O Canecão foi, para quem não sabe, uma das maiores casas de espetáculos do país – em importância, se não a maior, por várias décadas. Criado em 1967, num terreno pertencente à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), como uma cervejaria – daí o nome, dois anos depois foi transformado em casas de espetáculos. Fechada em 2010, a tradicional casa de show em Botafogo, na Zona Sul do Rio, viu passar em seus palcos grandes nomes da música brasileira e internacional.
A casa estreou como um lugar de shows com o espetáculo de Maysa, dirigida por Bibi Ferreira. Viveu a guinada da MPB com shows de Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Elis Regina e Clara Nunes. Em 1975, um encontro entre um compositor e uma intérprete se transformou num álbum gravado ao vivo de enorme sucesso – Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo. O Canecão também viu nascer o rock brasileiro dos anos 1980. Em 1988, Cazuza fazia seu último show no Canecão, “Ideologia”, em pleno tratamento contra o HIV, dirigido por Ney Matogrosso. Em 1996, ali se deu o primeiro grande encontro entre Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho, num show antológico para a música nacional. Para muitos artistas, se apresentar no Canecão significava ganhar uma nova importância no cenário musical. E um de seus episódios mais famosos aconteceu em 1985, quando um então desconhecido Elymar Santos vendeu seu apartamento e seu carro e fez uma vaquinha entre amigos para conseguir alugar a casa para seu show de estreia. Ter seu nome estampado na fachada era sinônimo de prestígio e sucesso.
Mas este Canecão é uma história que se encontra nas páginas do Google ou na memória de quem viveu seus espetáculos. Hoje, quem passa pela Praia Vermelha, em Botafogo, vê uma construção em ruínas, apodrecendo ao tempo. Triste fim.
Mas isso está prestes a mudar. Fechado há 10 anos – após 40 anos de disputa judicial, com estrutura condenada e em risco, o Canecão voltará ainda maior. Aprovamos na Câmara do Rio essa semana o projeto que abre uma exceção no zoneamento da região , onde não seria possível, pelas normas atuais, o uso de casa de espetáculos, para permitir que o Canecão volte a funcionar, com a possibilidade de até contar com a iniciativa privada, caso haja concessão do espaço.
Como morador da Ilha e da Barra, filho de comerciantes de Caxias, o Canecão não fez parte da minha infância, só fui ouvir mais dele depois, no ensino médio e sobretudo na PUC, quando ele já estava fechando, mas reconheço sua importância cultural. Por isso fiz questão de votar a favor e permitir que o Canecão possa voltar a ser a casa de eventos culturais que todos desejamos. O projeto aprovado permite que a casa seja demolida – ela havia sido tombada e foi destombada em 2019 pela ALERJ – e reconstruída dentro de novos parâmetros, que permitem, por exemplo, altura um pouco maior – mas sem destoar de seu entorno – e a utilização de parte de um terreno livre da universidade.
Uma vitória para o Rio. Depois de 10 anos utilizando dinheiro dos pagadores de impostos para ficar vazio, o Canecão poderá voltar, ainda maior, para oferecer cultura aos cariocas e movimentar a economia da cidade! O carioca merece.
Maravilhosa notícia! Agora espero que o governo estadual se lembre do Teatro Villa Lobos
A destruição do Canecão pode e deve ser posta na conta do PT, do PSOL e da burocracia da UFRJ. Todas as maldades que estes fazem é em nome do povo.
Aliás, à burocracia modorrenta da UFRJ e ao PSOL também se creditam a responsabilidade política de usar emenda parlamentar (dinheiro extra) para uma rádio universitária ao invés de usá-la no Museu Nacional. Quando o museu se incendiou, lamentaram que não havia dinheiro. Havia sim!
Tome cuidado, eleitor. Lobos em pele de cordeiro. O diabo não se apresenta fedendo a enxofre. Apresenta-se como ministro de justiça sempre!