Paulo Pinheiro: Herança da Cedae

'Viva e bem cuidada, a Cedae traria muito mais benefícios para todos. Infelizmente, foi vítima da violência do mercado e da falta de cuidado que recebeu nos últimos tempos'

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Imagem meramente ilustrativa do prédio-sede da Cedae, no Centro do Rio - Foto: Reprodução/Internet

O Município do Rio deverá receber perto de R$ 6 bilhões resultantes de sua parte na venda da Cedae – um dinheiro bem-vindo, mas sem razões para comemorar. Afinal, é como se estivesse recebendo a herança de uma tia morta durante um assalto. Viva e bem cuidada, a Cedae traria muito mais benefícios para todos. Infelizmente, foi vítima da violência do mercado e da falta de cuidado que recebeu nos últimos tempos.

Mas, agora, o importante é que a Prefeitura do Rio, como administradora de recursos tão valiosos, não repita os desperdícios do passado, as obras de fachada e os investimentos temerários. É preciso que prioridades sejam estabelecidas – e não as prioridades do governo municipal, mas as prioridades da gente carioca, vítima da estagnação econômica da Cidade e carente de quase tudo.

Os bilhões da velha Cedae não podem seguir para o ralo da incompetência e da corrupção. Deverão ser muito bem geridos, com a transparência que todo recurso público requer, e voltados para ações estruturantes, de resgate da cidadania, com a melhora da oferta dos serviços públicos essenciais: saúde, educação e transporte de qualidade. E na esfera da saúde, eu incluiria também moradias saudáveis para quem não tem.

Todo cuidado é pouco. Teremos eleições no ano que vem e, infelizmente, muitos dos gestores municipais serão candidatos a cargos eletivos ou padrinhos de postulantes à Assembleia Legislativa, à Câmara dos Deputados, ao Senado e aos governos estadual e federal. Que não se confundam os canais do público e do privado. Que haja seriedade e muita competência no trato da herança que coube à Cidade, da velha Cedae.

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1 COMENTÁRIO

  1. O Dr. Paulo Pinheiro sabe muito bem que para cada real investido no saneamento, economiza-se cinco com a saúde, portanto é uma questão de saúde e jamais poderia ser privatizada. Todas as experiências nesta área pelo mundo, foram mal sucedidas a ponto de inúmeros dos serviços prestados (ou melhor não prestados), por concessionárias voltarem a ser públicos (ex. Argentina, México, Alemanha, nosso Nordeste, etc.).
    Outrora e até recentemente a Cedae foi considerada a melhor empresa de saneamento e de infraestrutura do Brasil, inclusive com premiação pela Exame, produzia uma das melhores águas do mundo, que a corrupção foi capaz de miná-la ano a ano, desviando recursos, lançando boatos, não investindo na Empresa os milhões que ela arrecada, quer seja em novas tecnologias ou num mísero caminhão, pasmem nossa frota data de 1990.
    Infelizmente a “venda da Cedae”, e aí cabe um esclarecimento de que foi concedida a área de manutenção (onde permanecemos obrigados a fornecer água de qualidade, com custo inferior ao da produção), não trará nenhum benefício a comunidade e nem a Cedae, já que não receberá um tostão sequer, mas terá que manter o tratamento.

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