Nesta quarta-feira (13/11), o Centro do Patrimônio Paço Imperial, unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na Praça XV, abre as portas para um novo bloco de exposições, reunindo quatro mostras que reúnem arte contemporânea, patrimônio cultural e a valorização de novos talentos. As exposições “Entre Nós”, “Frente a Frente”, “Iluminações Poéticas” e “Formação 2024” combinam estilos e temas variados.
“Nesse conjunto de exposições, o Paço Imperial mais uma vez reúne projetos de diferentes origens, da arte contemporânea saudita, que pela primeira vez é mostrada no Brasil, à produção de artistas recém-formados pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Também teremos exposições de artistas contemplados pela Bolsa ZUM, promovida pelo Instituto Moreira Salles, e do renomado artista Cesar Oiticica”, comenta a diretora do Paço Imperial, Claudia Saldanha.
Com entrada gratuita, as quatro mostras estarão abertas ao público até fevereiro de 2025, de terça a domingo, das 12h às 18h.
“Entre Nós”
Organizada pelo Instituto Moreira Salles, a exposição “Entre Nós” apresenta cerca de 200 obras comissionadas pela Bolsa ZUM/IMS, destacando temas como ancestralidade, deslocamentos migratórios, desafios ambientais e as complexas tramas da identidade. Com trabalhos de 20 artistas e coletivos, incluindo Aline Motta, que explora memórias e apagamentos ligados à travessia atlântica em “A água é uma máquina do tempo”, e Glicéria Tupinambá, que aborda a recuperação dos mantos sagrados Tupinambá, a mostra convida o público a uma reflexão sobre a herança e a resistência cultural.
“Através de múltiplos olhares, essa exposição revela a potência da imagem e de sua relação com temas sociais urgentes. A diversidade dos suportes e temas cria uma experiência envolvente que traz o passado para o presente, permitindo uma reflexão mais ampla sobre o papel da memória na sociedade contemporânea”, comenta Thyago Nogueira, curador do IMS.
“Frente a Frente”
Em “Frente a Frente”, o artista César Oiticica, único integrante vivo do Grupo Frente, revive a força do movimento construtivo brasileiro. A exposição exibe 20 obras inéditas ou pouco vistas do artista, além de relevos espaciais recentes que exploram a tridimensionalidade e a cor de forma intensa. Com curadoria de Paulo Venancio Filho, a mostra reúne obras criadas nos anos 1950, durante o auge do Grupo Frente, assim como novos trabalhos que refletem a continuidade de sua pesquisa plástica.
“O Grupo Frente marcou uma ruptura significativa na arte brasileira, apresentando uma visão lúdica e inovadora da forma e da cor. Retomar essas obras permite resgatar um momento revolucionário na nossa história artística e revisitar os conceitos que ali nasceram”, afirma Oiticica, que se vê como um “guardião” da arte construtiva.
Os desenhos e relevos exibem a singularidade do movimento, que abriu caminho para o neoconcretismo, trazendo ao público o que o curador chama de “polirritmia estrutural”, na qual cores e formas dialogam em uma construção visual que transcende o espaço bidimensional.
“Iluminações Poéticas”
A exposição “Iluminações Poéticas” marca a estreia da primeira mostra itinerante de arte contemporânea saudita no Brasil, revelando ao público brasileiro um pouco do cenário artístico do Reino da Arábia Saudita. Com curadoria de Diana Wechsler, a exposição exibe 25 obras de 17 artistas sauditas, abordando temas como simbolismo cultural, deserto, identidade e questões ambientais. A instalação The Ground Day Breaks, de Muhannad Shono, ocupa o pátio interno do Paço Imperial com uma imensa obra de areia, remetendo à finitude e ao ciclo da vida.
“Iluminações Poéticas busca romper barreiras culturais, trazendo ao Brasil um novo olhar sobre a riqueza da cultura saudita e seu diálogo com o presente”, destaca Mona Khazindar, conselheira do Ministério da Cultura da Arábia Saudita.
A mostra, que após o Rio de Janeiro seguirá em turnê internacional, oferece ao público uma imersão na cultura saudita por meio de uma diversidade de suportes, como vídeo, neon, instalações têxteis e fotografias. Cada obra expõe as complexidades e os contrastes de um país em transformação, oferecendo uma rara oportunidade de conhecer a expressão artística contemporânea do Oriente Médio.
“Formação 2024”
Fechando o circuito, a exposição “Formação 2024” apresenta as criações de 20 formandos do curso de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Com curadoria de professores e participação ativa dos alunos, a mostra destaca a diversidade de abordagens e técnicas desenvolvidas durante a graduação, como pintura, escultura, instalação e vídeo. Além disso, a exposição inclui um programa educativo liderado por alunos de licenciatura e um catálogo crítico assinado por estudantes de História da Arte.
“O contato com o público e a crítica neste espaço emblemático do Rio é fundamental para os alunos, pois reforça o valor do trabalho coletivo e da inserção na cena cultural da cidade”, afirma a professora Maria Moreira, coordenadora do projeto.
As obras abordam temas identitários e sociais, como questões de raça, gênero e luta por igualdade, refletindo a diversidade e a intensidade da produção artística jovem no Brasil. Além da exibição, os alunos terão a oportunidade de defender publicamente suas monografias no Paço Imperial, o que promete ampliar o diálogo com a sociedade.
Serviço:
Inauguração: 13 de novembro de 2024
Visitação: 13 de novembro a 2 de fevereiro de 2025 – Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h
Local: Paço Imperial – Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Endereço: Praça Quinze de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Entrada gratuita