m estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) revelou pela primeira vez a presença do verme Angiostrongylus cantonensis, causador da meningite eosinofílica, em caracóis de 26 municípios do Rio de Janeiro, incluindo áreas das regiões metropolitana e centro fluminense. Os resultados, publicados nesta quarta-feira (6) na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, apontam para o risco de infecção humana em determinadas áreas e reforçam a necessidade de cuidados com alimentos crus. Fonte: Agência Bori
Nos humanos, o A. cantonensis é responsável pela meningite eosinofílica, uma doença que atinge o sistema nervoso central e cuja infecção ocorre, principalmente, pela ingestão de caracóis ou lesmas infectados com larvas do parasita. Também é possível contrair a infecção ao consumir alimentos contaminados pelo muco liberado por esses moluscos, como frutas e vegetais.
Incidência do Parasita no Estado
Durante o levantamento, foram analisados 2.600 caracóis, dos quais 230 (cerca de 9%) estavam infectados com larvas do parasita, em 26 dos 46 municípios estudados. Entre os locais identificados com presença de caracóis contaminados estão Rio de Janeiro, Niterói, Nilópolis, Maricá, Nova Iguaçu e Seropédica. Os pesquisadores observaram que esses moluscos, coletados manualmente em áreas urbanas e periurbanas, como parques e terrenos baldios, costumam dividir o habitat com ratos, que são hospedeiros definitivos do parasita.
“Esses locais são áreas com potencial epidemiológico, pois favorecem o ciclo de transmissão do parasita entre os moluscos e seus hospedeiros definitivos, como ratos,” explicou a pesquisadora em saúde pública do IOC/Fiocruz, Suzete Rodrigues Gomes, uma das autoras do estudo.
Espécies de Caracóis e o Avanço do Parasita
A disseminação do A. cantonensis no Brasil nas últimas décadas é associada ao caracol gigante africano Achatina fulica, uma espécie invasora que foi a mais frequentemente encontrada infectada, sendo identificada em 22 municípios do Rio de Janeiro. Publicações científicas já documentaram 40 casos confirmados de meningite eosinofílica no Brasil e mais de 100 casos suspeitos em oito estados, incluindo o Rio de Janeiro.
Apesar da ampla distribuição e alta taxa de infecção do caracol africano, o estudo identificou também outras espécies de moluscos com importância médica. Uma das descobertas foi a presença do parasita no pequeno caracol sinantrópico Leptinaria unilamellata, uma espécie adaptada a ambientes urbanos, sendo esta a primeira vez em que foi registrada a infecção natural dessa espécie pelo A. cantonensis.
“As espécies de moluscos mais abundantes em áreas urbanas têm maior probabilidade de estarem infectadas, e isso aumenta o risco para a população,” destaca Gomes.
Importância da Conscientização e Cuidados com Alimentos
Considerada uma doença emergente, mas ainda negligenciada, a meningite eosinofílica é frequentemente subdiagnosticada. O estudo reforça a importância de um acompanhamento mais rigoroso por parte das autoridades de saúde, bem como a conscientização da população sobre os riscos. “Esse mapeamento fornece informações essenciais para avaliar o risco de infecção humana e deve auxiliar as autoridades de saúde locais a oferecer um diagnóstico mais rápido e preciso sempre que houver suspeita da doença,” ressalta Gomes.
O estudo também recomenda a higienização cuidadosa de alimentos crus para reduzir os riscos de contaminação, especialmente em áreas onde o parasita foi identificado.
Será muito bom uma reportagem de como combater o caracol africano
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