Praça da Harmonia, na Gamboa, volta à cena através da efervescência de bares, museus e ateliês

De local abandonado e marginalizado a ponto de efervescência cultural, bem no coração do Rio de Janeiro

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Praça da Harmonia / Foto: Prefeitura do Rio de Janeiro

A Praça da Harmonia, localizada no bairro da Gamboa, no coração do Rio de Janeiro, deixou o passado de abandono para trás, para dar lugar a uma série de atividades culturais desenvolvidas a partir dos investimentos do poder público municipal na Região Portuária, e do Instituto Inclusartiz, da mecenas Frances Reynolds, que atua no local, desde 2021, quando inaugurou a sede do seu centro cultural. Frances Reynolds, considerada uma das artistas plásticas mais importantes do cenário nacional, é uma argentina encantada pela cidade e que aqui reside há 25 anos.

No Instituto Inclusartiz, cujo prédio abrigava uma fábrica de tecidos, são oferecidas exposições e ateliês de arte. A Frances Reynolds pretende, em breve, inaugurar salas de oficinas. Após vencer a desconfiança dos moradores da região, acostumados com anos de abandono, o instituto trouxe vida e valorização aos habitantes locais. A reforma do prédio foi realizada por pessoas residentes no bairro. Todo o material uso nas intervenções foram adquiridos localmente também. A primeira grande exposição do Inclusartiz, “Gamboa: Nossos Caminhos Não Se Cruzaram por Acaso”, em 2022, contou com a participação de 25 artistas e coletivos ligados à Zona Portuária, do pintor Heitor dos Prazeres a contemporâneos como Mãe Celina de Xangô.

Com a movimentação de pessoas cada vez maior, um dos passos naturais para a revitalização da Praça da Harmonia foi a reforma do seu coreto, que agora está limpo e bem pintado. Outro equipamento local, que também passou por uma repaginação, foi a quadra esportiva, que é palco de rodas de samba que ocorrem mensalmente, sob o comando do tradicional grupo Cordão do Prata Preta. A praça também ganhou um novo mobiliário, com direito a brinquedos novos para as crianças, nova iluminação e muitas mudas plantadas nos canteiros pela criançada da ONG Ação Gamboa. Com as mudanças, o comercio local também voltou a florescer. Antes os ambulantes trabalhavam na praça apenas à noite nos finais de semana. Pouco a pouco, começam a ocupar o espaço com mais frequência.

Duas vantagens destacadas por moradores e frequentadores da Praça da Harmonia são a segurança e uma sensação de acolhimento, uma vez que o local não é cultuado como um ponto turístico. De quinta a domingo, o que se vê são grupos e mais grupos de pessoas interessadas na produção cultural da Harmonia, que ficou ainda mais escondida quando foram retiradas as linhas de ônibus para dar lugar ao VLT. A proximidade com equipamentos culturais, como o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e o Espaço Malungo, além de inúmeras galerias e ateliês também ajuda no aumento do afluxo de pessoas à região.

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Pode-se dizer que a revitalização da Praça da Harmonia é o resultado de intervenções públicas iniciadas, em 2013, na primeira gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD), quando demoliu a perimetral, para dar início a amplas reformas na Zona Portuária. De lá para cá, foram inaugurados o Museu de Arte do Rio, no mesmo ano, e o Museu do Amanhã, em 2015, além de vários complexos empresariais e construções residenciais. Tudo isso embelezado pelo maior grafite do mundo: o “Etnias”, do artista paulistano Eduardo Kobra. O local ainda conta com opções gastronômicas de destaque, como o Bar Delas, fenômeno da noite carioca. Tamanho é o sucesso da Harmonia, que artistas do projeto Lanchonete, Lanchonete, atuantes no local desde 2018, atraem um público cada vez mais diversificado, inclusive famosos, como: Camila Pitanga e Bruna Linzmeyer.

A Praça da Harmonia já havia passado por outras intervenções. No século XIX, no local funcionava um mercado de apoio às grandes demandas do Mercado Municipal da Praça XV. Com o declínio das transações, o mercado deu lugar a um cortiço, que acabou sendo destruído por um incêndio. Coube ao prefeito Pereira Passos, a reurbanização da área, que acabou dando origem ao largo. A fachada de tijolinhos, que continua de pé, foi a primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil, inaugurada em 1887.

