“Domingo a gente não tinha nada para comer”. O depoimento de Janete Evaristo, 57 anos, moradora do Morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio, levou às lágrimas a repórter de uma emissora de tevê carioca e emocionou todo o Brasil esta semana. Desempregada desde o início da pandemia e com cinco netos menores para criar – perdeu a filha há dois anos e o marido há seis meses -, Dona Janete não consegue fazer o básico que é colocar comida na mesa. O drama da desempregada, infelizmente, não é único. Ao contrário, hoje somente no estado do Rio de Janeiro (RJ) mais de 2,8 milhões de pessoas têm dificuldade para alimentar suas famílias, um aumento de 400% entre 2018 e 2022. Esse número representa 15,9% de toda a população fluminense.
O aumento da fome, que hoje alcança 33 milhões de pessoas no país, segundo dados do Instituto Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), vem de longa data, de políticas públicas equivocadas, da corrupção nos diversos governos, do aumento da pobreza, que geraram uma crise econômica sem fim. Quando o assunto é insegurança alimentar nos três níveis (leve, moderado e grave), as informações são ainda mais estarrecedoras. A pesquisa aponta que quase 60% dos brasileiros não têm acesso a uma alimentação adequada, situação semelhante à que vivemos na década de 1990.
No estado do Rio, essa crise ganhou contornos ainda mais graves que levaram à decadência econômica, política e social da segunda maior economia brasileira. Uma situação gerada por sucessivos desgovernos ao longo dos últimos anos, que ora optaram por políticas populistas e eleitoreiras, ora pela prática da corrupção. E até hoje a população paga um preço alto por tamanho descaso. Quase 70% das pessoas que estão desempregadas no estado do Rio, segundo a pesquisa, sofrem de insegurança alimentar moderada ou passam fome. O RJ tem a terceira maior taxa do país com mais de 1,3 milhão de desempregados, segundo o IBGE.
Essa dura realidade da fome tem se apresentado cotidianamente nas cidades do Rio. Famílias inteiras, que não têm o que comer, vão em busca de refeições oferecidas por voluntários, igrejas, ONGs, que alertam para o novo perfil das pessoas que entram na fila para conseguir um prato de comida. São pessoas que há pouco tempo tinham emprego e renda e podiam pagar um aluguel e sustentar a família. Porém, ao perderem o emprego, precisaram morar na rua ou se alimentar com ajuda de terceiros.
É o caso de Dona Janete, que trabalhava como cuidadora de crianças há dois anos, mas com a perda do emprego passou a viver na extrema pobreza, catando latinhas para sobreviver. Após a repercussão da matéria na tevê, houve uma grande onda de solidariedade por todo o país para ajudar a desempregada com doações de alimentos. Novamente entrevistada, ela já fazia planos para reformar a casa, pagar a faculdade e a formatura da neta e conseguir um trabalho digno para sustentar a família.
Sem dúvida, a solidariedade tem sido fundamental para salvar vidas. E devemos ser gratos a cada cidadão que estende a mão para ajudar os mais necessitados. Porém, o nosso estado tem um enorme potencial econômico, capaz de gerar emprego e renda e de dar dignidade às famílias. Somos o maior produtor de petróleo e gás natural do país, contamos com um parque industrial diversificado nos setores siderúrgico, metalúrgico, automobilístico, químico, farmacêutico e alimentício, uma indústria de turismo com grande potencial, além de um ambiente bastante favorável à inovação, com universidades, centros de pesquisas, incubadoras, grandes empresas e profissionais altamente qualificados.
O que falta ao estado do Rio de Janeiro são gestores públicos sérios, competentes e comprometidos em resolver os problemas que há anos afligem nossa população; que tenham pulso firme para combater a criminalidade e a corrupção que se alastram pelo estado; que se empenhem verdadeiramente pela atração de mais investimentos que gerem oportunidades para gente como Dona Janete. O Rio precisa dar um basta aos políticos que só pensam em encher os bolsos de dinheiro. Muito em breve a população terá mais uma chance de fazer sua escolha e mudar esse cenário.
Mas você apoiou o “economia a gente vê depois” e agora vem com essa hipocrisia?!? Ahhhh… ter um pouquinho de decência é legal… repito: de liberais, vocês não tem nada! É o partido que já nasceu velho… veremos nas próximas eleições 😉
n adianta saber de tudo isso, se a população do estado vota do jeito que vota. até a lei ficha limpa foi rebaixada em seu rigor, que já era maios-ou-menos.