Após dar um prejuízo de R$ 12 milhões aos traficantes de drogas, a Operação Maré, iniciada nesta segunda-feira (9), foi considerada bem-sucedida pela governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). A incursão resultou na apreensão de cem quilos de pasta base para refino de cocaína, avalida no valor acima citado; além de meia tonelada de maconha.
A Operação contou com a participação de aproximadamente mil agentes civis e militares, que atuaram no Complexo da Maré, na Vila Cruzeiro, na Zona Norte; e na Cidade de Deus, na Zona Oeste da capital. A Força de Segurança realizou nove prisões, apreensão de carros e motos roubadas, além da retirada de 29 toneladas de barricadas das ruas.
No fim desta tarde, Cláudio Castro reuniu-se com os secretários de Polícia Civil, José Renato Torres; de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Pires, e de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca Nebel, para fazer um balanço da Operação Maré que, segundo ele, representou a “maior ação de combate às máfias” disseminadas pelo território fluminense. Castro aproveitou a ocasião para parabenizar as lideranças policiais à frente dos seus efetivos.
“Fiz questão de parabenizar as lideranças das nossas polícias na apresentação do balanço parcial da grande ação que realizamos desde as primeiras horas de hoje. Trata-se da maior ação de combate às máfias com uso de tecnologia, aliada à inteligência e à investigação. Só neste primeiro dia, já causamos um prejuízo de pelo menos R$ 12 milhões às facções criminosas. O mais importante: estamos libertando os moradores das amarras do tráfico e da milícia, demolindo barricadas das vias públicas e devolvendo a eles o sagrado direito de ir e vir, em paz. Isso é só o começo, e não recuaremos um milímetro sequer”, afirmou o chefe do Executivo fluminense.
As forças policiais desobstruíram 14 ruas da Nova Holanda, na Maré; e do Parque União, onde foram encontrados um laboratório para refino de drogas e fabricação de materiais explosivos e um local de armazenamento ilegal de medicamentos, drogas e material para preparo de entorpecentes, totalizando meia tonelada de maconha. Os aproximadamente cem quilos de pasta base de cocaína foram achados em um galpão, próximo à Vila Cruzeiro. O material, que foi levado para a Cidade da Polícia, de onde foi encaminhado para perícia, foi descoberto com a ajuda do Batalhão de Operações com Cães (BAC). Quanto às prisões: três foram em flagrante por receptação e seis por mandados de prisões expedidos. Na ocasião, também foram apreendidos 33 veículos, entre motos e carros; fuzis, carregadores, artefatos explosivos e radiocomunicadores.
“Nossos policiais estão usando drones, câmeras portáteis, aparelhos de reconhecimento facial e de placas de veículos, além de viaturas e armamentos de última geração para devolver o território do Complexo da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus aos seus verdadeiros donos, os moradores. Fizemos investimento de R$ 1,5 bilhão nas forças de segurança, o maior da história. Tudo para não permitirmos que mafiosos, sejam eles ligados ao tráfico ou à milícia, transformem aquelas regiões, espaços públicos, principalmente, em centros de treinamento, muito menos que continuem aterrorizando famílias e usando crianças como escudos”, declarou Cláudio Castro.
O início da Operação Maré foi tenso para a polícia, que teve dois helicópteros atingidos por tiros. As aeronaves fizeram pousos de segurança, na Penha, para a verificação das avarias. Um policial foi ferido, sem gravidade, por estilhaços.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) apreendeu 58 celulares em unidades prisionais, 34 deles em Bangu 3 e 24, em Bangu 4, além de um quilo de entorpecentes. Participaram da operação 250 inspetores. A finalidade da operação é a desarticulação do comando das facções nas favelas fluminenses, além de realizar bloqueio do sinal de celulares nos presídios.
Relaxa, galera, isso é só teatro pra dar uma satisfação à sociedade pela morte dos médicos semana passada. A organização criminosa vai continuar lá, arrumadinha, direitinho, fazendo o que sempre fez, do jeito que tem que ser.
Para quem não entendeu, facções de crime organizado só existem e se mantêm graças ao beneplácito do poder público, que por sua vez é controlado pelos grandes milionários. Essas quadrilhas atuam como uma espécie de ferramenta política: quando um determinado grupo político ascende ao poder, o outro quer derrubá-lo de todo jeito, e um dos métodos utilizados é a criminalidade urbana. Quando o discurso político não surte efeito, apela-se para a baixaria a fim de alarmar a população. Esta, por motivos óbvios, tem medo da violência urbana. As quadrilhas de crime organizado são usadas como válvula de controle desta violência urbana, que é aberta ou fechada de acordo com a conveniência e o momento políticos.
População amedrontada é facilmente manipulada. E é muito fácil derrubar a popularidade de um governo ou grupo político quando se tem controle de uma facção de crime organizado. É só mandar a marginália para a rua tocar o terror. Não há governo que resista.