O Pão de Açúcar meteu atestado

Rogério Amorim critica o fechamento do Pão de Açúcar em um sábado para o casamento de um conselheiro da concessionária, mas dizendo que estava fechado para uma manutenção

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Parque Bondinho Pão de Açúcar | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

No último dia 21 de setembro, centenas de turistas tentaram ir ao Pão de Açúcar – nada menos que um dos maiores cartões postais do Rio, um monumento natural conhecido no mundo todo – e foram impedidos por funcionários que informavam estar em andamento uma “manutenção”. Era um sábado, a cidade estava toda tomada por turistas que vinham ao Rock in Rio, fora o natural movimento do fim de semana. Até mesmo na Pista Cláudio Coutinho, no pé do Morro da Urca, funcionários foram contratados para informar aos visitantes que não deveriam subir pela mata se a intenção fosse descer pelo bondinho – vale lembrar, uma concessão pública.

Dezenas de ônibus de turistas foram recusados. A cena, a mesma: turistas chegando, recebendo a péssima notícia de que não poderiam visitar o Pão de Açúcar (sabe-se lá quantos só tinham aquele dia para fazê-lo) e voltando para os veículos, tristes e revoltados. Mas até tentando entender o motivo, afinal, manutenção é importante. Ainda assim, muitos questionaram: por que não fazer isso na segunda-feira, logo depois do fim do Rock in Rio? Mesmo questionamento foi feito em reportagem do DIÁRIO DO RIO, o único veículo jornalístico a denunciar no mesmo dia que havia algo estranho acontecendo.

A resposta veio quatro dias depois, confirmada pelo RJTV, da TV Globo: havia um casamento no local. Claro, não se podia falar a verdade no caso. E mais: o casamento, segundo apurou reportagem do RJTV, era de um integrante do conselho da empresa concessionária do Pão de Açúcar!

A empresa no caso optou pela mentira, por enganar turistas e, claro, os cariocas, que acreditaram na desculpa da “manutenção” – ora, se havia um casamento, como fariam a manutenção? Como os convidados subiriam, durante a manutenção? Fica claro que o que tivemos foi um uso privado do espaço público (ainda que seja um espaço público sob concessão privada).

O poder concedente no caso do Pão de Açúcar é o governo federal, ou seja, nada será feito ou questionado. Espera-se, no entanto, que os responsáveis pelo Turismo na cidade do Rio de Janeiro entendam que houve um dano imensurável à reputação da cidade e dos entes turísticos. Uma empresa mentiu para poder impedir que turistas usassem um bem público! Espera-se que os responsáveis da Prefeitura tenham um pingo de responsabilidade e não lavem as mãos sob o pretexto de “o Governo Federal tem que agir”.

Desde meu primeiro mandato que reclamo do Jogo de Empurra Tripartite. É a velha, antiga história do mosquito “federal, estadual ou municipal”. Enquanto isso, o cidadão paga imposto pros três – e ninguém diz ao cidadão quem vai matar o mosquito. Por isso defendo que o papel do vereador é ser o link entre o cidadão e o poder público, seja ele qual for. Segurança? Faço requerimentos à PM, à Guarda. Trânsito? Reclamo com a CET-Rio. Buracos na rodovia? Reclamo ao DNIT, qual o problema? Antes de ser vereador, sou cidadão – e a cidadania consiste no pleno exercício dos direitos.

Esperemos, portanto, que a Prefeitura cobre tanto do Governo Federal quanto da concessionária do Pão de Açúcar uma postura digna, responsável, séria, uma retratação de pessoas públicas e que não se permita que prevaleça uma mentira, como se fosse um subterfúgio, quase como o fingir doença para ganhar atestado. Sim, o Pão de Açúcar meteu atestado para que os turistas não o visitassem!

Espero que logo os responsáveis venham a público para pedir desculpas e oferecer a todos os turistas recusados uma compensação pelo transtorno. A vida pública exige isso de todos nós: TRANSPARÊNCIA.

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