‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’

O Diário do Rio visitou a SUIPA para o conhecer um pouco a realidade da instituição dirigida pelo desenhista Marcelo Mattos Marques

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Presidente da SUIPA - Marcelo Marques / Divulgação: SUIPA

A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA) foi inaugurada em 27 de abril de 1943. Inicialmente, chamava-se Sociedade União Infantil Protetora dos Animais, porque os filhos dos protetores ajudavam os pais no tratamento dos cães doentes que eram recolhidos das ruas. A sede da SUIPA funcionava em um pequeno barracão localizado na antiga Avenida Castelo Branco, que passou a se chamar Avenida Suburbana, e é conhecida hoje como Avenida Dom Hélder Câmara, em Benfica. Com o passar dos anos, muitas famílias se instalaram nas proximidades da SUIPA, formando as comunidades do Jacarezinho e de Manguinhos.

No final dos anos 1950, intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira e Rachel de Queiroz se tornaram associados da SUIPA, alguns diretores e outros conselheiros. Eles participavam de assembleias e reivindicavam junto às autoridades o cumprimento do Decreto-Lei nº 24.645 (julho/1934), assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas, que previa a aplicação de multa e prisão àqueles que promovesses maus tratos contra os animais.

Com quase 78 anos de existência, a SUIPA continua extremamente atuante como uma entidade particular, não eutanásica, sem fins lucrativos, e de utilidade pública. Em sua sede são oferecidos serviços de Assistência Veterinária, com preços populares. A receita arrecadada é usada para cobrir inúmeras despesas da Entidade.

O Diário do Rio visitou a SUIPA para o conhecer um pouco a realidade da instituição, suas lutas, desafios e alegrias. A equipe do Diário conversou com o desenhista e presidente da SUIPA, Marcelo Mattos Marques, que de forma muito emocionada nos falou sobre a importância do trabalho prestado pela instituição à cidade e ao estado do Rio de Janeiro. Marcelo Marques é gestor da SUIPA desde 2016 e desenhou a famoso cachorrinho que é usado como a logomarca da Entidade.  

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O presidente da SUIPA, Marcelo Mattos Marques, e a simpática e afetiva Rose, mascote da instituição / Foto: Patricia Lima

Diário do Rio – No dia 27 de abril, a SUIPA completará 78 anos. Como o senhor vê essa longa trajetória de ajuda aos animais?

Marcelo Marques – O trabalho realizado pela SUIPA ao longo dos anos é excelente e necessário. A instituição, com o seu trabalho, auxilia o poder público a combater a propagação de zoonoses, além de resgatar e cuidar dos animais que estão doentes e feridos ou foram abandonados. Muitas pessoas não sabem, mas a SUIPA é uma entidade particular, não eutanásica, sem fins lucrativos, e de utilidade pública. Em 27 de abril completaremos 78 anos de luta pelas vidas dos animais. Nós, da SUIPA, somos contra a eutanásia. Ela só é praticada quando são esgotados todos os recursos clínicos dispensados à salvação da vida de um animal. Existem lugares, no entanto, que praticam a eutanásia quando se deparam com um caso complexo de doença, acidente, maus tratos, ou como medida de controle populacional. A SUIPA é uma entidade que luta pela vida dos animais. Aqui fazemos de tudo para salvá-los.

Cadela Flor de Liz ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Cadela Flor de Liz atendida pela SUIPA. O animal teve pata traseira amputada em decorrência de um ferimento não tratado / Divulgação: SUIPA

Diário do Rio – A Entidade recebe muitas críticas relacionadas à quantidade de mortes de animais em suas dependências. Como o senhor encara essa questão?

Marcelo Marques – Muitas pessoas criticam a SUIPA sem saber o estado em que os animais chegam aqui. Há aproximadamente 1 mês recebemos um animalzinho que teve a sua boca amarrada com um uma bomba dentro dela. Vocês não imaginem o estrago que isso produziu no animal. Ele foi tratado e salvo. Recentemente recebemos um chamado de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para resgatar um cachorro cujo tutor havia morrido. O animal vagava pelas ruas, depois voltava para casa para encontrar o dono falecido. Ele não recebia atenção alguma de ninguém. Ao perambular pelas ruas sofreu ferimentos que não foram tratados. O corpo de animal ficou completamente tomado por tumores. Uma senhora se compadeceu da terrível situação do cão e nos acionou. Já estávamos no final de expediente, mas não podíamos deixar de resgatá-lo. Trouxemos o cachorro para as nossas instalações, tentamos de tudo. Infelizmente não conseguimos salvá-lo. Fizemos ainda outro resgate muito dramático de um cachorro cujo corpo estava coberto por bicheiras. A sua carne havia sido corroída e dava para ver a sua coluna. Nós tratamos dele de forma intensiva. Ele sobreviveu e recebeu um nome, Almirante, e um lar. Essa é a nossa luta. O poder público deveria nos ajudar. Ele reconhece o trabalho realizado pela SUIPA e se utiliza dele, uma vez que recebemos animais resgatados pelo Corpo de Bombeiros, pelo Exército, entre outras instituições. O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA. 

