Por Cláudio André de Castro *
É bem interessante como Irajá e adjacências tem visivelmente um cuidado maior da Prefeitura, do que outros bairros adjacentes. Poucos reconhecem, mas a verdade é que isso é fruto do peso político da dinastia Fernandes, da vereadora Rosa Fernandes, que atua diariamente cobrando as autoridades municipais, exigindo consertos em praças, postos de saúde funcionando, um pouco mais atenção para a conservação e pro comércio. Tá bem, a Zona Norte precisa de muito mais cuidado, e Irajá não é uma ilha de perfeição, mas não existe como não reconhecer a importância do clã para o cuidado superior (aos vizinhos) que o bairro tem tido há décadas. Nós, amantes e moradores do Centro, temos uma Câmara de Vereadores inteira, mas não temos um vereador.
Quando, junto com outros empresários apaixonados pelo Centro, encontramos o atual prefeito logo após sua posse, e reclamamos do estado das coisas no mais importante Centro Histórico do país, ele mandou puxar rapidinho como andavam as reclamações no 1746 sobre os problemas da região que a gente estava apontando. A surpresa veio a galope e deu argumentos a Paes: quase nada do que narrávamos havia sido denunciado. Nós então notamos que, por ter a região do Centro Histórico poucos moradores, não existia a dona Mariazinha que fica telefonando toda hora pra reclamar de lampião queimado, nem a dona Cocotinha que telefonava insistentemente pra reclamar de um buraco na rua, um meio fio arriado, ou uma colônia de mendigos defecando na porta de uma loja aberta. Desta conversa surgiu o embrião que levou à fundação da Aliança Centro Rio, que hoje congrega proprietários e comerciantes na primeira iniciativa privada do país a monitorar a zeladoria de um bairro, geolocalizar cada problema e realizar a denúncia à autoridade, controlando os percentuais de solução e sucesso da autoridade pública.
Nesta atuação, saltou aos olhos o fato de que embora tenhamos vereadores que apóiem e colaborem com a importante causa da revitalização do Centro do Rio e da reocupação de áreas que já possuem infraestrutura há séculos, o Centro não é um bairro com representação na Câmara; não temos um vereador que se dedique à revitalização da região exclusivamente, e que tenha conhecimento prático dos problemas e desafios do Centro Histórico, da Glória, da Gamboa, do Caju, das favelas da região e de Santa Teresa. Pra isso é preciso alguém que tenha vivido as agruras de efetivamente resolver problemas com camelotagem ilegal, milícias de estacionamento irregular, trupes de invasores de imóveis profissionais, sem contar a parte do embelezamento, da infraestrutura e o trabalho pelo turismo na região, que é sem dúvida tão bela quanto Lisboa, Salvador ou Macau, cidades do meu coração e que tem grandes semelhanças históricas com o Rio. Temos bons vereadores que apoiaram o Reviver Centro, mas o Centro precisa se um vereador pra chamar de seu. Um fiscal, um andarilho, um cara que saiba brigar quando tem que brigar, apaziguar quando tem que apaziguar, fazer política quando tem que fazer política – afinal é assim que se consegue as coisas no legislativo.
Por isso precisamos de alguém que além de ser atuante e corajoso, esteja realmente conectado com a revolução que vem sendo feita no Centro da Cidade, antenado com o Reviver Centro, com o Reviver Cultural, com a rua da Cerveja, com a vinda dos residenciais, com a melhora da conservação, da iluminação e com a valorização da cultura que inspírou o planejamento e construção de alguma das maiores pérolas da arquitetura mundial. Infelizmente o Brasil não tem o voto distrital. Mas diversos bairros têm e tiveram grandes defensores permanentes. Mas o Centro Histórico, por ter virado durante décadas apenas um local de trabalho, não tinha ninguém. Hoje, temos a figura do Alberto Szafran, nascido e criado em Santa Teresa, e que na posição de subprefeito atuou de forma permanente, persistente e altamente benéfica para a região que mais pode trazer turistas, divisas, moradores novos e destaque para o Rio de Janeiro, saindo de uma decadência histórica e embarcando numa espiral de mudança jamais vista no país. Depois da posse de Alberto, o percentual de reclamações da Aliança atendidas pela municipalidade subiu de 20% pra 81%, em um ano. Claro que há muito a fazer. Sabemos que a situação – dos escritórios por exemplo – é difícil. Mas a vinda paulatina dos novos habitantes para as quase 15.000 novas unidades residenciais lançadas na região, o reavivamento da atratividade turística de regiões como a Praça Mauá, o Largo de São Francisco da Prainha, a Selaron e a Praça XV são realidades absolutamente confirmadas e que, com o devido acompanhamento e fiscalização da zeladoria e da ordem pública, vão atrair mais e mais vitórias.
