“Pérola”, de Murilo Benício, é um filme muito natural. Natural de assistir, natural de se gostar, natural de se emocionar. Imagino que ainda mais natural deve ter sido de se fazer. O talento de Benício como diretor mais uma vez é exposto nas telas de cinema, anos após o lançamento de “O Beijo no Asfalto”.
O filme conta a história de Pérola, a matriarca de uma família interpretada por Drica Moraes, que sonha com a construção de uma piscina no quintal da sua casa. A narrativa se dá a partir do olhar de Mauro, filho mais velho da personagem. Pérola é toda avacalhada, de riso fácil, engraçada e apaixonada por caipirinhas. Ela cativa e entretém o espectador com seu sotaque e com seus comentários exagerados.
Mas como uma mãe preocupada com o futuro de seus filhos, Pérola discorda de algumas escolhas de Mauro. Em alguns momentos, a personagem chega a nos lembrar de Dona Hermínia, com seu jeito expansivo. Mas mesmo nesses momentos, Drica Moraes coloca características únicas na Pérola.
Mas além da personalidade de Pérola, há também a personalidade do filme, que flutua bem entre o drama e a comédia. A quem interessar um filme com boas pitadas de humor, esse roteiro cai bem. Parece até aquela amizade antiga que todo mundo tem, que do nada te faz morrer de rir relembrando de uma piada interna. O roteiro abraça o espectador e se torna seu melhor amigo.
Pérola é o tipo de filme para se contemplar em família e entre amigos. Para se emocionar com a falta da mãe que já se foi, com a família que está distante. Para te fazer refletir sobre a presença de quem está por perto e te ajudar a valorizar os momentos simples. Me emocionei e recomendo a todos que deem uma chance para fazer o mesmo.
O Festival do Rio está com ingressos disponíveis até o dia 16 de outubro. A programação completa pode ser conferida no site do festival.