PUC-Rio e IVISA-Rio firmam parceria para investigar composição química dos cigarros eletrônicos apreendidos

Estudo busca entender os impactos à saúde e regulamentar o debate sobre os vapes no Brasil

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Pesquisadores do Laboratório de Química Atmosférica, do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), iniciaram uma colaboração técnica inédita com o IVISA-Rio (Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e Inspeção Agropecuária), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A parceria permitirá a análise da composição química de cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, apreendidos na cidade.

O acordo, válido até outubro de 2025, visa preencher lacunas científicas sobre os potenciais impactos desses dispositivos à saúde pública. Os vapes, que são proibidos no Brasil desde 2009 por meio da Resolução RDC nº 46 da Anvisa, têm sua comercialização reiteradamente barrada, mais recentemente pela RDC 855/2024. Devido à proibição, os produtos disponíveis no mercado são fruto de contrabando, tornando a fiscalização e apreensão essenciais.

“Há diversas incertezas sobre a composição desses produtos. Comprá-los no mercado ilegal colocaria em xeque os resultados e a ética da pesquisa. Por isso, essa parceria inédita com o IVISA-Rio é tão importante e vai nos permitir uma grande investigação”, afirmou a professora Adriana Gioda, coordenadora do estudo.

Objetivos e investigações preliminares

O estudo buscará identificar componentes químicos e toxicológicos dos cigarros eletrônicos, que contêm substâncias como solventes, nicotina e aromatizantes. Antes da formalização do acordo, os pesquisadores já haviam desenvolvido metodologias para análise dessas substâncias, usando amostras de produtos legalmente comercializados no Brasil.

Segundo o doutorando Carlos Leonny Fragoso, testes preliminares em fungos (levedura de cerveja) e células humanas (linhagem cardíaca H9c2) mostraram resultados preocupantes:

“A toxicidade das matérias-primas depende da concentração, causando inibição do crescimento e morte das células. A glicerina pura e o propilenoglicol, por exemplo, foram tóxicos tanto para leveduras quanto para células humanas. Esse efeito foi mais grave com o aumento da quantidade de propilenoglicol na solução. Outros testes complementares ainda serão realizados.”

Perfil dos usuários e impactos sociais

Além da análise química, o grupo desenvolveu, em parceria com o professor Sergio Lifschitz, do Departamento de Informática da PUC-Rio, um questionário para traçar o perfil de usuários maiores de 18 anos. O levantamento, disponível no site Pesquisa Vapes, será aplicado no campus da universidade em colaboração com a Vice-Reitoria Comunitária, a agência Comunicar e o Serviço Médico.

Relevância para saúde pública e regulação

O estudo busca fornecer informações detalhadas para subsidiar decisões de órgãos reguladores como a Anvisa. Segundo Adriana Gioda, “esperamos oferecer conhecimento científico de qualidade à sociedade e às autoridades, permitindo que as decisões sobre o futuro desses produtos no país sejam mais qualificadas e eficazes.”

Perspectivas da pesquisa

Com o apoio do IVISA-Rio, os pesquisadores poderão acessar amostras apreendidas diretamente pela fiscalização, garantindo a legalidade e confiabilidade do material analisado. A parceria reforça a importância de estudos interdisciplinares e da ciência no enfrentamento de desafios emergentes, como o uso de cigarros eletrônicos, que já se tornaram uma preocupação de saúde pública global.

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