O agora Moinho Fluminense, que ocupa quase todo o quarteirão, é de propriedade de um fundo de investimentos estrangeiro, que tinha como objetivo construir um shopping na região. Ideia deixada de lado, após Frances Reynolds ter se encontrado com um dos donos do empreendimento em um evento no exterior e ter lhe explicado, que o local tinha mais perfil cultural que comercial. O empresário deu-se por convencido, e a artista plástica, uma das grandes responsáveis pelo renascimento da Praça da Harmonia, prepara-se para dar outro importantíssimo passo: transformar o prédio em uma universidade técnica, iniciativa que, certamente, abrirá mais oportunidades aos moradores da região.  

Atrações das proximidades da Praça da Harmonia:

1 – Instituto Inclusartiz. Destinado à formação de artistas, por meio de residências, além de ser um espaço de exposições. “Da Avenida à Harmonia, sobre o Carnaval no Centro do Rio” é a exposição em cartaz atualmente. Rua Sacadura Cabral, nº 333. De terça a domingo, das 11h às 18h. Grátis.

2- Muhcab. O museu tem exposições fixas e temporárias sobre a história do maior desembarque de africanos escravizados no mundo e os importantes marcos de afirmação negra no Brasil. Rua Pedro Ernesto, nº 80. De quarta a sábado, das 10h às 17h. Grátis.

3 – Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos. Criado a partir da descoberta de cemitérios de escravizados e indígenas em seu subsolo. Conta com mostra permanente em seu museu memorial. Rua Pedro Ernesto, nº 32-34. Funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 16h; sábado, das 10h às 13h. R$ 20,00 (grátis às terças).

4 – Filial da Sergio Castro Imóveis, empresa que há 74 anos atua no ramo imobiliário industrial. A Sergio Castro ocupa um imóvel construído em 1899. A unidade foi totalmente restaurada para receber as atividades da imobiliária, com funcionalidade e respeito ao patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

5- Mississippi Delta Blues Bar. A primeira casa temática dedicada ao blues, com inspiração nos famosos juke joints americanos, bares de fora do circuito turístico. A casa fica Rua Pedro Ernesto, nº 89, e funciona de terça a sábado, das 18h30 à 1h30. Reservas pelo Instagram @msdeltarj.

6 – Bar Delas. Tocado por Cristiane de Souza, o bar é conhecido pela sua diversidade de público e administração feminista. O Bar Delas oferece apresentações de pagode às quintas-feiras; e DJs, às sextas e aos sábados. Rua Pedro Ernesto, nº 5. Programação no Instagram @bar_dellas.

7 – Galeria Metara. Saiu de Ipanema, na Zona Sul, para ocupar um prédio de três andares na região, com molduraria e galeria, com mais de 5 000 gravuras e pôsteres. Representa artistas, como: Susi Sielski Cantarino, Xico Chaves e Rogério Camacho. Rua Sacadura Cabral, nº 264. Funciona de segunda a sexta-feira, 9h às 18h. Telefone: 2537-3854.

8 – Ateliê Sanitário. Espaço autônomo de formação, trabalho e convivência, administrado por um grupo de artistas, curadores e pesquisadores, que promovem exposições. Rua Pedro Ernesto, nº 56.Interessados devem agendar visitar via Instagram @ateliersanitario ou ateliersanitario.residencias@gmail.com

9 – Lanchonete, Lanchonete. Associação cultural sem fins lucrativos apoiadora do desenvolvimento cultural de crianças, adolescentes e mulheres residentes em ocupações da região. Rua Pedro Ernesto, nº 16. Programação no http://www.lanchonetelanchonete.com.

As informações são da Veja Rio.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Esse moinho e esse Porto já viraram piada, nada sai nesse luga , Alias saindo um bando de pombal igual os q tem na zona leste de SAMPA uma verdadeira COAB numa área valorizada q deveria ter projetos belissimos, enfim cariocas com sindrome de vira latas e favelados
    Se fosse em SAMPA já teriam criado um projeto belissimo e ja estaria pronto.

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