A rivalidade existente entre as escolas de samba cariocas não chega aos pés da que existe no futebol. Ao contrário, as agremiações muitas vezes se ajudam, principalmente quando uma delas pede socorro por estar em situação complicada.
Porém, os comentários sobre as trocas de carnavalescos têm se tornado, nos últimos anos, algo semelhante às conversas sobre as novas contratações do time ou a respeito do vai-e-vem de treinadores.
Quando um craque ou um técnico vencedor muda de equipe, isso gera bafafá e expectativas. O craque do carnaval, no momento, é Paulo Barros e ele acaba de trocar a Mocidade pela minha Portela. Além disso, pela primeira vez ele comandará o desfile de uma agremiação tão tradicional. Tudo isso faz surgir as análises, as opiniões e os palpites.
Como torcedor quero que ele seja campeão com a escola da águia, mas isso não vem ao caso. Como pessoa que acompanha o carnaval carioca creio que Barros será um sucesso na Portela se a relação for semelhante à que ele teve com a Unidos da Tijuca, onde foi três vezes campeão, mas poderá ser um fracasso se a lógica for a mesma aplicada na Mocidade.
Se Paulo se sentir obrigado a ser ousado sem que haja uma boa ideia e achar que seu estilo precisa se sobrepor ao da escola, não creio que será benéfico. Mas se ele respeitar a identidade da Portela e agregar seu talento e seu tino para a grandiosidade, querendo se recuperar do resultado negativo desse ano com garra e criatividade, poderá tirar a Majestade do Samba de seu já absurdo jejum de títulos.
O fato de ele ter dito, em sua chegada à escola, que teve uma aula sobre a história da Portela, que conheceu a alma portelense e que sabe que a agremiação tem um estilo próprio já sinaliza o tom correto e anima a torcida.