Já perdi as contas de quantas vezes citei a Rua do Ouvidor nesta coluna de história. A via, bem próxima à sede do DIÁRIO DO RIO, tem muitas memórias que merecem ser lembradas e contadas. E até cantadas. Esse é o tema do texto desta quinta-feira: a primeira gravadora da América do Sul.
Livrarias, jornais, cafés, cinemas, a Rua do Ouvidor, historicamente, sempre foi uma via movimentada social e culturalmente. A Casa Edison, primeira casa gravadora no da América do Sul, fundada em 1900 por Frederico Figner, também ficava lá, no número 107.
No início dos trabalhos, a Casa Edison somente importava e revendia cilindros fonográficos (utilizados nos fonógrafos de Thomas Edison) e discos (utilizados nos gramofones de Emil Berliner). Contudo, em 1902, possibilitou um marco na cultural em todo o Brasil.
No citado ano, a Casa Edison lançou o que é considerada a primeira música brasileira gravada: o lundu “Isto É Bom” do compositor Xisto Bahia na voz de Baiano.
Já em 1917, outro feito histórico. O primeiro samba gravado em nosso país teve todo o processo de gravação realizado na Casa Edison. A música em questão é “Pelo Telefone”, de autoria de Donga e Mauro de Almeida, também cantada por Baiano.
A Casa Edison foi representante da Odeon Records e dos vários selos que a empresa alemã possuía. Também administrou a fábrica recém aberta pela Odeon no Rio de Janeiro, a partir de 1912.
No ano de 1926, a gravadora perderia a representação da Odeon e, em 1927, passaria a gravar pelo selo Parlophone.
Na década de 1930, mais precisamente em 1932, a Casa Edison saiu da indústria fonográfica e passou a operar com máquinas de escrever, geladeiras e mimeógrafos. Encerrou as atividades em 1960.