O Muro da Vergonha, criando guetos no Rio de Janeiro

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Muro de Berilm  Qualquer carioca com o mínimo de consciência está assustado com a idéia do Governador Sergio Cabral e apoiada pelo Prefeito Eduardo Paes, a criação de muros em comunidades cariocas, como Rocinha e Chapéu Mangueira.

 

Um muro como esse só serve para criar uma distância maior entre asfalto e morro, entre pobres e ricos. Diminui a auto-estima de quem mora nestes lugares murados. Forma-se um gueto, exclue-se mais os que já são excluídos.

 

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Mas este é o governador que defende o aborto para a Rocinha, uma “fábrica de produzir marginal”. Cabral é chefe do secretário que diz que culpa a mata no Tabajaras por não conseguir prender os traficantes.

 

Fique com o texto de André Delacerda e leia também o do Elio Gaspari.

Guetos Cariocas

Por André Delacerda

Gueto VarsoviaBelas muralhas como a da China, muros da discórdia como o de Berlim e muros de segregação como o de Israel com a Palestina, povoam o mundo desde que a civilização se entende como existente.

Muros são construídos com o objetivo de serem barreira artificial e também proteção, contra guerras, inimigos, e contra bandidos. Mas muros também são utilizados para segregar, para separar, para esconde mazelas.~

 

Quantos muros reais e imaginários não limitam e separam pessoas? Histórias tristes que só os tijolos e pedras podem nos contar.

 

Muro na fronteira entre os EUA e o Mexico Não muito distante, mas há algumas centenas de quilômetros do muro do Bush, que está sendo construído na fronteira dos Estados Unidos com o México, e também há muitos quilômetros do oriental muro que separa os judeus dos palestinos. Surge mais um muro, para falar a verdade, um gueto. Não estou falando dos muros erguidos em Varsóvia. Mas em um gueto que procura-se oficializar em território carioca.

 

Muros nas favelas são a nova geniosa e criativa, para não dizer assustadora idéia que surge para supostamente conter as favelas do Rio. Idéia está, surgida pelas mãos de pessoas do poder executivo local.

 

Eles nascem supostamente para proteger a floresta da depredação feita pelos que vivem nas comunidades. Mas o que de verdade esconde o desejo pelos muros nas favelas?

 

Seria uma resposta a sociedade que tem mais recursos? Seria uma forma de esconde o que há lá dentro das favelas? Seria uma forma de garantir que aqueles “favelados” ficariam ali, delimitados, na verdade cercados em sua área. Só podendo eles sair para vir ao asfalto prestar serviços laborais aos que tem mais?

Muitas perguntas, algumas repostas.

 

Muro entre Israel e PalestinaO que se faz estranho em pleno século XXI é que estes cariocas que idealizaram os muros nas favelas, não tenham conhecimento de alguma técnica mais moderna e capaz de conter uma favela. Parece que os estudos de anos em arquitetura e urbanismo, foram jogados ao fogo. Parece que os mestres engenheiros e arquitetos, perderam ou se esqueceram da melhor solução.

 

Mas melhor dizendo, essa idéia tosca surge das mãos de homens que teriam a capacidade máxima de gerir uma cidade de 6 milhões de habitantes. Essa idéia surge das mãos do gestor maior desta cidade e seus pares no executivo. Que deveriam trazer o melhor para a cidade e soluções inteligentes. Mas trazem sim, soluções de períodos que nos lembram as trevas, a sangria, a repressão, a discriminação, e a segregação.

Porque cerca favelas, se o próprio IPP – Instituto Pereira Passos que é da Prefeitura do Rio, diz que mais de 65% das encostas acima de 100 metros são ocupados por nada mais nada menos que ricos?

 

Os muros para cerca favelados perdem sua força, com esses dados. Os ricos, e a classe média que ocupa encostas também não teriam sua culpa na devastação de nossas encostas? Basta olhar da lagoa para os altos ali perto de Humaitá ou ali no Jardim Botânico, na Gávea, e até bem perto da favela da Rocinha e veremos, mansões invadindo a Mata Atlântica.

 

Sergio CabralA idéia dos muros em favelas, surge, como se estes, fossem deter crimes ambientais, e quem sabe crimes como roubo, assassinatos e o narcotráfico. Como se o crime já não estivesse infiltrado na nossa sociedade do morro e do asfalto. Como se o crime não fizesse parte de nossas instituições. E como só a favela degradasse de verdade a floresta. Os muros que hoje começam a ser erguidos assustam os cariocas mais lúcidos e assustam pensadores como o Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago.

 

Muros jamais vão deter a degradação de uma Floresta! Se estivesse vivo nos tempos atuais o visionário e executor D. Pedro II, que sabiamente fez o reflorestamento do maciço da Tijuca a quase dois séculos atrás, nos diria.

 

Não seria melhor utilizar os recursos que serão gastos na construção destes muros nas favelas, em educação ambiental? Não seria melhor se criar centros de cidadania, que teriam o papel de educar e levar uma nova visão aos que moram nas comunidades? Não seria melhor se equipar a guarda florestal para que esta fiscalizasse os crimes ambientais feito por quem não tem tanto dinheiro e por quem também tem mais? E não seria mais bem empregado se remover as casas que muito avançaram nas áreas de mata e em seguida se fazer um reflorestamento eficaz?

 

Algumas idéias. Mas infelizmente deixadas de lado, pelo imediatismo, que lá na frente vai nos provar que tal iniciativa não nos traz resultados positivos e concretos. Concreto por certo será utilizado para demarcar e oficializar os guetos cariocas.

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