Palacete de Mandiquera, em Quissamã, vai desabar a qualquer momento

Após a ventania do dia 9 para 10 de abril, o telhado colapsou. As escoras foram roubadas em 2017 e o palácio-símbolo da era de ouro do Norte Fluminense pode desabar a qualquer momento.

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Foto: Claudio Prado de Mello

O DIÁRIO DO RIO recebeu a denúncia de que o Palacete (ou Solar) de Mandiquera, em Quissamã, encontra-se em uma situação de abandono e quase ruína. Após a ventania do dia 9 para 10 de abril, o telhado do quarto do Conde de Araruama colapsou e parte do que restava da decoração foi destruída. A bela construção era sede da fazenda de mesmo nome, e é um simbolo da era de ouro no Norte Fluminense.

Segundo a denúncia, está sendo preparada uma Representação para o Ministério Público, à Comissão de Cultura da ALERJ e à Procuradoria Geral do Estado, para pedir por atenção imediata ao importante patrimônio, que está sofrendo com o descaso. Alguns crêem que a destruição do bem cultural é proposital. O imóvel é tutelado pelo INEPAC, órgão de patrimônio estadual conhecido por sua inação, precariedade e falta de verbas.

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A linda fachada do Solar, com o majestoso chafariz – Foto: ipatrimonio

O lindo imóvel havia sido escorado e coberto pela prefeitura de Quissamã, mas agora se encontra novamente em estado de total abandono. Segundo fontes, anos atrás os donos teriam quase fechado a venda do palacete por 600 mil reais à Prefeitura, mas teriam mudado de idéia e isto inviabilizou o negócio. O imóvel chegou a ser locação de filmes e novelas.

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Em 2017 as escoras colocadas pela prefeitura desapareceram, o que para especialistas significa uma tentativa proposital de fazer o imóvel desabar. A cobertura colocada em 2008, para protegê-lo da chuva, já está totalmente deteriorada e não serve a função alguma.

Construído em 1875, o solar da Fazenda Mandiqüera, em Quissamã, no Norte Fluminense, é um bem do patrimônio histórico do Estado do Rio que foi tombado no mandato do governador Sérgio Cabral. Construído em estilo neoclássico, o casarão pertenceria a particulares e está sob ameaça iminente de desabamento. O acabamento marmorizado de suas paredes internas é de uma beleza ímpar. Um leilão de arte foi realizado no Rio do ‘recheio’ do palácio, que, segundo um antiquário que falou ao DIÁRIO, vendeu todo o acervo a ‘preço de banana’.

A fachada do solar, ornamentada por palmeiras imperiais, foi inspirada no Petit Trianon, vizinho ao Palácio de Versalhes, na França. A construção da sede da fazenda, que tem 13 quartos, foi acompanhada pessoalmente por Dom Pedro II, que depois participou de festas no solar, no ciclo áureo da cana-de-açúcar. O palacete é um exemplo de como era a vida cotidiana da aristocracia imperial no norte fluminense e, se não sofrer intervenção agora, vai desaparecer.

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Placa de obra de escoramento realizada e depois largada pela Prefeitura jaz jogada no chão do local, após o sumiço suspeito das escoras

Segundo o site ipatrimonio, “Com projeto original do arquiteto e empreiteiro alemão Antônio Becker, a sede da Fazenda Mandiquera é um imponente solar em estilo neoclássico. Inaugurado em 1875 por Bento Carneiro da Silva, a edificação é considerada uma obra monumental para os padrões da oligarquia canavieira da época. Além de ter recebido a visita do Imperador Dom Pedro II, a sede da fazenda também foi locação para os filmes O Coronel e o Lobisomem (2005), de Maurício Azevedo, e Deu no New York Times (1987), dirigido por Henfil.”

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3 COMENTÁRIOS

  1. É perda de tempo denunciar ao MP, Alerj ou PGE, são órgãos ínuteis para o povo do Rio de Janeiro, se contribuissem com 0,1% com o orçamento de cada um, esse palacete já tinha sido reformado. Mais a elite judiciaria e legistativa está preocupada com seus auxilios paleto, moradia e outras verbas imorais que nem sabemos que existe. Esquecam o patrimônio historico do Rio de Janeiro, essa elite só está interessada nos palacetes europeus, para postar suas foto no instagram.

  2. Obrigado mais uma vez Diário do Rio e Quintino Gomes Freire por compartilhar nossos apelos e nossas preocupaçoes com o Patrimonio Fluminense. Essa tem sido uma verdadeira LUTA , enfrentando o descaso e preterimento das autoridades ao longo de DECADAS de abandono. Já levei inclusive ao MPE uma denuncia protocolizada presencialmente, mas nao andou ! Na epoca em que estive como Diretor Geral do INEPAC foram muitas vistorias e relatorios encaminhados ao Jurídico do Estado clamando por um PROCESSO PRINCIPAL que fizesse algo pelo bem em decadencia . DE NADA ADIANTOU ! Reuniao com a Prefeita de Quissama, clamando que o bem fosse DESAPROPRIADO e pudesse ser salvo foi feita ! Agora , estamos entrando com uma Denuncia Combinada a varias esferas e todas sabendo que as outras foram acionadas e espero que surta algum efeito ! Mas de fato, o problema de Mandiquera é como dos outros inumeros bens tombados e abandonados … uma Legislaçao DEFASADA , antiga e OBSOLETA que já nao atende as demandas do patrimonio deteriorado . Tambem a inércia de gestores antigos muito contribuiu para esse estado calamitoso que se encontra o Patrimonio Fluminense . De qualquer forma, a LUTA continua sempre e estamos atentos e recebendo pelo BRIGADA DO PATRIMONIO ( 21) 98913 1561 denuncias de incendios, atentados, colapsos e descaso . Obrigado sempre pela sensibilidade em entender a urgencia desse assunto e a gravidade dele . Seguimos a disposiçao e para maiores detalhes e outras fotos faça contato diretamente . Abraço do Claudio

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