Considerada uma das cidades mais suscetíveis a desastres naturais no Brasil, Petrópolis, na Região Serrana do Rio, vive um cenário alarmante de crescimento populacional desordenado, agravado por graves problemas habitacionais e pela geografia acidentada do município. Com uma população superior a 270 mil habitantes, registrada no último Censo, a cidade ainda enfrenta a dura realidade de ter cerca de 17 mil moradores vivendo em locais com risco elevado de deslizamentos de terra.
A combinação da geografia montanhosa com a proximidade do mar cria um coquetel perigoso que torna a cidade particularmente vulnerável a períodos meteorológicos severos, principalmente no verão, quando há maior incidência de chuvas intensas.
Mapeamento de Risco
Em novembro deste ano, o município — que está em transação para a troca de governo — recebeu um novo mapeamento de risco geológico feito pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM). O estudo, realizado 13 anos após a tragédia de 2011, revelou áreas ainda mais problemáticas, com risco de deslizamentos elevado. No topo da lista de locais mais críticos estão os bairros Independência, colado à descida da serra, e o Morro da Oficina, no Alto da Serra, considerado um dos pontos de maior perigo da cidade. Só no Morro da Oficina, mais de mil moradores vivem sob risco iminente.
Além dessas localidades, o estudo também incluiu outras áreas vulneráveis, como o Centro de Petrópolis, que aparece em terceiro lugar no mapeamento, com mais de mil pessoas vivendo em condições de risco alto e muito alto. Outros bairros críticos incluem São Sebastião, Retiro, Vila Felipe, Quitandinha, Vale do Cuiabá, Madame Machado, Bataillard e Posse. A maioria dessas áreas está localizada no 1º distrito de Petrópolis, a região mais central, que, devido à presença de montanhas e rios cortando seu perímetro, se torna ainda mais suscetível aos efeitos de chuvas intensas e deslizamentos.
A classificação dos riscos, que varia de baixo a muito alto, é determinada pela proximidade das construções com encostas, pela quantidade de sinais de movimentação do solo, como fissuras no chão e postes tortos, e pelos episódios históricos de deslizamentos na região. A metodologia usada para a avaliação segue as diretrizes do Ministério das Cidades, com apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que elabora esses mapeamentos para prevenir tragédias e orientar ações preventivas.
Atualmente, quase 9 mil edificações estão sob monitoramento na cidade. Este é o segundo mapeamento realizado em Petrópolis.