O que hoje é exemplo de um passeio de paz e tranquilidade no Rio de Janeiro pode ter sido idealizado, no início dos anos 1950, por um carrasco que agia em prol do nazismo. De acordo com relatos históricos, os pedalinhos foram introduzidos na Lagoa Rodrigo de Freitas pelo aviador letão Herberts Cukurs.
Considerado na juventude herói nacional da Força Aérea da Letônia, Herberts chegou ao Brasil em pleno carnaval. Em março de 1946. Cukurs, já em terras tupiniquins, alguns anos depois de sua chegada, viu surgirem notícias de sua ligação nazista. Ele sempre negou. A família, até hoje, diz que não é verdade esse elo com os alemães liderados por Hitler. O que o aviador sempre disse ser verdade é que ele ajudou a Alemanha contra os comunistas, pois era contra o domínio soviético em seu país.
“As chamadas ‘bicicletas aquáticas’, mais conhecidas como “pedalinhos”, foram um negócio que ajudou não só a revitalizar uma zona problemática do Rio, como ainda se tornou uma opção de lazer em uma cidade com o custo de vida já bastante elevado. A boa imagem do estrangeiro (Herberts Cukurs) podia ser confirmada nos textos de diversos jornais da então capital federal, onde Cukurs era quase sempre descrito como um trabalhador exemplar, sobrevivente da perseguição comunista e do caos provocado pela guerra na Europa”, conta Bruno Leal Pastor de Carvalho, estudioso do caso, que escreveu uma tese sobre.
Não tinha mesmo como negar os problemas com os russos. Herberts Cukurs, inclusive, alegou isso para conseguir visto na França. Com a revelação do possível vínculo com o nazismo, no final de 1950, Cukurs viu sua vida mudar. Ele precisou sair do Rio de Janeiro. Foi para Niterói, Santos e depois São Paulo.
Certa vez, Herberts Cukurs, que se tornou um grande homem de negócios no Brasil, conheceu Anton Kuenzle. Kuenzle conquistou a confiança de Cukurs e o atraiu para Montevidéu para fechar uma grande parceria comercial. Kuenzle era um judeu com identidade falsa. Chegando no lugar marcado, no dia 23/02/1965, o aviador letão levou dois tiros na cabeça, disparados por agentes do Mossad – serviço secreto do Estado de Israel.
O corpo foi colocado em um baú e encontrado apenas no dia 6 de março do mesmo ano, porque os jornalistas locais avisados da execução não acreditaram na informação. Havia um bilhete escrito: “Aqueles que não esquecem”.
Uma outra versão da história conta que Cukurs foi morto pelos próprios nazistas que o consideraram traidor, pois ele teria negociado com os judeus a sua vida fornecendo a localização exata do médico de Auschwitz, Josef Mengele.
Em meio a toda essa história, os pedalinhos seguem fazendo parte da rotina de parte da cidade do Rio de Janeiro.
ESQUECEU DE FALAR QUE O QUE ERA DONO DOS PELADINHOS ATE UMS MESES ATRÁS FOI ASSASSINADO POR UM MARGINAL PARA ROUBAR ELE
Se Cukurs chegou ao Rio em 1946, como os pedalinhos seriam da década de 1920?
Mais: o domínio da URSS na Alemanha só começou depois da Segunda Guerra, justamente quando Cukurs estava fugido.
Faltou dizer que apesar de a sua família negar seu passado nazista, o fato é que Herbert Cukurs foi mesmo um dedicado soldado do nazismo, tendo inclusive sido pessoalmente citado durante os julgamentos de Nuremberg. E que teve participação direta em dois massacres de judeus com dezenas de milhares de mortes: no Gueto de Riga, no Massacre de Rumbula, no incêndio de uma sinagoga com centenas de judeus confinados em seu interior e no afogamento de 1200 pessoas em um lago gelado.