Paulo Gontijo: Comunicação em tempos de guerra (real e virtual)

Do conflito Israel-Hamas ao caso de Felipe Neto e a Bis, Paulo Gontijo fala dos erros de comunicação das empresas em tempos de guerra

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Foto: Pexels

Enquanto eu escrevo essa coluna de estreia no DIÁRIO DO RIO, começo com um grande desafio. Como não falar da guerra Israel-Hamas? Parece virtualmente impossível. E é. Guerras, mesmo que distantes, nos comovem, mexem com sentimentos profundos de identificação e provocam, especialmente em sociedades hiper conectados o fenômeno da opinião compulsória. Aquele que causa uma coceira irrefreável nas pessoas, principalmente nas que entendem pouco do assunto do dia. De opinar. Opinar sempre, opinar sobre tudo. Vendo o Festival de Besteiras que Assola a Internet, resolvi ir por outro caminho. Vou sim falar do conflito, mas tentando transformar esse espaço em um serviço de utilidade pública.

ONGs e captação

Muitas ongs tem se dedicado a atenuar o impacto da guerra em Israel. Seja oferecendo atendimento em saúde mental, apoio aos soldados, tratamento médico para os feridos dos dois lados do conflito e até apoio aos que tiveram que sair de suas casas. No link https://www.standwithisrael.co.il  você encontra um agregador de todas essas entidades e você pode doar diretamente para elas. Eu pessoalmente decidi doar para a Hatzalah, mas vale olhar as opções com calma. Outra opção é a tradicional Médicos Sem Fronteira no site www.msf.org

Nesse momento o mundo exige da gente mais ações do que opiniões. Doem, por favor.

Empresas e a politização

Nos últimos anos tem sido notável o aumento do engajamento político de marcas e seus CEOs, vide a recente controvérsia gerada pela Mondelez-Bis ao contratar o Felipe Neto como garoto propaganda. Todas as emoções estão à flor da pele e qualquer posicionamento político deve ser pensado com redobrada cautela. Vale lembrar também que, muitas vezes, não se posicionar é uma escolha que pode ter consequências terríveis sobre a sua reputação. A Universidade de Harvard perdeu muitos doadores por não ter se posicionado depois que alunos organizaram manifestações pró-Hamas no campus. No Rio, a PUC teve que postar conteúdo explicando que o DCE não fala pela instituição. Para evitar ter que se explicar, é sempre bom seguir as 4 máximas de Grice: seja claro, seja verdadeiro, dê informação na quantidade certa e dê informação que seja relevante. Eu acrescentaria uma quinta: seja humano.

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Governos e Comunicação

O principal desafio dos governos aqui tem sido separar os que usam ou não conjunções adversativas. Perdeu essa aula na escola? Eu explico, são aquelas palavras que indicam oposição ou contradição na mesma frase. “Lamentamos o ocorrido, mas...”. Ora, se lamenta algo seja claro. Se quer contextualizar, também.

Comunicação de governo clara evita contradição, aponta um caminho e de preferência traz alguma solução. Ah sim, tem que ser feita no momento certo também. Demorar dias para lamentar os horrores cometidos contra os israelenses, por exemplo, dá a entender que aquele comunicado foi feito mais por cálculo político do que por preocupação autêntica. E lembre-se, lamentar as atrocidades cometidas contra os Israelenses não significa que você não possa igualmente se comover com as mortes dos civis de Gaza. Condenar o terrorismo do Hamas não te faz um defensor do Netanyahu.

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