Com uma história tão doce quanto seu sabor, o brigadeiro é um ícone da culinária brasileira, nascido nas ruas do Rio há quase 80 anos. Tão carioca quanto o samba e a caipirinha, essa doçura se tornou um símbolo nacional, amado e desejado por todos os cantos do país.
Sua jornada rumo à fama começou na década de 1940, em meio ao racionamento que tornou o leite condensado um ingrediente comum nas sobremesas. Mas foi durante um momento crucial na história política brasileira que o brigadeiro ganhou destaque.
Na época das primeiras eleições nacionais em que todas as mulheres puderam votar, o candidato da União Democrática Nacional (UDN), Brigadeiro Eduardo Gomes, era figura central. Enquanto comitês de senhoras da sociedade se reuniam para apoiar sua campanha, uma doceira carioca de mão cheia, Dona Heloísa Nabuco de Oliveira, preparou algo especial para esses encontros. Feito com leite condensado e chocolate, conquistou paladares e corações. A história dessa criação foi revelada recentemente pela jornalista Christiane Pelajo, bisneta de Heloísa, em um programa de rádio.
Heloísa, mãe de três filhos, sustentava sua família com a renda obtida com a venda de seus doces. Em um evento onde Brigadeiro Eduardo Gomes estava presente, decidiu homenageá-lo com um novo quitute.
Os adversários políticos de Eduardo diziam que era o doce do brigadeiro, pois não tinha ovos. Havia, na época, uma crença de que Gomes não possuía os testículos, pois, no passado, havia sofrido um disparo de arma de fogo próximo à virilha. No Rio Grande do Sul, reduto Varguista, o doce recebeu o nome de “Negrinho”, pra que não houvesse lembrança do candidato.
Mas o segredo do sucesso do brigadeiro está em seu ingrediente especial, um toque secreto que até hoje é guardado a sete chaves pela família de Heloísa. “O segredo é tipo Coca-Cola, ninguém sabe”, revela Christiane no programa.
Embora o Brigadeiro Eduardo Gomes tenha perdido a eleição, o doce saiu vitorioso e conquistou o país inteiro e faz sucesso internacionalmente. Até os dias de hoje, os herdeiros de Dona Heloísa repetem a receita com maestria.
Já vi fontes que dizem ter sido criado no Rio Grande do Sul e se chama, pelo menos lá, de “neguinho”, ou algo parecido com isso.
Ps: a caipirinha não é criação Carioca, e sim dos paulistas.