A Região Serrana do Rio registrou um aumento expressivo nos resgates e acidentes envolvendo serpentes, especialmente em áreas de mata e bairros afastados. Nos dois primeiros meses de 2025, cinco moradores foram picados por cobras em Petrópolis. Entre janeiro e fevereiro de 2025, já foram 104 acidentes com serpentes no estado, sendo cinco na cidade imperial.
Embora apenas 15% das serpentes no Brasil sejam peçonhentas, é fundamental reconhecer as espécies presentes no estado. Algumas representam risco para a população. Mas, afinal, quais são as mais comuns e perigosas no Rio de Janeiro?
O Diário do Rio lista as principais cobras encontradas, indicando quais oferecem perigo à saúde. O guia também orienta sobre como agir ao avistar uma serpente e os procedimentos em caso de picada.
Em 2024, o estado registrou 787 casos de acidentes ofídicos, reforçando a importância da prevenção e da busca por atendimento médico imediato.
Jararaca (Bothrops jararaca)

A jararaca (Bothrops jararaca) é uma das serpentes mais comuns da região Sudeste, com várias espécies do gênero Bothrops distribuídas em todo o Brasil. É uma espécie de serpente terrestre que pode ultrapassar um metro de comprimento. Possui um padrão de coloração típico, com manchas escuras em forma de V invertido em marrom escuro e em ambos os lados do corpo, sobre um fundo.
A espécie tem hábitos noturnos e, em caso de picada de uma adulta, os sintomas incluem dor, inchaço no local e, frequentemente, manchas arroxeadas e sangramento no ferimento. Também são comuns hemorragias nas mucosas, como gengivas e nariz. As complicações podem envolver infecção, necrose na área da picada e até insuficiência renal aguda.
Segundo o Ministério da Saúde, o grupo das jararacas lidera as estatísticas de acidentes com cobras no país. Apesar de ser típica de matas e bordas de floresta, também pode ser encontrada em áreas abertas.
Cobra coral-verdadeira (Micrurus corallinus)

A coral-verdadeira (gênero Micrurus) é uma das serpentes mais conhecidas do território brasileiro, facilmente identificada pelo padrão de listras pretas, vermelhas e brancas. Em algumas espécies da região amazônica, as listras podem ter tons amarelados. A coloração tem função de advertência: sinaliza aos predadores que se trata de um animal perigoso.
Seu veneno, altamente tóxico, afeta o sistema nervoso e provoca sintomas como dormência no local da picada, visão turva e dificuldade na fala. A evolução do quadro inclui paralisia de músculos importantes, como o diafragma e o coração. Apesar da gravidade de seu veneno, a espécie é tímida e prefere se esconder em vegetação rasteira, buracos e debaixo de pedras, atacando apenas em situações extremas.
Outro ponto importante é a existência das chamadas corais-falsas. Embora inofensivas, essas serpentes imitam a aparência da coral-verdadeira como forma de se proteger de predadores, mas pertencem a famílias distintas. Ao encontrar uma possível coral, o ideal é não tentar diferenciá-las. Mantenha distância e acione as autoridades especializadas, principalmente em áreas urbanas.
Jararacuçu (Bothrops jararacussu)
A jararacuçu é uma serpente peçonhenta de grande porte, podendo atingir até 2,2 metros de comprimento. Apresenta corpo e cabeça robustos, além de coloração variável, que vai do cinza, rosa e amarelo ao marrom e preto, com manchas triangulares marrom-escuras ao longo do dorso.
A coloração da espécie é determinada pela idade e sexo, fenômeno conhecido como dicromatismo sexual. Fêmeas adultas exibem manchas pretas sobre fundo amarelo, enquanto machos apresentam manchas menos visíveis em fundo castanho ou acinzentado. Filhotes apresentam diferenças ainda mais marcantes.
Um detalhe importante é o tamanho de suas presas, que podem chegar a 2,5 centímetros. Por esse motivo, a jararacuçu é a maior produtora e inoculadora de peçonha do Brasil, responsável por acidentes de alta gravidade.
Cobra-d’água (Erythrolamprus miliaris)
Diferentes espécies de serpentes são popularmente conhecidas como cobra-d’água, devido ao hábito de viver em áreas alagadas e regiões litorâneas. Uma das mais comuns é a Erythrolamprus miliaris, frequentemente encontrada próxima a cursos d’água e em ambientes úmidos. Por não ser peçonhenta, não oferece risco aos seres humanos e pode ser observada em todos os biomas brasileiros, exceto nos Pampas.
A coloração da cobra-d’água pode variar de acordo com a região onde vive, mas, em geral, combina preto com amarelo ou preto com tons esverdeados. Na Mata Atlântica, apresenta um padrão de preto e amarelo bem marcado e brilhante.
De hábitos diurnos, a Erythrolamprus miliaris é uma excelente nadadora e tem comportamento ativo. Um aspecto curioso é que as fêmeas costumam ser maiores que os machos, podendo ultrapassar 90 centímetros de comprimento, embora a maioria alcance tamanhos mais modestos, próximos de 60 centímetros.
Acutimbóia (Chironius carinatus)
A acutimbóia (Chironius carinatus), pouco conhecida pelos cariocas, é uma serpente diurna que vive em árvores, pertencente à família dos colubrídeos e nativa do continente americano. Pode atingir até 2,2 metros de comprimento e é caracterizada pelos grandes olhos com pupilas redondas.
Embora não seja venenosa, chama atenção pela velocidade. Seu deslocamento é consideravelmente mais rápido do que o da maioria das serpentes. Alguns exemplares de Chironius carinatus chegam a alcançar 3 metros de comprimento. A coloração varia entre marrom, amarelo-escuro ou dourado, com a cauda geralmente mais escura que o corpo. O abdômen apresenta tons de amarelo ou laranja.
Cascavel (Crotalus durissus)

