O debate politico esquizofrênico

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Dilma e Aecio

Sem dúvida o assunto que tomou conta das redes sociais é a eleição. Muito mais a presidencial do que do governo estadual. E apesar desse blog tratar preponderantemente do Rio de Janeiro, não vou me furtar ao que estou vendo sendo falado sobre a corrida presidencial.

Sendo meio alemão, meio brasileiro e também acompanhando de uma maneira acima da média debates políticos nos Estados Unidos, fico espantado com o nível e conteúdo do debate no nosso país. Se a internet tem o poder de dar voz a todos, as redes sociais parecem ter o efeito de catalisar o reducionismo e simplificação exagerado de assuntos muito sérios. Politica séria é por natureza uma coisa chata. Não tem como ser diferente, estamos falando de sistemas complexos de interação entre centenas de partes envolvidas, cada uma com um conjunto de interesses particulares que precisam ser acomodados de alguma maneira. Desde interesses que abrangem natureza, ciência e religião (a questão do aborto) até questões microeconômicas como incentivos e subsídios setoriais (redução do IPI para automóveis, por exemplo).

Nenhum desses debates cabe em um post de facebook. Simplesmente porque as pessoas não leem textos infinitos nesse tipo de plataforma. Não estou dizendo que o debate politico nesse meio é inútil, longe disso. Mas a questão é que é preciso exercer um mínimo de senso crítico quando se compartilha alguma coisa nessas redes, e um mínimo de desconfiança com o que se lê nessas plataformas. Além disso, esse tipo de plataforma tem uma natureza “perecível”, as pessoas consomem pequenos pedaços de informação que são logo substituídos por novos pedacinhos, sem que necessariamente haja um nexo entre os dois. Não é exatamente como um livro de Macroeconomia de 500 páginas.

Juntando seletivamente pedacinhos de facebook é possível imaginar que o Brasil seja um mar de lama onde nada dá certo e tudo é uma merda (digamos, lendo Rodrigo Constantino) até um oásis do bem estar social e desenvolvimento econômico exemplar (DCM, O Cafézinho). Quem acredita cegamente em qualquer uma dessas fontes está deixando se enganar. E muita gente se deixa enganar porque, como o assunto é chato, é muito mais cômodo “comprar” um discurso simplificado e estereotipado do que pensar nas nuances e fundamentos que estão por trás.

Acontece que isso levou a uma condição esdruxula em que parece que estamos discutindo um jogo de futebol, ou um jogo de videogame, onde as condições de jogo são relativamente estáveis e o desempenho contido em regras estáticas. Fazem parecer que os governos existem em um vácuo de tempo e espaço, em que nada existe antes deles ou ao redor deles. Ou seja, comparam o governo X com Y como se os dois tivessem jogado o mesmo jogo, a mesma fase de um videogame, com os mesmos desafios e objetivos.

Nada poderia estar mais longe da realidade que isso. Gestão pública é uma coisa chata. Política é uma coisa chata. Porém, a sua qualidade depende de pessoas como você, leitor do Diário do Rio, gastar um pouco mais do seu tempo e se perguntar se aquilo que estão te vendendo realmente faz sentido. Para o bem do Rio de Janeiro e do Brasil, escolha algum tema que ache minimamente interessante (ou menos chato), e gaste 20 minutinhos da sua semana lendo coisas a respeito e formando uma opinião própria, em vez de simplesmente dar um like ou compartilhar alguma ideia vazia que te panfletam pelas redes sociais.

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