Prisão de Brazão abre ferida na campanha de Eduardo Paes

Eduardo Paes tinha uma ligação muito próxima à Família Brazão, como vários prefeitos e governadores tiveram. Mas será que isso prejudicará sua campanha de 2024

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É de conhecimento geral que a política do Rio de Janeiro e o crime organizado mantêm uma relação de simbiose há décadas, talvez desde sempre. Contudo, na era dos bicheiros, prevalecia ao menos uma certa dose de respeito: nenhum banqueiro do bicho ascendeu a vereador, deputado ou conselheiro do Tribunal de Contas. Da mesma forma, traficantes não alcançaram tal audácia. Essa dinâmica se altera radicalmente com o surgimento dos milicianos, que passam a disputar cargos eletivos e figuram entre os mais votados, conhecidos publicamente, ainda que de maneira não oficial.

A prisão de Domingos e Chiquinho Brazão neste fim de semana, sob acusação de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, é mais um episódio dessa história. A Câmara de Vereadores do Rio já tem antecedentes com a milícia, destacando-se o falecido Jerominho, miliciano e vereador, que tentava inserir sua filha na política. Isso sem mencionar aqueles nomes que todos suspeitam, mas ainda não podem ser confirmados.

Os Brazão, porém, distinguem-se pelo seu poder. Na capital, há um vereador Brazão (que, apesar de não ser parente, faz parte do grupo), um deputado estadual, um deputado federal e um conselheiro do Tribunal de Contas. Para qualquer político, ignorar tal influência eleitoral é difícil, especialmente com o domínio que possuem na região de Jacarepaguá, particularmente na Taquara, considerada o quartel-general do clã.

Eduardo Paes e o Clã Brazão

Todos os prefeitos e governadores do Rio tiveram alguma relação com os Brazão desde que surgiram na política. Mas nenhum deles é candidato à reeleição como Eduardo Paes (PSD), cuja situação se complica por querer mostrar uma luta contra as milícias, derrubando imóveis ilegais e em ações de ordenamento urbano. Isso cai por terra com os vídeos que passaram a circular desde a prisão de Domingos e Chiquinho.

No mais recente, já com várias denúncias contra Brazão, há 7 meses Paes participava do lançamento da pré-candidatura de Kaio Brazão, filho de Chiquinho Brazão. O local era o Merck, sub-bairro da Taquara, e além do prefeito, estava quase todo o clã e a subprefeita de Jacarepaguá Marli Peçanha.

Eduardo elogia a família dizendo: “Quem melhor representa Jacarepaguá, quem mais briga, é a família Brazão”, “Como a tradição não pode parar. Não quero nem saber, quem botou essa pilha fui eu. Chiquinho já está meio gagazinho, Pedro também, Dominguinho então, nem se fala. Aí falei: vamos colocar um moleque novo nessa história para ter energia, disposição, acordar cedo e dormir tarde”.

Na época Chiquinho ainda não era secretário Secretaria de Ação Comunitária, cargo que ocupou de outubro de 2022 a janeiro de 2023. Acabou sendo exonerado quando começaram as primeiras especulações sobre o assassinato de Marielle. Mas já havia os boatos e ainda assim Eduardo o nomeou.

No já infame vídeo em que uma série de xingamentos de Eduardo Paes levou ao pedido de Talita Galhardo, Paes diz que importa quem tem voto. E menciona a equipe de Brazão e que este tinha votos:

Essa proximidade acabou trazendo de volta uma antiga entrevista de Paes, antes de se eleger prefeito, em que comenta sobre a “Polícia Mineira“, futura milícia, como exemplo de que é possível combater o tráfico. Ele não elogia a milícia e, como ex-morador da Praça Seca, confirmo que o Morro São José Operário ficou muito mais pacífico após ela. Só que agora essa entrevista será usada para mostrar que Eduardo seria próximo da milícia

Os efeitos nas eleições 2024

No momento é difícil saber o quanto isso prejudicará, e se prejudicará, a campanha de Eduardo Paes em 2024. Ele estava sendo visto como um candidato de centro-esquerda, inclusive tentando mudar essa impressão. Obviamente que a proximidade com os Brazão e o assassinato de Marielle vai afastar eleitores mais a esquerda, especialmente no primeiro turno, mas estes já tenderiam a votar no Professor Tarcísio (PSol).

A questão é o tema Segurança Pública, um ponto fraco de Paes e que poderá ser explorado pelo Delegado Ramagem (PL). O Bolsonarismo saiu melhor da elucidação do crime, eram acusados de participação, de conluio com os milicianos. Como isso se mostrou falso, podem se mostrar como vítimas da maldosa mídia, etc. E o farão. O mesmo deve fazer Otoni de Paula (MDB), bolsonarista e que já vem antagonizando com Eduardo há meses.

Pedro Duarte (Novo) e Marcelo Queiroz (PP) podem aproveitar que ambos são jovens, dinâmicos e sem relação com o crime organizado. Resta saber se aproveitarão o momento para desgastar a imagem do atual prefeito.

Mas tudo isso depende da população, que pode não comprar a ideia de um Eduardo Paes ligado à milícia. Ou mais, pode não se importar, preferindo manter um governo que vem entregando.

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11 COMENTÁRIOS

  1. KKKK, muito engraçado ver as tentativas da comunada de abafar o caso, agora que foi provado que o crime foi praticado pelos comparsas do ladrão de 9 dedos.
    Rindo muito aqui kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  2. Qual o político que sobrevive sem alguma relação com alguma atividade criminosa localizada. Única virtude de Dudu é que o Teflon da panela dele é muito forte, nada gruda nela…até agora. Quem sabe?

  3. Bom todo mundo sabe pra quem a imprensa se vendeu e de quem o dudzinho é amigo desde sempre do eixo Lulecabrão. Logo, sabemos quem a imprensa irá tratar de ajudar na imagem do malandronho com a fincou como vem passando pano até no muro chapisco para o stalinácio

  4. Todo mundo sabe que não vai dar em nada para ele. Só os bolsonaristas e os que não entendem de eleição municipal acreditam nessa possibilidade.

  5. A cidade ta funcionando. Brenno Carnevale continua demolindo os imóveis da Milícia e o secretario Brazão saiu da prefeitura antes da denúncia. É preciso ver quem os Brazão apoiaram pra Presidente, Governador… quem permite loteamento de cargos em batalhões, delegacias.

  6. “O Bolsonarismo saiu melhor da elucidação do crime, eram acusados de participação, de conluio com os milicianos. Como isso se mostrou falso, podem se mostrar como vítimas da maldosa mídia, etc.”

    Então o Paes tem relações com a família sai chamuscado dessa, podendo até perder as eleições, já o ocrim Bolsonaro que é a personificação da milícia no Estado tá tranquilo?

    Que isso, bicho!

    Alguém solta um peido:

    – Já era pro Paes
    – Faz o L!
    – O Brasil não tem jeito
    – Na minha época…
    – Tudo culpa do Brizola!

    Chapéu de alumínio pra vcs contatarem a Nave Mãe.

    • Exato! Desse jeito aí.

      Os caras ainda ficam nessa ladainha de “perseguição da mídia” como se os fatos não existissem e fossem criados por algum jornalista ou blogueiro. É muita desonestidade.

      Enquanto isso, na Disneylandia o Cláudio Castro…ZzZzzZzzZzzzzZzzz

    • Eles compraram uma fábrica de pano, só pode. Querem manter os milicianos ou traficantes comandando o Rio a qualquer custo.
      E povo, claro, irá cair nesse mais uma vez.

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