Diário do Rio – O senhor está à frente da SUIPA desde 2016. Como o senhor chegou à presidência da Entidade?

Marcelo Marques – Pelo estatuto da SUIPA só os associados podem concorrer à presidência da instituição. Com o falecimento da então presidente Izabel Cristina Nascimento, em 2016, o cargo ficou vago. A SUIPA já enfrentava sérios problemas financeiros. Ela já tinha um dívida gigantesca, além de contar com uma superlotação de animais. Ninguém queria assumir a presidência da SUIPA, que é um trabalho voluntário. Em caso de vacância, a SUIPA encerraria as suas atividades. Ao assumir a direção da Entidade, encontrei aproximadamente 5.000 animais abrigados e 150 funcionários contratados. No meu discurso de posse destaquei que cuidaria dos animais e das pessoas que tiram o seu pão daqui. O meu único diferencial em relação aos demais sócios é que sou desenhista. Há mais de 30 anos, a então presidente Izabel Cristina me pediu para desenhar a logomarca do SUIPA, que é o cachorrinho com uma vara e uma trouxa nas costas. Eu a carrego com muito orgulho, não apenas por ter sido elaborada por mim, mas pelo grande trabalho que a SUIPA realizada há quase 80 anos na cidade e no estado do Rio de Janeiro.

Diário do Rio – A defesa da dignidade dos animais tem sido uma bandeira defendida no mundo inteiro há muitos anos. A SUIPA atua nesse frente desde 1943. Qual é sua análise sobre a trajetória dessa luta por parte da entidade na cidade do Rio de janeiro?

Marcelo Marques – Eu noto que as pessoas estão adotando uma visão de mundo mais ecológica. Elas estão se preocupando mais com a terra, com os outros seres: animais e vegetação. Os animais, assim como os seres humanos, também são o nosso próximo. São Francisco de Assis dizia que os animais são os nossos irmão de 4 patas. Hoje presenciamos o crescimento do veganismo, como uma forma de evitar os maus tratos aos animais. A população humana cresceu muito, e a população de animais domésticos também acompanhou esse crescimento. Muita gente tem um cão ou um gato como companhia. Mas muita gente por vários motivos abandona os seus animais.

Cachorros abandonados ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Caixa com filhotes cães abandonados na porta da SUIPA. Os animais estavam limpos e com cordões umbilicais cortados / Instagram: SUIPA

Em todo mundo, o período de férias é o mais dramático para os animais, pois muitos vão parar nas ruas. Todos dias são abandonados animais na porta ou nas proximidades da SUIPA. Como não recebemos mais animais saudáveis, para diminuir a população interna, as pessoas deixam o animal amarrado no portão ou em caixas. Às vezes, alguém resgata um animal atropelado e não tem a dignidade de entrar na instituição e nos entregá-lo, deixando-o na calçada. No mesmo dia em que resgatamos o cão coberto de tumores, em Niterói, soubemos do abandono de dois filhotes grandes dentro do latão de lixo da Comlurb, que lá foram deixados para serem triturados pelo caminhão de lixo. Encontramos ainda mais 2 cachorros com paralisa, que pareciam ser da mesma ninhada dos que seriam triturados. Essa é a nossa realidade. Não resta dúvida que as pessoas estão mais preocupadas com o bem estar animal. Mas os governos federal, estadual e municipal poderiam contribuir com a causa animal através de campanhas educativas nas escolas. É preciso que as pessoas entendam que os animais sofrem, que eles não são objetos. Isso tem que ser feito desde a infância.

A SUIPA desenvolve um projeto educativo chamado Rabinhos Felizes. Pegamos os nossos animais mais dóceis e os levamos para visitar lares de idosos, escolas, e instituições que atendem crianças especiais. Esses encontros são muito bonitos e permeados de grande afetividade. O idoso muitas vezes lembra de um animal do passado. As crianças especiais, algumas delas com problemas motores, têm dificuldade de abraçar o animal mas com esforço conseguem afagá-lo, ficando muito felizes com isso. Quando estamos com as crianças procuramos sensibiliza-las sobre os sentimentos dos animais e o seu sofrimento, de forma que elas entendam que os animais não são objetos.

Rabinhos Felizes com idosos 1 ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Projeto Rabinhos Felizes no Lar Redentor / Divulgação: SUIPA
Rabinhos Felizes criancas 2 ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Projeto Rabinhos Felizes na Sociedade Beneficente Anchieta / Divulgação: SUIPA

Diário do Rio – As redes sociais têm sido utilizadas como espaços de defesa da dignidade dos animais. Nelas são divulgadas ações por parte de protetores individuais e por parte de instituições. Como o senhor avalia o uso da internet para ajudar a causa animal?

