Com o objetivo de resguardar e fomentar as culturas ancestrais do Norte do Brasil e promover o empoderamento feminino, a peça faz uma releitura lúdica das lendas amazônicas. Teatro, dança, música popular e erudita, pernas de pau, lendas amazônicas e muita cultura cabocla do Norte do Brasil. O espetáculo inédito “Deu a Louca na Encantaria” chega ao Rio de Janeiro (7/7) com apresentação gratuita e acessibilidade (audiodescrição e libras)
A principal história encenada é do boto-cor-de-rosa, contada a partir de um olhar feminino e contemporâneo, que traz uma reflexão sobre a maternidade solo, que é a realidade de muitas mulheres. Além do boto-cor-de-rosa, aparecem os encantados: Matinta Perera, Arara Mariana, Cabocla de Pena, Iara e a Cobra Grande.Na trama, o boto, que durante o dia fica no rio e à noite se transforma em homem para seduzir as mulheres ribeirinhas, as engravida e desaparece. Ao longo do espetáculo, essa história é comparada à realidade de muitas mulheres mães que são abandonadas pelo genitor de seus filhos.
Para Krishna Naira Azevedo, uma das fundadoras do projeto, a missão do espetáculo é honrar as tradições e expressões culturais do Norte brasileiro, por meio da mulher ribeirinha:
“O elenco é composto por artistas pernaltas, músicos e trovadores no chão, que contam as histórias. A trilha sonora é, em sua maioria, canções autorais compostas especialmente para este espetáculo e algumas músicas de terreiro do tambor de mina. Nossa intenção é que no fluir do espetáculo, por meio da dança, canções e poesia, floresça a semente representada pela cultura cabocla do Norte brasileiro, bem como os saberes das diversas culturas da região, seu modo de fazer-se no mundo, histórias, celebrações, festas, danças, músicas populares e resistências”, afirma.
A história é contada em uma experiência única de multilinguagem, envolvendo poesia, dança e música, com atores no chão do palco e nas pernas de pau, narradores e a banda. Os instrumentos populares do Carimbó (Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro) – curimbó, banjo e maracá -, são misturados com instrumentos eruditos, que são: violino, violoncelo e fagote. O espetáculo consegue, dessa forma, criar uma arte erudita brasileira a partir de elementos da cultura popular, por meio das canções.
O espetáculo conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), por meio da Lei Paulo Gustavo de incentivo à Cultura e edital Evoé.
Sobre o Coletivo Carimbó dos Altos:
O coletivo “Carimbó dos Altos” nasceu em 2018 e é composto por multiartistas em sua maioria oriundos do norte do Brasil e liderado por mulheres. Tem como objetivo central despertar o corpo caboclo e ancestral daqueles que participam de suas intervenções, sejam como artistas quanto como o público que acompanha sua arte, no chão ou em Pernas de Pau.
Foto: Divulgação
Serviço:
Espetáculo “Deu a louca na Encantaria”
Duração: 50 minutos
07/07 às 15h – “Deu a louca na Encantaria” em Santa Teresa – Parque Glória Maria com roda de conversa com o público (intérprete de Libras e audiodescrição)