A Marvel Comics é uma das maiores editoras do mundo dos quadrinhos, uma espécie de religião para uma grande série de seguidores apaixonados por esta modalidade de leitura; desde 1939 seus desenhistas sano seguidos por uma geração de adoradores das histórias de heroísmo, com traços bastante característicos. E se o estilo da Marvel aparecesse por aqui, em terras tupiniquins e cariocas, para contar a história do Brasil, de uma forma que pudesse atrair, animadamente, uma geração de estudantes e jovens que normalmente acabam bocejando nas aulas de história?

Esta é a idéia por trás de um projeto bem carioca que tem a participação de um roteirista best-seller e do maior desenhista de quadrinhos do mundo, na atualidade. E trata-se de um projeto adiantado; os contratos já estão assinados e o roteirista Laudelino de Oliveira Lima – historiador e romancista – já está trabalhando a 4 mãos com ninguém menos que o desenhista premiado internacionalmente e cujo nome é sinônimo de Marvel: Joe Bennett.

Bennett, é brasileiro, nortista, apaixonado pelo Brasil, além de ser um artista com quase 40 anos de profissão e é o desenhista oficial do personagem Hulk (Marvel) por anos e abraçou o projeto com emoção. Diz que este seu primeiro trabalho para o Brasil seria dos mais importantes que fez na vida, e está dando seu traço à história em quadrinhos sobre o imperador D. Pedro I. Segundo os editores, Bennett encara este verdadeiro desafio gráfico não como um trabalho que regularmente faz para os americanos, mas como se cada rabisco do seu lápis fosse uma homenagem aos gigantes que construíram a nação brasileira. Desde o mais simples desconhecido até o mais famoso. É também uma homenagem às suas raízes.

O projeto está em andamento desde 2020, e pretende atrair tanto leitores jovens como adultos adoradores dos quadrinhos como também admiradores e estudiosos da história do Brasil. Segundo Laudelino, “tudo começou por uma pesquisa e minuciosa releitura de tudo o que havia sido publicado sobre o período que corresponde entre o Terremoto de Lisboa em 1755 e o falecimento de D. Pedro I”.

O roteirista dentificou 1303 fatos marcantes que foram colocados num sistema que gera uma espécie de linha do tempo histórica, onde é possível identificar fatos, períodos, influências e personagens. Essa ferramenta é muito útil na construção de uma linha narrativa, absolutamente precisa e encadeada. No início, o problema passou a ser a escolha do personagem central, entre tantos personagens geniais da história do país. Mas, os duzentos anos da nossa independência ajudaram a definir o primeiro personagem do projeto: o primeiro imperador do Brasil.

O projeto é ambicioso. Seus idealizadores pretendem criar as imagens que não existem no imaginário até mesmo dos historiadores mais especializados na história do Brasil. Alguns quadros mostram uma cena ou outra do período, mas muitas passagens da nossa história não possuem uma representação visual. O Centro Histórico do Rio foi palco de diversos acontecimentos que, agora, vão fazer parte dos quadrinhos.

Diante do talento do desenhista, não perderemos a chance de ver no papel, por exemplo, a imensa tristeza dos brasileiros durante o gigantesco funeral de d. Leopoldina, primeira mulher a governar o Brasil e que faleceu tão precocemente. Estas foram as palavras do embaixador do Reino da Prússia, Theremim, que vão acabar num balãozinho, no melhor estilo Marvel:

”A consternação no meio do povo era indescritível; nunca […] foi visto igual sentimento uníssono. O povo se encontrava literalmente nos joelhos rogando ao Todo Poderoso pela conservação da imperatriz, as igrejas não se esvaziavam e nas capelas domésticas todos se encontravam de joelhos, os homens formavam procissões, não de habituais que quase costuma provocar risos, mas sim de verdadeira devoção. Em uma palavra, tal inesperada afeição, manifestada sem dissimulação, deve ter sido para a alta enferma uma verdadeira satisfação”.

O financiamento da idéia inovadora é coletivo e feito por brasileiros comuns que acreditaram na ideia e na capacidade dos organizadores, e que há anos sonham em ver a história do país em quadrinhos. Os organizadores já receberam contribuições de praticamente todos os Estados. “O desejo de ver a nossa história sendo contada com honra, honestidade e beleza, é nacional“, diz Laudelino, comemorando que a arrecadação precisa apenas de pouco mais de R$ 12.000,00 pra o projeto acontecer de vez, pelas mãos da Editora Super Prumo.

Em tempos de internet, a gente sabe: a coisa se dá de maneira muito simples. A pessoa entra neste site aqui, escolhe o tipo de recompensa que mais se encaixa no seu orçamento, faz o pagamento e aguarda a finalização da obra para receber a sua revista (1ª fase) e os seus brindes. A ajuda é simples e online, através da já tradicional plataforma APOIA.se, que faz a entrega dos recursos quando o objetivo é concluído.

Os valores das contribuições que os interessados podem dar estão entre R$ 2 e R$ 600. Dentre todas as opções, uma das mais inovadoras e interessantes é conseguir que o seu rosto apareça na história, como um figurante de destaque. Já se imaginou presente e eternizado no ‘‘Grito do Ipiranga” ou nas batalhas de trincheiras da cidade do Porto, durante a guerra civil Portuguesa em que Pedro lutou contra Miguel, vencendo-o contra todas as previsões?

O projeto está dividido em três etapas: No primeiro volume da obra, será mostrada a criação épica de Portugal e as referências disso na Odisseia. O terremoto em Lisboa, a reconstrução de Portugal, a ascensão de Maria I, a piedosa, o terror da revolução francesa, o nascimento de d. Pedro, o surgimento de Napoleão, a intimidação inglesa em Portugal, a traição espanhola, as invasões francesas em Portugal, o contexto da decisão da partida da família real, a travessia do atlântico e a chegada da família real ao Brasil.

Os dois volumes seguintes, também terão os seus financiamentos e seguirão em detalhes até a declaração de independência do Brasil, a conquista de Portugal por Pedro I e, por fim, a sua morte. E você, vai contribuir?

Bons ventos inflam as velas da história do Brasil nesse momento. Nunca houve uma oportunidade como essa para que possamos recontar um importantíssimo período da formação do Brasil. Como disse Leopoldina em carta a D. Pedro antes da nossa independência: ”O pomo está maduro, colhe-o já senão apodrece”.

E Bonifácio: ”Decida-se, porque irresoluções, e medidas d’água morna, à vista desse contrário que não nos poupa, para nada servem, e um momento perdido he uma desgraça”. Contamos com a ajuda de todos.

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