O Instituto Mão na Jaca, inciativa que reúne aproveitamento alimentar, impacto social e sustentabilidade ambiental, usa a fruta em programas sociais para combater a fome e promover segurança alimentar. A instituição foi oficialmente criada há dois anos, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, mas o trabalho desenvolvido remonta a 2014.
No município dois locais são considerados estratégicos: o Parque Natural Municipal da Água Escondida, no Centro; e o Quilombo do Grotão, no Engenho do Mato, ambos marcados pela presença de jaqueiras.
Uma das diretoras da instituição, Marisa Furtado disse ao jornal O Globo que, de 2021 até este ano, o projeto doou 15 toneladas da fruta. O Mão na Jaca, segundo Marisa, tem avançado em outras cidades, como: São Gonçalo e Rio de Janeiro, e na Baixada Fluminense, que são beneficiadas ainda com oficinas de capacitação profissional.
“Nossa medição começou durante a pandemia, quando tivemos um grande impacto, sobretudo em áreas onde a comida e a assistência não alcançavam. Chegamos com alimento em forma de jaca em lugares como a Serra da Misericórdia, na Zona Norte do Rio, e Rio das Pedras, na Zona Oeste. Não é à toa que nesses locais hoje já se tem normalizado o consumo de croquetes, hambúrgueres e almôndegas, nas creches locais. Tudo de jaca. Uma pessoa acha que é bacalhau; uma outra, frango; outra, palmito. E isso é criação de uma Cozinha Solidária já totalmente engajada no programa”, comentou Marisa Furtado, segundo o veículo.
A entidade e a PUC-Rio realizaram levantamentos, entre novembro de 2023 e março de 2024, em diversos bairros do Rio, para avaliar a aceitação das pessoas quanto à inclusão da fruta na alimentação. Os estudos mostraram que 95% dos entrevistados consideraram positivo o uso da jaca em receitas alimentares, especialmente quando destinadas a programas sociais.
O Instituto Mão na Jaca tem entre os seus desafios desconstruir preconceitos contra as árvores, que são frequentemente consideradas uma espécie invasora, mas que contam com um grande potencial social e econômico. Além disso, o projeto propõe a inclusão da jaca verde em pratos salgados, para torná-la um ingrediente de destaque, com o máximo de aproveitamento.
No que diz respeito à capacitação profissional, o Mão na Jaca, por meio de oficinas, ensina desde técnicas de coleta segura das jaqueiras até o preparo de receitas inovadoras. Com isso, a entidade amplia o seu campo de atuação, gerando renda e, por tabela, combatendo a insegurança alimentar e reconectando a população com o meio ambiente urbano.
O projeto também trabalha para o resgate da relação histórica da jaqueira com as comunidades locais. O Quilombo do Grotão e o Parque Natural Municipal da Água Escondida integraram a jaqueira à paisagem e à cultura afrodescendente locais.
“Nossas ações envolvem educação ambiental, mapeamento de jaqueiras e parcerias com instituições como o Sesc Mesa Brasil. Com isso, queremos mostrar que o aproveitamento da fruta pode ir além da alimentação. A proposta também contribui para a sustentabilidade urbana, fortalecendo a economia local e promovendo a preservação ambiental em tempos de crise climática”, explicou Marisa Furtado.