O Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas está beneficiando diversas mulheres cariocas com o Projeto Menina-Moça, Mulher, no Centro do Rio, na Lapa. Inaugurado há mais de um mês, o local é um centro de referência no atendimento integrado de saúde da mulher formulado de forma a ser replicado em outras regiões do país.
O projeto é definido como uma completa rede de atenção a mulheres de todas as idades, em situação de vulnerabilidade social, a partir de consultas médicas, palestras e oficinas tendo à frente uma equipe multidisciplinar. O Menina-moça, mulher foi estruturado para preencher as lacunas identificadas na proteção integral de assistência social e saúde da população feminina carioca.
A estimativa é que, mensalmente, 2000 mulheres recebam atendimento biopsicossocial (clínico, psicológico e social), jurídico e participem de oficinas e palestras educativas. Tem o apoio das Secretarias Municipais de Saúde e Assistência Social do Rio.
Ricardo Cavalcanti Ribeiro, presidente do Instituto Carlos Chagas e um dos idealizadores do projeto, explica que o ‘Menina-Moça, Mulher’ é único e “foi pensado para dar apoio a mulheres em situação de rua, moradoras de comunidades, profissionais do sexo, usuárias de drogas, vítimas de abuso sexual e todas as mulheres que tenham dificuldade no acesso ao sistema de saúde e precisem de atendimento especializado. Estamos promovendo também ações ligadas a direitos sexuais e reprodutivos, oferecer apoio jurídico e cursos de capacitação para a geração de trabalho e renda”.
O programa funciona em uma casa, na região central do Rio de Janeiro, que abrigou um ambulatório e foi totalmente reformado para acomodar as salas para consultas, oficinas e atividades.
Ricardo Cavalcanti Ribeiro ainda afirma que o Menina-Moça, Mulher atende as necessidades sociais de jovens e mulheres carentes, chamando a atenção para a responsabilidade social de quem pode e deve fazer mais pela população. Além disso, o projeto vai seguir os conceitos adotados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O Menina-Moça, Mulher não tem fins lucrativos e foi criado para resgatar mulheres em situação de risco, que terão a chance de retomar a autoestima e ganharão uma nova oportunidade de reinserção na sociedade. Queremos resgatar a cidadania dessas pessoas em um projeto que tem como foco a menina, a moça e a mulher que apresenta demandas relacionadas à saúde, ao social e ao psicológico”, relata.
Três vertentes
O Menina-moça, mulher foi estruturado a partir de três vertentes: os atendimentos médico e social, estudos e pesquisas.
A proteção integral contempla o atendimento integrado de saúde, com ações interventivas e preventivas, a partir da articulação de inúmeras políticas públicas. A experiencia do projeto será utilizada para o desenvolvimento de pesquisas vinculadas aos Programas Educativos do Instituto de Pós-Graduação Carlos Chagas e como metodologia social para outras regiões do Brasil.
O projeto foi pensado para oferecer qualidade de vida e acesso à assistência no pré-natal, redução de morbimortalidade materna e fetal, redução da incidência de infecções sexualmente transmissíveis, melhoria do acesso e adesão a métodos contraceptivos, ampliação da oferta de métodos contraceptivos, prevenção e atenção à violência contra a mulher, divulgação do fluxo de atendimento à violência contra a mulher, profilaxia no período após a exposição sexual, e contracepção de emergência.
Na casa são oferecidas palestras e rodas de conversa sobre temas transversais como equidade de gênero, condução de grupos operativos com foco no desenvolvimento pessoal, suporte emocional e habilidades comportamentais, além de oficinas de empreendedorismo, plano de negócios, administração, atendimento ao cliente e cursos profissionalizantes.
Ao chegarem à casa, as meninas, jovens e mulheres passam pelo atendimento multidisciplinar e são acolhidas de acordo com as necessidades. Com base no registro das informações e na discussão de casos, são definidas as atividades de empoderamento e capacitação para a geração de renda e trabalho por meio do estabelecimento de parcerias.
No campo social as atividades privilegiam os acessos aos direitos básicos de cidadania como a documentação, transferência de renda, serviços de saúde, educação, capacitação e desenvolvimento profissional. No campo da prevenção são desenvolvidas ações de educação em saúde, direitos reprodutivos e sexuais, acesso aos métodos contraceptivos e preservativos, serviços de contracepção e planejamento familiar e cuidado com os filhos; uso de substâncias psicoativas; violência contra a mulher; entre outros que serão definidos em conjunto com as adolescentes e jovens, contemplando a participação e o protagonismo das jovens e mulheres.
Entre os resultados esperados do projeto estão: redução da morbimortalidade materna e fetal, redução das doenças sexualmente transmissíveis, prevenção e atenção à violência contra a mulher, profilaxia de pós-exposição sexual e contracepção de emergência.