Pesquisadores encontram ladrilhos do século XIX no Palácio do Catete

Estrutura foi encontrada a 75 centímetros abaixo do solo após escavação para modernização do sistema de esgoto; piso remonta os tempos do Barão de Nova Friburgo no palácio

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Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O Palácio do Catete foi construído em meados de 1866, arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt, e desde então o local foi palco de muitas histórias, como ter sido o lar do Barão de Nova Friburgo, Hotel de Luxo e até sede do poder executivo nacional em 1897 – quando a capital nacional era no Rio de Janeiro. E em 2023, após séculos de sua inauguração, novos capítulos de sua história são encontrados, pois, pesquisadores encontraram ladrilhos, com requinte artístico do século XIX, no chão do Palácio.

O local não possuí uma planta arquitetônica da época que mostre o que um dia já foi aquela construção, então, o achado é uma surpresa para muitos estudiosos.

A estrutura foi encontrada a 75 centímetros abaixo do solo, em ótimo estado de conservação. A descoberta se deu durante uma escavação para a modernização do sistema de esgoto e, agora, será material de estudo para mostrar mais detalhes de como a sociedade se comportava à época.

Pesquisadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) acreditam que, pelos relatos da cultura popular oral da época, os ladrilhos podem ser parte de uma antiga casa de banhos ou até mesmo da residência da sogra do barão. Há também quem suponha que ali poderia ser mais uma das entradas do palácio.

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A museóloga Isabel Portella explica que, até o momento, tudo é especulação e que ainda não tiveram tempo para realizar uma pesquisa completa. “Isso aqui pode ser parte de uma cozinha ou de um lavatório, porque essas construções eram mais afastadas. Mas será que eram tão afastadas? O que temos aqui são algumas hipóteses, porque nenhuma planta do palácio indicava que aqui teria alguma construção. Então, agora, nós precisamos entender. O que sabemos é que são pisos hidráulicos, que costumavam ser usados em áreas molhadas”, diz Portella ao portal O Globo.  

O superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Paulo Vidal, afirma, ao O Globo, que o achado mostra a importância das pesquisas arqueológicas para a descoberta da história da cidade. “Revelam como a arqueologia histórica tem sido importante ao revelar parte da cidade que não é mais visível. Existe uma história que pode ser recuperada a partir das pesquisas arqueológicas das diversas intervenções pelas quais a cidade vem passando ao longo dos últimos anos”, conclui Vidal.

Piso de Londres

 Isabel Portella ainda conta que não se sabia de qual país o Barão de Nova Friburgo importara os ladrilhos usados em sua residência. Apesar de ter deixado diversos documentos, como recibos e anotações, sobre as compras efetuadas durante a construção do paço, nenhum indicava a origem dos materiais até a realizaram de um estudo mais profundo. “Conseguimos identificar agora iniciais que indicam ser de uma empresa inglesa e o desenho se assemelha ao que temos no palácio. Então, sabemos que esse piso encontrado remete ao tempo do barão”, relata Isabel.

A identificação do fabricante dos ladrilhos foi achada após um pequeno acidente, que quebrou um pedaço do piso com as escavações no jardim. A partir disso, arqueóloga responsável por acompanhar as obras no museu, Ane Elisabeth Simões, conseguiu chegar à empresa responsável pela fabricação do piso, chamada Milton Hollins & Co.

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