Alberto é um cara disponível, fala como todos os públicos, compreende as dores do morador, do pequeno empreendedor e de quem investe na região Central. Ele conseguiu com boa taxa de sucesso mediar interesses conflitantes (bares e moradores que reclamam do barulho, por exemplo). Compreende as minúcias de uma área que luta com a falta de titulação de alguns imóveis e as invasões, e ainda que entenda que sem ordem e organização a região não vai pra frente, sabe agir com parcimônia quando há que se compreender que o sol não nasceu pra todos. Além de ser uma escolha clara e que deveria ser óbvia pra quem mora e trabalha no Centro do Rio, é também um voto de opinião para quem já entendeu que revitalizar o grande Centro é uma necessidade econômica da Cidade, uma vantagem ambiental – aproveitar o que já existe é mais verde do que criar novos bolsões residenciais desmatando as matas ou colocando as pessoas cada vez mais longe, uma iniciativa cultural de proporções jamais vistas na cidade, e um atrativo turístico único (turismo cultural, religioso, gastronômico, histórico e paisagístico!).
Por isso, ainda que haja outros vereadores que têm defendido o Centro – e que por sorte tem votação expressiva em vários cantos da cidade – chegou a hora de a região ter um vereador para chamar de seu, ainda mais quando se vê a possibilidade real de reeleição do prefeito que mais apostou no berço cultural da civilização brasileira em muitas décadas: vamos juntar a fome com a vontade de comer, e fazer valer a grana e esforço que a prefeitura tem investido aqui. Essa tarefa de eleger nosso próprio vereador num bairro com poucos moradores requer grande mobilização, cuidado e dar publicidade à ideia. Por sorte, a Cidade já entendeu que o Centro é o caminho do desenvolvimento; agora temos que mostrar que este desenvolvimento precisa ser liderado de dentro da Câmara por alguém que atue exclusivamente no interesse da região. Iniciativas como a revisão dos valores de IPTU – absurdamente inflados e irrealmente avaliados desde 2017 – precisam ser combatidas diariamente por um vereador que represente a região, por exemplo.
- * Cláudio André de Castro é membro fundador da Aliança Centro Rio, Vice-Presidente do Distrito Empresarial do Porto, Conselheiro Diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Presidente do Conselho de Renovação do Centro, Provedor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, Mordomo dos Prédios da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Diretor da Sergio Castro Imóveis, Superintendente do Shopping Paço do Ouvidor e atua na região desde 1996.
Não é necessário o Centro ter moradores para acionar o 1746. Qualquer cidadão pode acionar o serviço. E os proprietários de salas e lojas impactados por algum problema também. Mas, se o alcaide “puxou os dados” e nada viu, mostrou que os donos de imóveis não viam problema. Por que? Com a palavra os proprietários…Chato e que no jornal são mostradas ações das alianças, de executivos, de associações todas em prol do Centro. Tanta energia…Sem retorno! Falta ação efetiva, muita mídia “fumaça” ou não tem força real pra chegar aos gabinetes? Chegou a eleição, carioca, e o gosto amargo está na boca. Há 4 anos atrás contrataram via voto os patrões da cidade, e pouco ou nada fizeram por ela. Centro incluído. Agora vão reconduzir os patrões de novo. Achar que fazendo a mesma coisa vão conseguir resultado diferente, desculpem a sinceridade, é burrice…Uma pena.