O Rio de Janeiro enfrentará mais um dia de calor intenso, atingindo até 42 graus nesta quarta-feira (17/01), conforme o sistema Alerta Rio da prefeitura. Após chuvas intensas no fim de semana, a semana seguirá com sol forte e temperaturas elevadas. O céu hoje varia entre parcialmente nublado e claro, sem previsão de chuva.
Os cariocas sempre se perguntam sobre o bairro mais quente do Rio. Uma região que tem chamado atenção neste último verão é a de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, que registrou a maior temperatura do verão, chegando a 40,7 graus nesta última terça-feira (16/01). Será que este é, realmente, o bairro mais quente da cidade?
Muito se fala sobre Bangu. Não é de hoje que a fama do bairro suburbano, localizado entre dois maciços – o da Pedra Branca e do Mendanha – é associado às altas temperaturas por estar em um vale. Para muitos especialistas, a região da Grande Bangu é uma das mais quentes da cidade, por conta da formação de ilhas de calor, que se concentram nos bairros de Bangu, Padre Miguel e Realengo. As montanhas acabam bloqueando os ventos do mar. No histórico de registros de temperaturas máximas da cidade do Rio, medidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia, com 15 posições, o bairro ocupa quatro delas.
O bairro cresceu e se desenvolveu no final do século XIX, com a implantação da Fábrica de Tecidos Bangu. O que antes era considerado um sertão carioca, começou a ganhar forma e desenvolvimento com a chegada dos ingleses para a construção da fábrica, e posteriormente, dos operários que ali trabalhavam. Bangu cresceu com todas as características de um bairro proletário, onde os primeiros patrões foram os ingleses, sendo um bairro planejado para funcionar atendendo à Fábrica de Tecidos Bangu.
Anos se passaram e Bangu, atualmente, é o segundo bairro mais populoso do Rio, e um dos mais densos em população. Com o crescimento acelerado e falta de planejamento, a região sofre com a falta de árvores e vegetação para amenizar o calor excessivo da área. Segundo a Sociedade, Bangu está entre os três bairros com menos cobertura vegetal da capital, perdendo apenas para Cordovil e Santa Cruz.
Mas apesar da tradição associada ao calor, Bangu não é o bairro mais quente nas medições da Prefeitura. Desde março de 2004, a estação meteorológica de Bangu, instalada nos terrenos da antiga fábrica, está desativada, por isso o bairro deixou de ter uma medição “oficial”, cedendo assim lugar à Santa Cruz, também na zona oeste, de “o bairro mais quente da cidade”, ao menos, em termos oficiais. O bairro, juntamente com Guaratiba e Irajá disputam a posição de lugar mais quente do Rio de Janeiro nas medições oficiais.
Localizada na Área de Planejamento 3, a região de Irajá é a mais densamente povoada da cidade, caracterizada pela alta ocupação do solo e pela escassez de áreas verdes. Esses fatores geográficos e urbanísticos contribuem para que a área se torne um significativo bolsão de calor, comum nas grandes cidades. A proximidade com a Avenida Brasil e a distância em relação ao litoral ampliam ainda mais a elevação das temperaturas no bairro.
Mas já Guaratiba, tem algumas características que elevam a sensação térmica no bairro. A Zona Oeste recebe ventos predominantemente do Norte, que costumam ser mais quentes, o que aumenta a temperatura. Além disso, o bairro está próximo a um grande corpo hídrico, a Baía de Sepetiba. Os dois fatores juntos fazem com que a sensação térmica fique maior.
Será que chegou o tempo de trocarmos do topo do pódio, Bangu por Guaratiba? Em termos oficiais, é provável que sim.