Os problemas relacionados à depressão e à ansiedade têm se agravado no Brasil. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país está em primeiro lugar no ranking latino-americano da depressão e em quinto, no mundial. Entre os jovens, o problema é ainda maior: um a cada seis meninas e meninos, de 10 a 19 anos, vive com algum tipo de transtorno mental. Os dados são do relatório Situação Mundial da Infância 2021, do Unicef.
Para fazer a sua parte na redução do problema, o Centro de Promoção da Saúde (Cedaps) mantém uma parceria com a Prema Serviços de Psicologia. O objetivo é garantir o bem-estar socioemocional dos jovens que integram a rede do Programa Jovens Construtores, desenvolvido pelo Cedaps, no Brasil, desde 2009.
Em 2022, foram 58 jovens atendidos e, atualmente, são 23 jovens atendidos de forma online, por 14 profissionais/estagiários. Entre os serviços oferecidos pela Prema – que significa “amor” em sânscrito, língua ancestral do Nepal e da Índia – estão psicoterapia, aconselhamento em crise e treinamento em habilidades sociais.
“Já vínhamos buscando apoio nessa área do socioemocional e, após algumas tentativas, fizemos uma parceria com a psicóloga Adriana Bonneterre em programas relacionados à área psicológica. Temos conseguido ajudar diversas pessoas, em especial em momento de crise, que precisa de uma resposta ágil”, explica Anne Reder, da equipe do Cedaps e responsável pela tutoria com os jovens.
“O nosso desafio na psicoterapia é desenvolver uma dinâmica possível, à medida que temos estruturas muito diversas. O foco é construir um espaço de fala, possibilitando o desenvolvimento socioemocional e conectando o jovem a suas potencialidades”, diz a psicóloga Adriana Boneterre.
Os jovens atendidos relatam que as atividades propostas têm os ajudado a passar mais facilmente pelos momentos de dificuldade. “Está sendo muito bom, porque já fiz bastante amizade com os profissionais da Prema, que são verdadeiros companheiros de caminhada. Até disse para eles que os considero como minha segunda família. Eu me sinto confortável ao dividir meus problemas com eles e isso tem me ajudado bastante, tanto no trabalho quanto em casa“, relata Djalma Batista, morador da comunidade da Muzema, no Rio.
Para Ana Caroline Cosme, que também participa do projeto, o preconceito por parte dos jovens acaba por afastá-los.
“Perdi muito por conta do preconceito, demorei bastante a procurar ajuda. Hoje, recomendo, sobretudo para aos jovens de comunidade, como eu, cuja saúde mental é negligenciada por todos”, conta.
O programa Jovens Construtores é uma tecnologia social voltada à formação de jovens, de 17 a 25 anos, originalmente concebida pela organização YouthBuild. O objetivo é contribuir para o crescimento pessoal e profissional de moradores de favelas e periferias, associada à mobilização e ao desenvolvimento de famílias, organizações e comunidades.