Os empresários cariocas têm de se filiar a Associação Comercial do Rio de Janeiro

A Associação Comercial de São Paulo tem mais de 10 mil associados, enquanto a do Rio menos de mil; isso se reflete em uma força menor dos empresários na luta por um estado pujante e um ambiente de negócios amigável e convidativo

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Imagem do prédio da ACRJ | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

Os cariocas têm o hábito de reclamar, e isso se aplica também aos comerciantes e empresários brasileiros (às vezes com muita razão); mas quando se trata dos comerciantes cariocas…temos que admitir que o nível de reclamação sobre tudo supera tranquilamente a quantidade deles que efetivamente busca soluções para os problemas de que tanto se queixam. Aí que vem a discussão mais importante: o que estão eles fazendo para mudar a situação? Vamos ser sinceros, muitas vezes, não fazem nada além de reclamar, e culpar tudo menos a si próprios. E, sobre reclamar sozinho, isso raramente traz resultados. Desprezam o poder da associação em torno de objetivos comuns, e mais ainda a força da união dos que geram riquezas e não estão envolvidos na política partidária.

Associações comerciais existem em todo o mundo, e sua influência está diretamente relacionada ao número de membros que representam, dentro de um mesmo campo de atuação empresarial. Atualmente, elas não abrangem apenas o comércio, mas também são a casa dos empresários.

O DIÁRIO DO RIO, por exemplo, faz parte de algumas destas associações e está envolvido em comissões relacionadas ao jornalismo e inovação. No entanto, nossa Associação Comercial (que tem mais de 200 anos) está enfraquecida, com poucos empreendedores filiados. É hora de mudar isso; algumas mudanças importantes têm ocorrido com a atual gestão, é verdade, mas a força de verdade virá mesmo do números de associados.

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Sabemos que o comércio mudou um pouco; na região de comércio popular do Centro, que ainda é bastante pujante, surgiram muitos comerciantes estrangeiros – asiáticos – que se isolam completamente e sequer participam do Saara, que sempre reuniu os lojistas da região, e hoje virou mais um símbolo da área do que efetivamente um órgão representativo. Tínhamos também a Sarca, da rua da Carioca, que organizava aquele lindo bolo no aniversário da cidade, e hoje fazem apenas figuração com aquele chapeuzinho gozado, mas não têm mais qualquer representatividade. Mas a Associação Comercial do Rio tem história, atua com muitos membros e conselhos, e precisa do apoio de todos que produzem riqueza na cidade, para impulsionar mais e mais as pautas caras aos lojistas, comerciantes e empresários do Rio. É uma organização com estrutura, prestígio, e que não virou café-com-leite. Precisamos, como cidade, apostar nela.

Se não crescermos e franquearmos apoio às suas atividades, vereadores e deputados continuarão a aprovar projetos de lei que prejudicam os negócios da cidade. Alguns chegam a ser verdadeiras anedotas saídas da cabeça de gente que nunca gerou um tostão de riqueza e acha que o mundo ê uma bola de papel. Recentemente, por pouco, não foi aprovado um projeto ridículo que obrigava a presença de cardápios infantis em todos os bares e restaurantes da cidade. Não esqueçamos dos projetos idiotas que obrigam os comércios a pendurarem mais e mais placas com dizeres cretinos que ninguém nunca vai ler pra ganhar voto em cima de alguma coisa que aconteceu e teve repercussão na imprensa. A criação de placas obrigatórias é tanta, que se criou um negócio próprio para isso. E os parlamentares continuam, em doses semanais, a inventar novas… a placa de observar se o elevador está no andar não salvou uma vida até hoje.

Além disso, persistem regulamentações excessivas que afetam os empresários, e elas só aumentam. Nosso legislativo é formado por sua maioria por pessoas que nunca empreenderam e vivem em um mundo de intenções, nem sempre boas. Parece que ninguém lembra que o consumidor tem sempre a possibilidade de não comprar aquele produto ou serviço, se ele for ruim ou caro.

Não vamos nem começar a falar sobre impostos e taxas. O ICMS estadual é extremamente elevado, o que torna o ambiente de negócios hostil no Rio, como poucos no país. Ou sobre a necessidade de se baixar ISS e IPTU em locais onde a prefeitura quer impulsionar desenvolvimento, com a necessária revisão da planta de valores venais de IPTU, que devem ser adequados ao mercado. A situação da Tirolesa do Pão de Açúcar é outro exemplo que ilustra a insegurança jurídica na cidade, já que a pressão de um grupo levou à paralisação da obra. Sem contar a atuação errática de certos órgãos de Patrimônio, que acabam causando mais destruição de nossa herança cultural em vez de ajudar. Dependendo desse pessoal se hoje, não teríamos um Cristo Redentor, um Parque do Flamengo, uma Avenida Brasil, nada… enquanto isso vemos as cidades do estado de São Paulo prosperando, afinal, um ambiente de negócios melhor e convidativo, com benefîcios que garantem continuidade dos antigos e chegada de novos mercadores, que produzem mais riqueza para o estado (deles!).

