O bairro de Inhaúma já conheceu épocas de maior segurança. Mas ainda assim, tem uma comunidade católica bastante arraigada, que vive em torno da paróquia local, na Praça 24 de Outubro: São Tiago de Inhaúma. Além da concorrida festa de São Tiago, todo mês de julho, a Igreja Católica da região é muito frequentada tanto pelos idosos quanto pelos jovens.
Há alguns anos assumiu a paróquia o Padre Alexandre Tarquino, em substituição ao Padre José, que conduziu por décadas aquela congregação. E, aos poucos, o novo padre se tornou uma espécie de celebridade do bairro. Bonachão, agradável, de fala mansa, conquistou a todos – e sabe-se bem como é difícil ocupar o lugar de alguém tão querido e longevo como foi o pároco anterior. Com o novo padre, veio um novo gás, e a paróquia se modernizou também, “sob nova administração”, mas sem perder o amor às tradições católicas. Uma nova capela foi inaugurada, e as missas com direito a turíbulos, cantores líricos e procissões de entrada foram reintroduzidas, sem deixar de lado os jovens.
Só que agora, em tempos de quarentena, a Igreja está fechada, como todas. Mas o Padre Tarquino não sossegou com isso. Num momento em que a Igreja Católica doou 10 milhões de euros para o combate à COVID-19, e que os padres só conseguem estar com os fiéis fora das igrejas, o padre decidiu ir às ruas.
Mesmo em tempos de pandemia, o Padre paramentou-se todo – e sabemos como é quente o sol daquela área da cidade – e pegou o ostensório com a hóstia sagrada (o “santíssimo sacramento”, que para os católicos é a verdadeira presença de Jesus Cristo) e saiu pelas ruas, por horas e horas a fio, abençoando toda a comunidade, na caçamba de um carro. “Esforço heróico, quase três horas caminhando por toda área paroquial“, disse Márcia Maria Neves, uma das frequentadoras da Igreja de São Tiago. Outra fiel, Amélia Gomes, não se conteve: “Que momento gratificante a presença do santíssimo sacramento em nosso bairro de inhaúma“.
A jornada do Padre Tarquino por Inhaúma foi bem recebida por todos. Enquanto o carro passava pelas ruas, os poucos fiéis que estavam nas ruas se ajoelhavam, e outros, de suas janelas, em quarentena, acenavam, agradeciam e comemoravam. Segundo moradores, parecia uma “época mais antiga e bonita” do bairro, que passou a sofrer com a insegurança há muitos anos. Uma senhora evangélica acenou animada para o padre. Entrevistada pelo DIÁRIO, disse: “sou batista, mas Deus é um só e senti ele ali, não põe meu nome não”, desconversou.
“Em quase onze anos de sacerdócio, nunca tinha vivido tempo tão intenso com tantas emoções em um único dia. Quantas lágrimas, sorrisos, solidão, devastação…”, disse Tarquino, que é um padre jovem. Não deve passar dos 40. Tarquino também tem celebrado missas online, via Youtube e Facebook. O padre terminou com uma mensagem em que até este estagiário ateu quer acreditar: “Deus não nos abandona”.
[…] Alexandre Tarquino, que recentemente, levou a Igreja aos fiéis nas ruas de Inhaúma. […]
Fantástica atitude, de cunho humanitário
Saudades de tudo o que vivi nessa Paróquia. Cantemos e interpretemos o hino de São Tiago, soldados de Cristo, campeão na vitória. Em tempo de guerra, de peste ou de morte, com teu braço forte defende esta terra. #meemocionocomessamúsica
Sou ateu mas respeito ela fé do próximo e admiro a atitude
Que beleza! Parabéns ao padre Tarquino! Exemplo para os padres do mundo inteiro!