Pintor Aldir Mendes de Souza ganha mostra individual na Galeria Contempo, em São Paulo

Com abertura em 24/03, a exposição “A Síntese das Coisas” reúne 28 telas do artista plástico paulistano e tem curadoria de Marcus de Lontra Costa; evento pra um bate e volta em Sampa

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Aldir Mendes de Souza, cirurgião plástico e pintor autodidata Wikipédia

A exposição “A Síntese das Coisas”, que abre para visitação 24 de março, na Galeria Contempo, na capital paulista, foi elaborada com uma missão mais do que especial: reinserir no mercado das artes o trabalho do pintor Aldir Mendes de Souza, falecido em 2007, em decorrência de uma leucemia. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra reúne 28 obras do artista, que também foi cirurgião plástico. Uma oportunidade para uma visita à capital paulista.

Monica Felmanas, sócia-proprietária da galeria ao lado de suas irmãs, Marcia e Marina, destaca que as telas – com dimensões variadas – impactam pela plasticidade cromática e precisão geométrica, desenvolvidos em mais de quadro décadas de dedicação à arte. “As obras do Aldir dialogam com o nosso acervo. Autodidata como artista e cirurgião plástico por profissão, ele substituía os bisturis por pincéis para se expressar, dando vazão a seus sentimentos e criatividade”, afirmou a galerista, para quem a mostra individual ainda se reveste de um outro significado: “Acreditamos nesse revival de seu nome, jogando uma luz merecida em seu trabalho.”

Aldir Mendes de Souza Filho, um dos herdeiros do pintor, também vê na exposição uma oportunidade de revistar a obra do pai. “Essa mostra é um renascimento do trabalho dele. Sua trajetória de 45 anos foi muito prolífica, fez par com os grandes artistas de sua geração, participou de cinco edições da Bienal de SP e colocou sua obra nos maiores museus do país. Após sua morte não houve oportunidade de lançar um olhar sobre seu trabalho e levar ao público uma sinopse de seu legado artístico, somos uma família pequena e nenhum de nós tem traquejo no mercado de arte. Após longos anos em que sua obra saiu do circuito das artes, poder ver sua obra exposta novamente em uma grande galeria e sob os cuidados do Marcus Lontra é um facho de luz,” celebrou Souza Filho.

A montagem da exposição, segundo o curador Marcus de Lontra Costa, foi realizada a partir do acervo em posse dos familiares de Aldir Mendes de Souza, com o propósito de que uma exposição maior seja montada em honra do trabalho desenvolvido pelo pintor.

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“Procuro apresentar um pequeno resumo de toda a trajetória do artista nesta exposição que deve ser vista não apenas como uma recolocação do Aldir no mercado de arte paulista e brasileiro, mas como um convite para que seja organizada uma exposição maior, com mais de 100 obras, numa grande retrospectiva, que ele certamente é merecedor”, disse o curador, enfatizando: “O Aldir é um artista muito interessante, porque ele tem uma trajetória que começa com uma pesquisa de vanguarda e num certo sentido vai se sedimentando como artista que busca uma relação entre essa estrutura geométrica oriunda dos movimentos modernistas e essa clareza gráfica pop. Um artista que vai pouco a pouco desprezando essa vertente modernista para se firmar como artista da tradição pictórica, pesquisando aspectos relacionados a espaço e, principalmente, cor. Tudo no Aldir se rege por uma geometria básica da composição, sobre a qual ele estabelece uma pesquisa sensível sobre a cor. Uma ideia de cor particular que dialogue com os aspectos populares e tropicais do Brasil, mas, ao mesmo tempo, que seja sofisticada e bem elaborada. Sem dúvida, é um artista que tem uma presença na construção da identidade diversificada da arte brasileira que merece ser lembrado e relembrado.”

Em seu texto curatorial, Marcus de Lontra Costa destaca que uma das grandes qualidades da obra do pintor refere-se à sua capacidade de ultrapassar modismos e temporalidades em sua busca por uma beleza essencial manifestada na humanidade e na natureza.

“Entre a figuração e o abstrato, entre a composição racional e a liberdade cromática, a obra pictórica de Aldir Mendes de Souza recusa modismos e reafirma a sua atemporalidade. Tudo aqui conspira em busca da beleza essencial dos seres e das coisas da terra. A sua clareza gráfica e a definição de espaços a serem povoados pela cor identificam uma ação oriunda de uma racionalidade industrial que encontrou eco na pop internacional que transformou a utopia modernista em ruínas do passado. Ao mesmo tempo, corajosamente abraça a tradição e reafirma a autonomia da linguagem cromática que o aproxima de Tarsila, Volpi e Carvão, construtores de uma poética da cor que nasce da sensibilidade popular para se afirmar como estratégia de sofisticação artística. Assim, toda pintura de Aldir Mendes de Souza é a precisa síntese entre a tradição e o novo, entre a racionalidade e o mistério,” explicou o curador.

