Um estudo realizado pela Descarbonize Soluções, energytech especializada em soluções de energia limpa, revelou que 75% dos entrevistados do estado do Rio de Janeiro utilizam a bicicleta para se locomoverem pelo menos uma vez na semana. O número é maior do que a média nacional, que alcançou os 71%. Quando se pensa na frequência, os entrevistados da região disseram utilizar as bikes, em média, três vezes por semana.
Uma troca econômica e sustentável
Além da popularidade das bicicletas comuns, o interesse em bicicletas elétricas também vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. De acordo com a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o mercado de bicicletas elétricas teve um crescimento de 12% em 2023 em relação ao ano anterior, com projeção de que essa taxa anual chegue a 34% em 2025. O número deve corresponder à marca de 300 mil bikes elétricas vendidas até este ano.
Mas, além de indicar o crescimento do interesse em veículos elétricos alternativos dentro de um nicho, é importante analisar a aceitação de forma mais abrangente. De modo geral, 54% dos moradores do estado usariam bicicletas elétricas no dia a dia como alternativa aos veículos à combustão, como carros, motos ou mesmo ônibus. A taxa é maior do que a nacional, em que 49% dos entrevistados fariam a troca, indicando uma tendência dos moradores da região na adesão de alternativas mais sustentáveis.
Antônio Lombardi Neto, diretor de Tecnologia da Descarbonize Soluções, fala sobre algumas das facilidades em relação ao uso de bicicletas elétricas.
“Se as bicicletas comuns já são uma ótima alternativa aos veículos à combustão, as elétricas podem suprir a necessidade de quem não utiliza uma bike tradicional por motivos de distância ou limitação física, sem deixar de adotar um meio que ainda é econômico e ecológico. As opções de carregamento também são bastante práticas, podendo ser feitas em estações de carregamento públicas ou em pontos de carregamento portátil — alternativa que facilita para o ciclista”, comenta.
“As alternativas para se investir em um transporte sustentável são cada vez mais diversas, mas ainda é necessário que sejam feitos investimentos públicos e privados para que o cenário seja mais acessível, mas os dados mostram um interesse da população em colaborar com as iniciativas ambientais. E é exatamente a partir da combinação do esforço de todas as partes que se pode chegar em um cenário ambiental mais positivo para o futuro”, completa.
Estrutura para os ciclistas
Quando se pensa na utilização das bicicletas, é essencial que se analise também a infraestrutura das cidades para receber os ciclistas. Além das ciclovias, existem outros pontos essenciais para a segurança dos bikers, como as ciclofaixas, a sinalização adequada e os bicicletários. Ampliar o conhecimento geral sobre as leis para o uso das bicicletas, prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é essencial para o equilíbrio do ecossistema entre ciclistas, motoristas e pedestres.
E, mesmo que as capitais brasileiras tenham ganhado mais de quatro mil quilômetros de ciclovia em um ano — período entre julho de 2023 e julho de 2024 — crescimento que corresponde a 7,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, fica claro que o investimento em infraestrutura ainda deve ser maior. Segundo 62% dos entrevistados do Rio de Janeiro, o estado possui certa estrutura para os ciclistas, mas o cenário ainda pode melhorar.
Enquanto isso, 15% consideram que a região possui uma ótima infraestrutura, e outros 23% entendem que o estado não dispõe de estrutura nenhuma.
“É indispensável que as cidades, especialmente os grandes centros urbanos, invistam na criação de mais ciclovias, ciclofaixas e bicicletários. As bicicletas são um meio de transporte econômico e sustentável, e deveriam ter mais incentivo por parte dos governos”, aponta Neto.
“No Rio de Janeiro, nós vemos um cenário em que a população já costuma usar as bicicletas, mas que a infraestrutura ainda peca ao acompanhar essa tendência. Na Zona Sul da Capital, por exemplo, as ciclovias são fartas, o que está aliado ao fato da região ser bastante turística. Já em outros locais da cidade, a situação é bem diferente. Por ser um estado com muito espaço para o turismo, o investimento em infraestrutura poderia ser um aliado na recepção desses visitantes, associando o turismo, a sustentabilidade e a economia”, completa.
O levantamenteo entrevistou 500 brasileiros de todos os estados do país, incluindo mulheres e homens, com idade a partir dos 16 anos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via plataforma de pesquisas online no dia 27 de fevereiro de 2025.