ONGs driblam falta de apoio financeiro enquanto maus tratos de animais avançam no Brasil

Protetora de animais Chris Neri recebe diariamente 2 mil pedidos de ajuda para resgate

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Chris Neri. Foto: Divulgação

O Brasil tem quase 185 mil animais abandonados ou resgatados após maus tratos sob a tutela de organizações não governamentais (ONGs) e grupos de protetores. Desse total, 96% (177.562) são cães e 4% (7.398) são gatos. As estatísticas são do Instituto Pet Brasil (IPB), realizado com 400 ONGs do país que trabalham no acolhimento dos bichos. Uma luta diária que a protetora e resgatista de animais Chris Neri, do instituto que leva seu nome, conhece há 17 anos, desde que passou a fazer desse trabalho voluntário sua missão de vida. “Aqui, no Instituto Chris Neri, recebemos, por dia, mais de 2 mil pedidos de ajuda, que chegam por meio das redes sociais. São pedidos de socorro a maus tratos, abandono, resgates e auxílio veterinário, inclusive de animais silvestres, visto que não há um hospital público no Rio de Janeiro.”

Nascida no Rio de Janeiro, Christiane Batista Neri, a Chris Neri, orgulha-se do trabalho pioneiro que faz no Estado. Como costuma dizer, ela começou a resgatar animais desde que se entende por gente e ainda está longe do que considera ideal. “Se eu pudesse, atuava em todas as demandas que recebo, mas como ela é gigante, é impossível, então vamos fazendo o que podemos.”

Diariamente, Chris Neri arregaça as mangas e sai em defesa dos animais. Cada operação de denúncia de maus tratos envolve uma força-tarefa, é feita na forma da lei e é transparente, com divulgação nas redes sociais da ativista, que tem mais de 730 mil seguidores. “É uma megaoperação. Além da minha equipe, aciono todas as autoridades competentes pertinentes àquela situação. Exemplo: tem casos em que, além da Polícia Civil, preciso da Vigilância Sanitária ou mesmo da Comlurb, devido à insalubridade do local. Então, depende de cada tipo de ação que faço, mas sempre em parceria com a Polícia Civil e a Delegacia de Meio Ambiente.”

Todos os resgates são marcantes para a protetora Chris Neri. Mas um recente foi o da cadela Laika, feito há mais ou menos 30 dias. “Ela é uma pitbull que pesava apenas 9kg. Como pode??? Vizinhos me relataram que tentavam alimentá-la e os tutores não deixavam e a bichinha chegou a desmaiar. Laika ia morrer se a gente não tivesse chegado a tempo. Isso é revoltante e dói demais ver um animal nessa situação, assim como todos os outros, animais acorrentados, torrando no sol, que também vira e mexe estamos resgatando.”

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Sem contar com nenhuma verba pública, mas dos seguidores que ajudam a manter o trabalho social, a protetora de animais tem mantido o Instituto Chris Neri. Ela também tem a clínica veterinária, que presta atendimento a preços populares, mas também socorre gratuitamente os animais de tutores de comunidades carentes.

“Das 8h até as 16h, a consulta é R$39 e o hemograma, R$50, que é o básico a que todo animal deveria ter direito em um atendimento. Mas, presto também atendimento gratuito a quem não tem nenhum recurso, o que infelizmente, não consigo fazer em grande demanda, devido à limitação financeira. Sem apoio governamental, vivo na corda bamba, como todas as ONGS e demais protetores.”

 A Protetora participou da Lei Sansão e sonha com um mundo ideal para os animais.

Chris Neri lutou, na linha de frente, em Brasília, acompanhando as votações, para a aprovação da Lei Sansão (14.064/20), que aumentou a pena para maus tratos a cães e gatos. Desde então, o crime passou a ser punido, com reclusão de dois a cinco anos (antes eram 3 meses a um ano), multa e perda da guarda do animal pelo tutor.

Mas, os sonhos da causa animal não terminam por aí. Segundo Chris Neri, há mais direitos a serem conquistados para os resguardarem. “Sonho com um mundo mais justo para eles, onde tivéssemos mais programas de castrações em massa. Esse é um dos principais pilares da causa animal. Com a castração, evitaríamos que ninhadas nascessem nas ruas e em colônias e, consequentemente, fossem submetidas a crueldades, além de atropelamentos, envenenamentos, agressões, etc. Não há lares para todos, mas meu sonho é que eles tivessem uma família amorosa para cuidar deles. Enquanto isso não acontece, que pelo menos que fossem vistos com seres que sofrem, sentem dor, frio e fome e, por isso, merecem respeito”, conclui a ativista da causa animal, que é candidata a deputada federal.

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1 COMENTÁRIO

  1. “(…) Sem contar com nenhuma verba pública, mas dos seguidores que ajudam a manter o trabalho social (…) Sem apoio governamental, vivo na corda bamba, como todas as ONGS e demais protetores. (…)”

    Nada de errado aí, muito pelo contrário: a ONG está rodando como deve ser, totalmente independente. Como uma instituição não-governamental, ela não deve contar com governos, não deve receber verba pública! Isto é saudável por princípio e deve ser assim por mais nobre que seja a função a que ela se proponha fazer. Rogo à população fluminense que faça doações privadas à instituição.

    É ótimo que as ONGs se mantenham por si sós, via doações privadas. Os relacionamento de ONGs com Governos via de regra causam desgraça, malversação de recursos públicos, politicagem barata e perda de credibilidade das instituições não-governamentais.

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