A Galeria fica na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, no Jardim América, próximo a diversos restaurantes, shopping centers e muitos outros passeios culturais, para garantir um dia agradável – e sem muito trânsito . Vá por Congonhas.

SOBRE ALDIR MENDES DE SOUZA

Aldir Mendes de Souza nasceu, em São Paulo, em 17 de maio de 1941; e faleceu, em 12 de fevereiro de 2007. Formou-se na Escola Paulista de Medicina (EPM), em 1964, especializando-se em cirurgia plástica. Na pintura, foi autodidata desde o início, tendo começado a expor, em 1962. Ao longo da carreira, Aldir Mendes de Souza realizou pesquisas em vários setores da arte contemporânea, especialmente em pintura, marcando presença no cenário das artes plásticas do Brasil e do exterior. Entre 1960 e 1970, o pintor desenvolveu uma forte ligação com a arte de vanguarda, realizando performances e trabalhos em técnica mista, como radiografias e termografias. Durante este período, o pintor participou das Bienais Internacionais de São Paulo de 1967, 1969, 1971 e 1973.

O ano de 1969, marcou a sua transição do período vanguardista para as pinturas em tinta óleo sobre tela. Foi também, em 1969, que ele conquistou o 1º Prêmio Aquisição/Pintura do 26º Salão de Arte Paranaense, realizado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Paraná, quando conheceu o também artista plástico paulistano Arcangelo Ianelli (1922-2009), então integrante da banca julgadora. A partir de então, a trajetória de Aldir Mendes de Souza sofreu uma inflexão, com as pesquisas ligadas às novas vertentes artísticas sendo deixadas de lado para dar lugar à pintura de cavalete. O cafeeiro foi por ele eleito como elemento de pesquisa pictórica e cromática, representado por uma figura circular de contornos sinuosos, cuja seriação levou-o à perspectiva, e sua síntese formal à geometrização.

Em 2003, Aldir Mendes de Souza comemorou 40 anos de pintura com uma exposição no MASP, em São Paulo. Em 2006, a descoberta da leucemia, mesmo que debilitando-o, não o impediu de produzir. A série “Campos de Batalha,” que não foi completada, foi a sua doação final à arte, sendo que Aldir não chegou a expor a nova fase. Após 15 meses de luta, o cirurgião plástico e pintor encerrou a sua trajetória no mundo, aos 65 anos de idade.

Para saber mais sobre a trajetória profissional do artista, acesse o site http://www.aldir.com.br/

SOBRE MARCUS DE LONTRA COSTA

Residindo atualmente, em São Paulo, Marcus de Lontra Costa é natural do Rio de Janeiro. Na década de 1970, o curador teve o privilégio de trabalhar com Oscar Niemeyer, em Paris. Ao regressar ao Brasil, trabalhou como editor da revista Módulo, editada por Niemeyer. Tendo ainda desempenhado a função de crítico de arte dos jornais O Globo e Tribuna da Imprensa, na Revista Isto É. No Rio de Janeiro, foi diretor da prestigiada Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde montou a histórica mostra “Como vai você Geração 80”. Marcus de Lontra Costa fez curatoria no Museu de Arte Moderna de Brasília e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em Recife (PE), estruturou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Ao longo da sua carreira profissional, Marcus de Lontra Costa tem realizado diversas exposições coletivas e individuais no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

SOBRE A GALERIA CONTEMPO

Em atividade, desde 2013, o espaço foi idealizado pelas irmãs Monica, Marcia e Marina Felmanas, com o objetivo de reunir o melhor da produção artística contemporânea brasileira de artistas emergentes, jovens e promissores talentos. Atualmente, a herdeira da ProArte Galeria, conta, em seu portfólio, com obras produzidas por artistas já consagrados, como os pintores Rubens Ianelli e Aldir Mendes de Souza – transitando pela pintura, desenho, gravura, fotografia, arte de tridimensional e de rua.

Serviço:

Curadoria: Marcus de Lontra Costa

Organização: Marcia Felmanas, Monica Felmanas, Solange Mendes de Souza e Rejane Tacchi

Onde: Galeria Contempo

Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1644, Jardim América

Abertura: 23 de março, das 18h às 22h

Visitas: 24 de março a 15 de abril; segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 16h.

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