Marcelo Marques – Existem as instituições oficiais, com CNPJ e sede. E existem também os protetores independentes, que tiram muitos animais da ruas e, por isso, fazem um trabalho importante. Essas pessoas precisam de ajuda financeira para dar conta dos animais. Tem gente séria que faz postagens para pedir recursos para cuidar de um animal doente ou comprar ração, por exemplo. Infelizmente, existem os que são desonestos, que ficam com o dinheiro e não fazem nada pelos animais. Temos os dois lados. Na SUIPA lutamos pelos animais que aqui chegam, fazemos um grande esforço para que eles sobrevivam e tenham uma vida digna. Mas as pessoas não têm acesso à história do animal e do atendimento realizado por nós. Somos criticados porque não mostramos o nosso trabalho. Infelizmente não temos dinheiro para contratar um profissional de mídias digitais e, dessa forma mostrar a nossa superação diária. Esse tipo de divulgação seria muito importante para nós, pois a SUIPA é uma instituição que sobrevive da contribuição dos associados e doações. Contamos hoje com 102 funcionários distribuídos entre a Sede, em Benfica, na Zona Norte; no sítio onde a ex-presidente residia e o qual ela usou como um canil (lá não é um abrigo), em Niterói, de onde estamos retirando os animais aos poucos; e um sitio na região de Itaborai, Região Metropolitana do Rio, em que mantemos os animais de porte grande como cavalos, porcos e cabras.    

Diário do Rio – Qual é a sua avaliação sobre o papel desempenhado pelo poder público no que diz respeito à causa dos animais? Durante o Governo Itamar Franco (1992-1995), a SUIPA perdeu os títulos de Utilidade Pública Federal e de entidade filantrópica, retirado pelo então Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Como essas medidas impactaram a Entidade?

Marcelo Marques – Como presidente da SUIPA posso dizer que o poder público nos âmbitos federal, estadual e municipal pouco ou nada nos ajuda. A SUIPA faz um trabalho necessário. Deixamos de ser considerados uma entidade filantrópica porque no entendimentos das autoridades de então não ajudamos os seres humanos. Ajudamos, sim. Quando tratamos um animal doente, estamos combatendo zoonoses. Ao recolhermos animais das ruas, estamos ajudando a controlar o aumento de bichos perambulando pelas vias e que poderiam causar acidentes ou serem vetores de doenças. Nós cuidamos das pessoas quando fazemos os eventos dos Rabinhos Felizes. Os governos deveriam estar mais empenhados nessa batalha, pois acaba sobrando para todo mundo através da disseminação de zoonoses, como raiva e leishmaniose, por exemplo. Se você acabar com as instituições e os protetores independentes, o caos atual será piorado. Durante a minha gestão nenhum representantes governamental veio até nós. A gestão municipal passada (Marcelo Crivella 2016-2020) em momento algum nos fez uma sinalização sequer. O atual governo (Eduardo Paes), no entanto, tem feito movimentos de aproximação, querendo saber como está a SUIPA. Essa posição decorre da mudança enorme que realizamos durante os últimos 5 anos, com a diminuição de animais abrigados, reformas de canis, de estábulos, melhoramento nos ambientes de convivência dos animais, entra outras medidas. As perdas dos títulos de utilidade pública federal e de filantropia, atual Cebas, nos obrigou a pagar uma série de impostos que não temos condições de pagar, uma vez que vivemos de contribuições e doações. O poder público, além de não nos ajudar ainda atrapalha quem quer nos auxiliar. O empresário que deseja realizar uma doação financeira à instituição, não pode fazê-lo porque não pode deduzi-la em seu imposto de renda. Com a volta do caráter filantrópico da instituição, os empresários vão se aproximar mais da SUIPA de outras entidades de defesa dos animais.

Diário do Rio – O Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) do Rio de Janeiro acionou a SUIPA por atraso no pagamento dos salários dos seus funcionários. Como a entidade tem enfrentado esse desafio?

Marcelo Marque – A receita da SUIPA vem dos associados. A crise econômica do Brasil afeta todo mundo. A Suipa já vinha com problemas financeiros há anos. À medida que o tempo foi passando, as coisas pioraram porque os custos aumentaram e arrecadação diminuiu. Veio a pandemia e com ela não podemos mais fazer eventos. Muitos negócios encerraram as suas atividades, e com isso muitos dos nossos associados perderem os seus empregos, diminuindo a nossa base de contribuição. Esses são alguns dos motivos pelos quais atrasamos os salários dos nossos funcionários. Ainda assim estamos nos esforçando para honrar todos os compromissos à medida que os recursos entram em caixa.  A SUIPA está sempre berrando por ajuda.

