A uma parceria entre a Secretaria de Conservação (Seconserva) e a Secretaria de Trabalho e Renda, ambas atreladas à Prefeitura do Rio, promoveram um curso gratuito de formação para calceteiros – profissionais que trabalham com pedras portuguesas. A formatura dos 44 alunos aconteceu segunda-feira (18), após seis semanas de formação, no Museu Histórico Nacional, na Praça Marechal Âncora, no Centro. Os formandos são, em sua maioria, funcionários de empresas prestadoras de serviço, em busca de aperfeiçoamento na função.
O subsecretário de Conservação, Marco Aurelio Regalo de Oliveira, afirmou que a prática da calcetaria pode ser considerada um dos braços da zeladoria da cidade, que tem pedras portuguesas em diversas calçadas.
“A manutenção de calçadas em pedras portuguesas requer uma formação específica, porque quando o trabalhador não domina a técnica o resultado deixa a desejar e as calçadas se tornam um risco para os pedestres. A oferta do curso tem dois pilares: o primeiro é a questão cultural e artística, no sentido de preservar um patrimônio que é de todos nós, e o segundo é oferecer treinamento e conhecimento para empresas que atuam nas vias públicas, de forma que, após a conclusão dos seus serviços, elas possam restituir à cidade um piso de acordo com o padrão original daquele local”, disse Marco Aurélio.
Além das aulas teóricas e práticas, os alunos também fizeram visitações guiadas ao calçadão de Copacabana, às calçadas do Theatro Municipal e da Cinelândia. O roteiro de estudos apresentou aos alunos disciplinas, como: história da Calçada Portuguesa, desafios da conservação urbana, conservação de patrimônio como geração de emprego, e renda e noções de empreendedorismo. Eles também tiveram acesso a noções de segurança do trabalho, além de informações sobre o emprego de materiais e moldes para confecção do calçamento em pedras portuguesas.
O secrário de Trabalho e Renda, Everton Gomes destacou a relevância que o calçamento tem como patrimônio histórico-cultural carioca.
“Os calceteiros são trabalhadores que contribuem para garantir a identidade da nossa cidade e torná-la reconhecida no mundo todo. Qualificando para o trabalho nessa função, garantimos o futuro desse traço tão carioca que são nossas calçadas de pedras portuguesas”, afirmou Everton.
Luziclaudio da Silva Pereira, natural do Estado da Paraíba, desconhecia o valor cultural das pedras portuguesas antes de fazer o curso.
“Eu via colocando pedra portuguesa, mas não sabia do valor que aquela pedra tinha, achava que era uma pedra qualquer. Agora, tenho conhecimento e sei valorizar. É um privilégio fazer esse trabalho de arte. Vai ser muita emoção andar na rua e poder mostrar ao meu filho uma coisa que eu fiz”, festejou o paraibano.
Paulo Cesar de Oliveira, que já era funcionário de uma empresa que atua em vias públicas, se apaixonou pelas pedras portuguesas durante as aulas.
“É como na escola: entra sabendo nada e sai sabendo tudo. As pedras portuguesas são símbolos do Rio de Janeiro. Quero fazer um desenho em pedras portuguesas no meu quintal, talvez uma rosa. Vai ficar um trabalho diferente”, pontuou o ex-aluno.
O curso de calcetaria contou com palestras ministradas pelos seguintes profissionais: os secretários de Conservação, Marco Aurelio Regalo de Oliveira, e de Trabalho e Renda, Everton Gomes; a artista plástica, Moema Branquinho, o historiador Paulo Knauss e o secretário de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte, Leandro César Pereira.