“Os bandidos são sempre os mesmos”: Taxa de reincidência criminal chega a 42,66%

Dados levantados pela Polícia Militar sobre roubos e furtos destacam área do 2º BPM (Botafogo) entre os demais locais analisados e especialistas apontam impunidade como facilitador

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O ano não acabou, mas um estudo da Polícia Militar mostra claramente que a reincidência criminal para crimes como furto e roubo se apresenta como um grave problema: os bandidos são quase sempre os mesmos. O levantamento, feito desde o início do segundo semestre e deve ser fechado com o fim de dezembro, já mostra uma impressionante taxa de reincidência de 42,66% entre os presos, nas duas modalidades criminais, até novembro, nos bairros de Botafogo, Flamengo, Laranjeiras, Largo do Machado, Catete, Glória e Humaitá, abrangência do 2º BPM (Botafogo).

Bairros com o metro quadrado mais caro do Rio, Leblon e Ipanema possuem o segundo maior percentual nas áreas estudadas: somados aos bairros de São Conrado, Gávea e Jardim Botânico, que também compreendem a área do 23º BPM, a taxa de criminosos que são presos após já terem praticado crime atinge 36,56%, também acima da média, de 30,92%, calculada somando dados das áreas analisadas pelo estudo, que ainda incluíram as regiões do 5º BPM (Centro) e 19º BPM (Copacabana), além dos dois batalhões da Zona Sul.

Palco da maior queima de fogos da cidade e que possui maior concentração de turistas, Copacabana e Leme estão um pouquinho melhor neste quesito: atingiram 30,94% de taxa de reincidência criminal enquanto o Centro, na área do 5º BPM, o índice corresponde a 26,13%, fruto do trabalho competente do atual comando, que vem reduzindo a mancha criminal do Centro mês a mês, apesar da fama que reverbera na maior parte da imprensa. O impacto da criação de uma companhia que funciona nas instalações da Santa Casa de Misericórdia, com efetivo de 160 policiais tem ajudado neste panorama.

Ex-secretário de Segurança Pública e estudioso no assunto, Roberto Motta acredita que a culpa está na Lei. “A reincidência é um problema conhecido no mundo todo, mas no Brasil está fora de qualquer proporção, porque a legislação penal não consegue manter os bandidos presos”, adverte.

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Áreas de maior poder aquisitivo costumam apresentar maior taxa de reincidência do que as demais para furtos e roubos

Na mesma vertente de Motta, está a deputada Índia Armelau, que integra a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa no Rio. “Os números mostram que a polícia cumpre bem a missão ao prender, mas as falhas e brechas na legislação contribuem para a impunidade. É preciso leis mais duras para garantir o encarceramento, além de políticas efetivas de reinserção no mercado de trabalho para os apenados”, afirma.

Comandante do 5º BPM (Centro), Silvio Pekly, ressalta que é fundamental a população registrar cada delito para o melhor monitoramento das ocorrências e identificação dos criminosos. “O registro é importante, pois facilita nossa identificação dos locais onde se apresentam as manchas criminais. Aqui no batalhão (Praça da Harmonia) também fizemos um estudo de reincidência no primeiro semestre, mas de qualquer passagem criminal, a porcentagem foi de 57%. O mesmo indivíduo que rouba hoje tem sim um grande potencial de se transformar em autor de latrocínio (que é o roubo seguido de morte)”, enfatiza. É preciso conscientizar a população da grande utilidade do registro policial. “Os bandidos são sempre os mesmos”, dispara Valdemar Barbosa, gerente do Shopping Paço do Ouvidor, no Centro: “sabemos que os que circulam por aqui moram no Parque União e até a hora que cometem assaltos”.

Líder da bancada do PL na Alerj, o deputado estadual Anderson Moraes classifica a atuação da polícia como “enxugar gelo”, caso não aumentem as sanções punitivas. “Se um bandido utiliza uma faca para cometer furtos e por várias vezes ele é detido e liberado em seguida, é lógico que em algum momento aquela faca acabará tirando a vida uma vítima, pois a certeza da impunidade faz com que o criminoso se sinta cada vez mais forte. Temos a melhor polícia do mundo, os dados comprovam isso. Mas, a reincidência nesses delitos é a prova de que os marginais já não temem mais as leis e seus agentes. Ou escolhemos uma dura sanção que gere efeito pedagógico a quem pense em cometer um crime, ou a polícia continuará enxugando gelo e o povo pagando a conta. É necessário abrir mão das amarras ideológicas e políticas em nome do bem-estar da sociedade de bem, deixando claro que uma das funções da aplicação da pena é punir”, mobiliza Moraes.

A mesma teoria de enxugar gelo é do vereador Rogério Amorim (PL), que preside a Comissão de Segurança na Câmara dos Vereadores. “Existe uma visão esquerdista de que o bandido, o marginal, é “herói” antissistema, e por isso não conseguimos avançar com leis mais duras. Isso fora o excesso de complacência com os crimes praticados por menores infratores. Se somar a isso a paralisia do município em relação à Segurança Pública, temos um quadro de caos que será difícil de mudar”, critica.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

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