Em recuperação judicial, a Universidade Cândido Mendes planejou realizar um leilão de suas obras de arte e design nos dias 15 e 16 de fevereiro, com pregões virtuais. O acervo contaria com mais de 200 itens, entre pinturas, xilogravuras, fotografias e mobiliário. Duas destas obras, porém, estão expostas em local público. Uma delas, na esquina da rua Primeiro de Março com a rua da Assembléia, orna o espaço público há quase 20 anos, e haveria dúvida acerca da propriedade das obras.
Para piorar o imbróglio, as duas obras fazem parte do Inventário de Monumentos editado pela Prefeitura e publicado em 2015. Nele, constam como “inauguradas” em 1985. (Abaixo) Os bens que constam da listagem são estátuas e outros monumentos que estão nas praças públicas e ruas da cidade.
Segundo a Procuradoria Geral do Estado (PGE) , a Universidade não teria apresentado sequer prova de que é proprietária das peças que estão no espaço público. Não só a instituição não teria apresentado Nota Fiscal comprovando a compra da peça, como também as peças não integrariam o balanço que enumera o patrimônio da UCAM. Assim, numa ação ajuizada pela PGE – nova ocupante do Convento do Carmo, ali ao lado – pede-se a suspensão liminar e urgente do leilão. A liminar deve sair ainda nesta segunda-feira, ou na terça, 15/02, segundo advogados.
O documento, ao qual o DIÁRIO DO RIO teve acesso, mostra detalhes da ação.
Duas belas esculturas do austríaco Franz Weissmann estão entre as obras que serão leiloadas e que fazem parte do cenário público do Centro do Rio de Janeiro há anos. Uma delas é a monumental Encontro (1983), instalada na Praça Alceu Amoroso Lima entre o edifício do Conjunto Universitário Cândido Mendes e o Convento do Carmo no Rio de Janeiro, por ocasião do 83° aniversário da instituição. A peça é uma atração da esquina da Primeiro de Março com a Rua da Assembléia. A outra é imensa A Terra (1958-1983), que fica no antigo pátio do Convento, que hoje é uma entrada para o edifício Cândido Mendes.
Vale lembrar que o Convento do Carmo, hoje totalmente restaurado com recursos da própria Procuradoria do Estado, já foi ocupado por décadas pela Universidade, que o alugava do governo. Ambas as esculturas são confeccionadas em aço e pintadas com tinta automotiva, e são atrações no Centro do Rio. Agora, correm o risco de ir da apreciação pública para a casa de algum colecionador.
A peça Encontro está com o valor de R$ 1.200.000 (17h30 de 9/2/22), já Terra está em R$ 1.000.000,00 (17h30 de 9/2/22). Há quase 40 anos no local, de acordo com especialistas, elas não merecem ir parar em uma coleção particular e não serem mais vistas por quem passa pelo Centro do Rio.
Dado que a UCAM nem mesmo conta com as obras de arte catalogadas em seu balanço, isso pra mim é confissão deles que as obras não são de sua propriedade – pois caso fossem elas seriam parte integrante do seu ativo.