Diário do Rio – Em 2019, a sede da SUIPA, bem como todo o seu acervo foram tombados como patrimônio histórico e cultual do estado do Rio de Janeiro. Qual é o impacto dessa medida na vida da instituição?

Marcelo Marques – Há algum tempo queriam tirar a SUIPA de Benfica para fazer um parque para a comunidade. A partir de então começamos a luta para que isso não acontecesse. A aprovação do projeto de Lei 3116/2014, de autoria do Deputado Paulo Ramos (PDT) pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), determinando o tombamento da nossa sede como patrimônio histórico e cultual do estado do Rio de Janeiro, tornou muito mais difícil a nossa retirada daqui.

Diário do Rio – A pandemia de Covid-19 gerou um caos no mundo inteiro. Como ela afetou a SUIPA?

Marcelo Marques –  Registramos um número maior de abandonos. No início, as pessoas estavam assustadas, achando que os animais poderiam transmitir a Covid-19. Demorou um pouco para a população se acalmar e entender que isso não acontecia. É importante ressaltar que, nesse período, o número de adoções também cresceu, em decorrência do isolamento social. O nosso medo é quando acabar o isolamento, se esse animal vai ser abandonado de novo.

Campanha de adocao ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Campanha de adoção em frente ao antigo prédio da TV Manchete, na Glória, Zona Sul do Rio / Divulgação: Instagram Suipa

Diário do Rio – A SUIPA está localizada em Benfica, na Zona Norte do Rio, uma região considerada violenta. Como isso pode afetar a Entidade e os cuidados com os animais?

Marcelo Marques – Nós temos uma relacionamento muito com a comunidade. Somos respeitados por todos. Às vezes, quando há conflitos e fechamento da Av Suburbana e ruas próximas, os funcionários não podem vir. Quando ocorrem tiroteios os cachorros ficam agitados, pois têm uma audição sensível. Isso gera um grande estresse entre eles, que acabam brigando. Infelizmente, alguns deles vem à óbito. Além disso, esse contexto gera medo nas pessoas que evitam vir aqui. Por isso, fazemos eventos itinerante aos sábados, para levar a SUIPA aos que não podem vir à nossa sede.

Diário do Rio –  Existe a possibilidade de a SUIPA encerrar as suas atividades?

Raquel Lopes Rocha Superviroa Veterinaria 1 ‘O poder público aplaude a SUIPA, mas não ajuda a SUIPA.’
Raquel Lopes Rocha – Supervisora Veterinária da SUIPA / Foto: Patricia Lima

Marcelo Marques – Se depender da compaixão (muito emocionado) e do amor, não. Estou sendo bombardeado o tempo todo com denúncias que não se justificam e que não são provadas, pois fazemos tudo dentro da legalidade. Eu e muitos funcionários que trabalham aqui vamos sempre lutar pela SUIPA. Eu não tenho nada a esconder. Existe sempre uma minoria que gera problema. A SUIPA é uma ONG, quem trabalha aqui deve ter clareza sobre o propósito da instituição, que é o amor aos animais. Caso alguém não esteja satisfeito, deve procurar um local com outro perfil. A SUIPA não é um empresa privada, fria. É claro que os funcionários têm que receber os seus salários, e nós os temos pago à medida em que os angariamos recurso. Eu não sou um gigante mas vou lutar como sempre lutei. Nós fizemos muitas melhorias e ninguém fala nisso. Uma pessoa que ama os animais não faz uma denúncia vazia porque em algum momento se sentiu contrariada. Isso afugenta contribuintes. E uma situação que já é ruim, fica pior.

Diário do Rio –  Vivenciando o cotidiano de uma entidade que resgata e cuida de animais vítimas de abandono, maus tratos e, até mesmo tortura. Qual é a sua opinião sobre a humanidade?

Marcelo Marques – Tenho que entrar um pouco no mundo da fé. O seres humanos estão aqui para evoluir. Isso aqui é uma escola. Certa vez eu ouvi uma frase de Mahatma Gandhi que dizia que nós somos a soma de todos e tudo o que existe, de forma que quando dou um tapa no outro, estou batendo em mim mesmo. Quando você faz um mal, ele volta para você. O fato de a humanidade estar mais ecológica é uma evolução. Temos que cuidar dessa casa em que vivemos.  Se não tivermos mais arvores, como vai ser? Eu não acho que quem não come carne seja superior a quem come. O que acho maldade é você torturar animais, fazer farra do boi, rodeio e vaquejada, por exemplo. Certa vez, ouvi uma juíza da Região Sul dizer que a prática de esporte, em que apenas uma das partes concorda, não é esporte. É covardia. É isso o que o nós fazemos com os animais.

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