Afinal, chocantemente, nossa ACRJ possui menos de mil membros, em comparação com a Associação de São Paulo, que tem mais de 10 mil. Isso se reflete em recursos financeiros limitados, falta de pessoal para contratar, incluindo profissionais de relações governamentais, assessoria de imprensa e relações públicas, sem contar a baixa representatividade. Atualmente, tudo depende da boa vontade e dos recursos pessoais dos conselheiros, mas isso não pode ser a única fonte de apoio para nossa cidade, pois uma rede de suporte deve existir representada pela associação, que precisa ter voz forte pra falar de igual pra igual com nossos governantes.

É hora de nossos empresários perceberem a necessidade de se profissionalizar e unir forças. A mensalidade da associação é acessível, e neste Dia do Comércio (16/10), é o momento de refletir. É hora de parar de apenas reclamar e começar a agir. Somente esperar que Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores – padroeira dos comerciantes do Rio – interceda por nós não vai ser suficiente para proteger nossas empresas; temos que colocar a mão na massa e utilizar esta estrutura que está à disposição de todos para pressionar os governantes a olhar por quem gera riqueza no Rio de Janeiro.

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6 COMENTÁRIOS

  1. O Estado é sempre o culpado mesmo quando acha que está resolvendo. Só saia da frente, pare de atrapalhar. Mas, não, quer sempre ser “sócio” que entra com a arrecadação e regras, nunca com trabalho e ajuda. E, sr Paulo, esse paulista (urhg!) que escreveu acima, foi o governo incompetente, demagogo e esquerdista do velho Briza que abriu as porteiras para a calamidade do Rio de Janeiro. Vocês paulistas fundaram o PT (porca miséria!) não venha dar palpites.

  2. Disco arranhado. “A culpa é sempre dos outros”.

    Até hoje botam a culpa em um certo governador de esquerda pela violência no estado. Pura incompetência/conveniência mesmo.

    São Paulo isso, São Paulo aquilo. Meu amigo, aqui quem fala é um paulista e te digo: São Paulo não é exemplo de NADA.

    Só o Rio de Janeiro pode ser Rio de Janeiro. O estado deveria ter soluções para os seus próprios problemas. Estados fortes só se fortalecem tendo clareza de seus problemas e buscando soluções. Não há “iniciativa privada” no mundo que resolva isso. Muito menos meia dúzia de pessoas “empresários” que tem mente seus próprios bolsos e objetivos.

    Vão se passar 200 anos e permanecerão provincianos com esses pensamentos aí.

    • Concordo com vc Paulo. Só o Rio de Janeiro pode ser Rio de Janeiro. Essas comparações são inúteis.

      Por outro lado, no Rio de Janeiro tem as piores pessoas em lugares de transformação e ação concreta: políticos, empresários, imprensa, etc.

      Os cariocas odeiam tanto o Rio que querem ser como São Paulo ou qualquer outro lugar “descolado” e “prafrentex” aí hahahahaha. Trágico!

  3. Se a ACRJ entrar de cabeça em pautas que valorizem o Rio para dispor do comercio inovador e de vanguarda para atrair turistas, ótimo. Mas se apoiar nossos governos municipal e estadual para, por exemplo, reduzir o uso do Santos Dumont ao mesmo tempo que Congonhas, que tem o mesmo perfil do SDU, passa para a gestão privada com amplas perspectivas de melhora e otimização de voos e ganho passageiros, não dá. É dar passe pra lateral pra ser interceptado pelos adversários irem na cara do gol. Vamos nos unir pela estrutura do Rio, não pela marca Rio.

  4. Concordo plenamente. Só não se pode desconhecer as duas realidades. Rio e São Paulo. Não do ponto de vista econômico, é claro, aí não tem como comparar. Eles tem mais conscientização da importância de fortalecer o privado e a si mesmos. Além disso, hoje, eles tem a sede de inúmeras redes de TV, o que faz a diferença. Dou um exemplo. Dos quatro canais de TV Católicas, três tem sede em São Paulo e vire e mexe fazem campanhas para alguma instituição daquele estado além de para si próprias. E são redes, ou seja arrecadam do Brasil todo. A “nossa” TV Globo dependente do mercado publicitário de São Paulo é refém de qualquer coisa que possa manifestar seu apoio ao Rio, sob pena de ser vista como anti-SP. O que eu quero dizer é que não temos canais de mídia, todos, capazes de lançar campanhas para conscientização desses empresários para a importância de fortalecer essas instituições. Hoje só temos o Diário do Rio para esse fim, o que convenhamos é muito pouco, sem desmerece-lo. O Diário do Rio deu o pontapé, vamos fazer campanhas para a importância dessas instituições tanto para os próprios empresários quanto para o Rio.

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