A cascavel (Crotalus durissus) é uma serpente robusta que pode ultrapassar 1,50 m de comprimento. Ela se defende de predadores com um guizo na ponta da cauda, que ao ser agitado, emite um som característico de alerta.
A crença popular de que é possível determinar a idade da serpente contando os anéis do guizo é equivocada. Na verdade, os anéis se formam a cada troca de pele, e sua frequência depende de fatores como alimentação e ambiente.
A Crotalus durissus é a única espécie de cascavel encontrada no Brasil, sendo comum nas áreas abertas de todas as regiões brasileiras. Ela prefere campos abertos, com vegetação rasteira. Além disso, pode ser encontrada em certos tipos de plantação (como café e cana-de-açúcar) e em pastagens.
Responsável por cerca de 10% dos acidentes com cobras no Brasil, a cascavel tem veneno altamente tóxico, que afeta músculos e sistema nervoso. Os sintomas incluem formigamento, visão turva, dificuldades de fala e urina escura. Em caso de picada, é crucial procurar atendimento médico imediato para a aplicação do soro anticrotálico.
O que fazer ao encontrar uma cobra?
Se avistar uma cobra, mantenha a calma e não tente interagir. Esses animais costumam permanecer imóveis até perceberem uma ameaça. Se encurralados, podem reagir com um bote defensivo.
Caso o réptil esteja em uma área residencial, não tente capturá-lo. Acione a Polícia Militar Ambiental ou o Corpo de Bombeiros, que possuem equipes especializadas no resgate de animais silvestres.
Serpentes podem representar risco, especialmente as peçonhentas. Em caso de picada, busque atendimento médico imediato e, se possível, fotografe o animal para facilitar a identificação e o tratamento adequado.
O que fazer em caso de picada de cobra?
O Corpo de Bombeiros alerta que, ao encontrar uma cobra, o ideal é não tocar no animal e acionar a corporação pelo telefone 193. Se houver uma picada, siga estas recomendações:
• Lave o local da ferida com água e sabão.
• Mantenha a vítima deitada e calma, com a área afetada elevada.
• Remova anéis, pulseiras e objetos apertados para evitar problemas circulatórios.
• Não amarre o local da picada, pois o torniquete pode agravar a lesão.
• Não tente sugar o veneno, pois isso pode piorar a situação.
• Leve a vítima imediatamente para atendimento médico.
Vale lembrar que matar cobras é crime ambiental, sujeito a punições pela Lei Federal nº 9.605/1998. Se encontrar uma serpente, a recomendação é manter distância e acionar os bombeiros para o resgate seguro do animal.