O prefeito do Rio hoje, em seu ex-blog,faz uma análise das eleições de 2008. E não deixem de votar na pesquisa do Diário do Rio.
Em geral, os analistas e os políticos, percebem o quadro eleitoral pelo lado da oferta, ou seja, o que farão os partidos, quem serão os candidatos, que alianças…A prática e a teoria mostram, que a análise deve começar pela demanda, numa visão em série de longo prazo, depois ajustada para a conjuntura e referenciada à oferta que devem fazer os partidos políticos.
Um exemplo: da metade dos anos 80 à metade dos 90, o PT tinha de 15% a 20% dos votos no Rio (hoje 5%). Porém quando o nome que lançava era o Bittar esses votos concentravam-se nas regiões litorânea e centro-norte (Santa Teresa, Tijuca…). Um eleitor de classe média. Quando o nome era o da Benedita, o eleitor do PT era outro completamente diferente. Estava na zona oeste, nas favelas, etc… a demanda não seguia a oferta. É assim quase sempre.
Da mesma forma o perfil e as propostas dos personagens, muitas vezes são percebidas de forma diferente pela demanda que a posição política -de partida- que pretendia ter o candidato. Isso aconteceu com Denise em 2006 e Maia em 1992. Seus personagens foram percebidos pelo eleitorado conservador, como seus. Portanto há que se conhecer bem a demanda e com isso, definir a oferta e apresentar o candidato -em seu discurso e sua imagem.
Há décadas que no Rio há um vetor -nunca menor que 20% do eleitorado- que tem inspirado o trabalhismo e o populismo e que está regionalmente concentrado nas comunidades, na alta zona norte e na zona oeste. De inspiração getulista e pecebista -na origem- e brizolista, depois, com a inexistência de sucessores de mesmo personagem foi sendo absorvida em boa parte por um populismo evangélico, desde a eleição de 1992 para prefeito através da candidatura de Benedita.
Do outro lado, um eleitorado conservador -de origem católica e depois udenista- que nunca é menor que 20% do eleitorado e que regionalmente se estende pela cidade na faixa de uma classe alta, média-média e baixa, incluindo o pequeno empresário, e se fortalece na região litorânea, corredor central da Tijuca, Penha, Méier e Ilha do Governador (Jardim Guanabara).
Esses são pisos e num processo eleitoral a soma deles -a favor de um ou de outro- alcança a 50% do eleitorado. Se somarmos a abstenção, votos brancos e nulos, chegaremos a 70% do eleitorado.
Dos outros 30%, um terço ou 10% compõe o eleitorado que alguns chamam de esquerda, mas que na pratica nos últimos anos, é um voto do tipo politicamente correto e que faz racionalmente o voto útil conforme as alternativas. 2004 foi exemplo disso. Com isso 20% dos eleitores são demanda formada em campanha, ou seja, indecisos de partida em qualquer caso- e que serão estimulados pela conjuntura e pelos discursos.
Esse quadro sofreu alguma alteração regional em função do governo de resultados e de responsabilidade administrativa, implementado nos últimos 15 anos. Isso atraiu parte de todas as faixas do eleitorado, e desde que o personagem corresponda a essa demanda, o piso nessa faixa é de 20% retirando um pouco de cada lado. Isso ocorreu principalmente nas zonas norte e oeste. Chamemos de centro-pragmático.
O quadro pré-eleitoral conta -na faixa "trabalhista-populista" com dois nomes: Crivella e Montes. Na faixa do voto "politicamente correto/classe média" correm dois nomes: Feghali e Chico Alencar. Na faixa do voto "centro-pragmático" deverá estar Solange candidata da aliança de sólidas raízes na política carioca, desde o processo de democratização, e que se consolidou no voto "centro-pragmático", atraindo o voto conservador conforme a oferta em cada disputa. Entram nas entre-faixas os demais candidatos de outros partidos que terão que definir em campanha seus personagens para atrair votos de segmentos que de partida não os identifica.
Restam três duvidas: a) que oferta fará o PT? Pela área popular ou pela classe média, engarrafando o vetor dito à esquerda ou o populista? b) Qual será a decisão do PPS, que tanto pode caminhar para um eleitor de classe média e conservadora com Denise ou somando sua marca a outra candidatura e com isso ajudando a atrair voto "politicamente correto", abrindo espaço para que o voto conservador busque seu nicho natural? c) que amplitude terá a oferta “centro-pragmática?”
De qualquer forma o campo populista, se desagregado, tenderá a correr o risco de nem no segundo turno estar. Da mesma forma, o campo dito à esquerda, outra vez pode se dilacerar com varias candidaturas. Em ambos os casos há a possibilidade do voto útil e a performance de um candidato -eliminar o outro e concentrar nele os votos de seu vetor de demanda. E finalmente o campo de centro -na medida que amplie seu leque de alianças nas outras direções- e dissolva a espuma das tentativas do PT em desfazer a aliança, tenderá a estar no segundo turno tanto por suas referências reforçadas por sua presença no poder, como pela enorme, e forte capilaridade de suas chapas de vereadores.
Poder-se-á transformar este quadro em números de partida, na medida que os partidos decidam por suas candidaturas.
Obrigado por se inscrever na nossa newsletter! Para concluir o seu cadastro e garantir que você não perca nenhuma atualização, é necessário confirmar seu e-mail.
Siga estas etapas simples:
- Verifique sua caixa de entrada (ou a pasta de spam).
- Encontre o e-mail de confirmação que acabamos de enviar.
- Clique no link de confirmação.
Pronto! Após isso, você começará a receber as nossas novidades.
Se não encontrar o e-mail, tente procurar na pasta de spam, marque-o como "não é spam".
Estamos ansiosos para te manter atualizado!