e articulando a economia com aspectos como demografia, política e saúde pública. As epidemias dos séculos XIX e XX, por exemplo, são tratadas como eventos centrais para compreender o impacto sanitário e econômico no desenvolvimento da cidade.
Inspirado em pesquisas como a de Eulália Lobo, Villela se debruça sobre discrepâncias entre fontes, buscando identificar as mais confiáveis. Segundo ele, o ponto de partida natural para compreender essa história está na dimensão populacional, partindo de algumas centenas de habitantes nos primeiros anos da cidade até os 6,2 milhões registrados em 2022.
O livro percorre as fases principais da formação urbana e econômica da cidade: desde o período colonial, passando pela chegada da Corte portuguesa, o Império, o período republicano, a Era Vargas, a Guerra Fria, até a cidade como capital do Estado da Guanabara (1960-75) e a reorganização institucional e econômica nas décadas seguintes.
“A obra busca entender as razões da decadência da cidade e avaliar as possibilidades de sua reversão”, resume o autor, ao tratar do processo de perda de centralidade econômica e política iniciado na segunda metade do século XX.
A análise acompanha a transformação do Rio de uma cidade periférica na América portuguesa para a capital de um império, e depois, para uma metrópole em crise, lançando luz sobre as forças históricas e estruturais que moldaram o seu destino até os dias atuais.