Pedro Duarte: Por uma Cobal municipal, sob gestão privada

Pedro Duarte fala sobre lojas fechadas, relatos de inadimplência, falta de manutenção e investimento nas “COBAL’s” Leblon e Humaitá

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Mercados municipais são fundamentais para o bom funcionamento de uma cidade e para a qualidade de vida do cidadão. São pontos de encontro do bairro, uma referência (real e afetiva) dos moradores. De manhã são espaço para comprar um peixe e tomar um café, de tarde para um almoço e ao final do dia para levar pães ou flores (ou ambos!) na volta pra casa. Ah, e claro: aos finais de semana, recebem famílias e amigos para uma cerveja, um vinho ou o que for da preferência do cliente. Um bom mercado tem de tudo, para todos.

No Rio de Janeiro não é diferente. O CADEG, reconhecido como o mercado municipal oficial da cidade[1] e tocado pelos seus lojistas, cumpre muito bem esse papel em Benfica, funcionando de madrugada aos comerciantes que vão em busca de mercadoria e de dia ao consumidor final (com os melhores bolinhos de bacalhau!). Existem outros pela cidade, sendo fundamental atuar para que os fechados reabram e os em funcionamento se fortaleçam, para que não sejam potencialmente desperdiçados. Sobre isto que gostaria de falar, apresentando a todos um caso recente e a partir dele uma proposta.

No dia 22/09/2023, a Prefeitura do Rio assinou o contrato de concessão do Mercadinho São José, um mercado que funcionou durante décadas em Laranjeiras, até o encerramento das suas atividades em 2018. Foram anos deixado de lado, fechado, abandonado… até que a população do entorno se mobilizou pela sua reabertura (fizemos coro e puxamos essa pauta!) o que levou a Prefeitura a fazer uma correta intervenção no local. Compraram o imóvel do INSS – sim, ali pertencia ao governo federal, sob gestão do Instituto Nacional do Seguro Social  -, organizaram um edital[2] definindo o que esperavam das propostas (no caso, que seguisse como um mercado de bairro, hortifrutigranjeiro e gastronômico) e realizaram a concessão a um privado que fará a gestão do espaço, saindo vitorioso o consórcio da Junta Local.[3] Tudo a ver, golaço para o Rio! Este modelo pode e deve nos servir como aprendizado para outros casos na nossa cidade. Muitas pessoas não sabem, mas as duas “COBAL’s” (Leblon e Humaitá) também pertencem ao governo federal. Inclusive, a própria sigla significa: Companhia Brasileira de Alimentos, uma estatal criada em 1962 para ajudar a escoar a produção agrícola nas grandes cidades.[4] Convenhamos que essa função já é hoje muito bem realizada por nossos mercados, supermercados e hipermercados, correto? Em função disso, as COBALs foram mudando seu perfil e ganhando esse caráter de mercado local, com padaria, confeitaria, bares, restaurantes e demais lojas afins. No entanto, basta um olhar mais atento para ver que ambas estão bem abaixo do seu potencial, do que podem de fato ser.

Nosso mandato visitou as duas e encontramos lojas fechadas, relatos de inadimplência, falta de manutenção e investimento. Como se diz no comércio: “é o olho do dono que engorda o gado”; ou seja, é a proximidade, a presença diária e a atenção aos detalhes que fazem o produto ser tudo aquilo que pode ser, ao seu máximo. Falta isso na COBAL. Imaginem um mercado local, de bairro, sendo gerido por uma estatal federal que responde à Brasília. Negociando aluguel, vendo se os banheiros estão limpos, se as lâmpadas estão todas funcionando e correndo atrás de ativações que garantam e aumentem a clientela. Sinceramente, não vejo como esse modelo pode dar certo.

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Por isso, aproveitando o caso do Mercadinho São José, propomos que as COBALs de Humaitá e Leblon sejam municipalizadas e, na sequência, repassadas via concessão a um gestor privado. Um edital bem escrito, com boas regras e governança, definindo o que se espera dali, é suficiente para garantir que esses locais sigam sendo o que devem ser: mercados de bairro com um baita potencial para gerar empregos, atrair turistas e deixar comerciantes e clientes felizes. No entanto, sem tantos boxes vazios, com melhor manutenção e gestão diária do local. É a barriga no balcão que faz o sucesso do comércio, aqui e em qualquer lugar. O carioca agradece.

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3 COMENTÁRIOS

  1. A CADEG é um local horroroso, situação numa região horrorosa, cercada de favelas e perigo iminente. O estacionamento é um buraco escuro, que até ontem tinha um sujeito mal encarado tomando conta, com quem, inclusive, tive um entreveiro, pois ele queria me obrigar a estacionar o carro entre dois outros com o espaço apertadíssimo.

    Este lugar em nada lembra os mercados municipais que já fui. Os de Madrid, Barcelona e Mallorca são verdadeiros deleites aos olhos, nariz e estômago. Mesmo o de Belo Horizonte e Florianópolis são bem mais interessantes. O único Mercado Municipal do Rio hoje que pra mim tem enorme potencial e é o de Niterói, recém inaugurado. O resto é lixo, com cara, cheiro e gosto de lixo.

  2. É pra ajudar a turma do boteco ou é para promover realmente um modelo de mercados para mostrar o que o Rio tem de bom? Sinceramente, esses prédios já perderam a função há muito tempo, fora os já destruídos como os do Méier (hoje Forum regional) e Campinho (UPA). Bora tomar uma tulipa nevada?

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