A proteção e a promoção da saúde de crianças e jovens são preocupações óbvias e fundamentais do Estado e, nesse contexto, pergunto-me se a interferência estatal na escolha da alimentação dos indivíduos se justifica. Eu entendo que sim! Tal como ocorre, por exemplo, com a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores e com os crescentes obstáculos impostos ao cigarro – um reconhecido vilão da saúde.
Os malefícios à saúde dos alimentos ultraprocessados são amplamente reconhecidos pela Ciência. Estão diretamente associados à obesidade, ao diabetes e às doenças cardiovasculares. Preveni-las significa mudar os hábitos alimentares. E foi esta a razão de a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovar uma lei que proíbe a oferta dos ultraprocessados nas escolas públicas e privadas localizadas no Município.
Todos sabem que o cigarro contém substâncias tóxicas, como a nicotina e o alcatrão, que afetam o sistema respiratório e cardiovascular e aumentam o risco de câncer. Pois os alimentos ultraprocessados também contêm substâncias químicas nocivas para a saúde. Eles são ricos em gorduras saturadas, açúcares e sódio, cujo consumo em excesso está diretamente associado a doenças crônicas com complicações graves.
Se, hoje, ninguém duvida da necessidade de se proibir a venda de cigarros nas cantinas das escolas, esperamos que também ninguém questione a necessidade de afastar determinados produtos disfarçados de alimentos de crianças e jovens. Eles só terão a ganhar. Uma alimentação saudável e balanceada no presente é garantia de um futuro melhor. Portanto, uma lei simples, com impactos positivos enormes para a nossa sociedade.
- Paulo Pinheiro é médico pediatra, vereador, presidente da Comissão de Saúde da Câmara e co-autor do projeto que proíbe a venda de alimentos ultraprocessados nas escolas do Rio de Janeiro.