Hoje começa a campanha eleitoral para Prefeito do Rio de Janeiro em 2016. São 10 candidatos a prefeito, desde que o Rio de Janeiro passou a ter eleições municipais, em 1985, esta só tem mais candidatos que a eleição de 2012 quando teve apenas 8 candidatos. Por outro lado, dos 10, 8 candidatos tem alguma chance de ir para o 2º turno, alguns mais como Marcelo Crivella (PRB) e outros menos como Alessandro Molon (REDE).
Essa eleição também terá uma certa novidade, os candidatos terão pouco orçamento. É que a nova Lei Eleitoral proíbe doação de Pessoa Jurídica, ou seja, nada de empresas doando, só Pessoa Física. E, graças a atuação de figuras como o Juiz Sergio Moro, o medo de fazer Caixa 2 para a campanha deixará as campanhas ainda mais pobres, bom para a democracia. Outro fator será o menor tempo para se apresentar, apenas 45 dias, o que é ruim porque fará com que candidatos mais conhecidos possam dominar a próxima legislatura.
Vamos aos candidatos:
Indio da Costa (PSD-PSB-PMB) – 55
Indio da Costa, 45 anos, é de uma das famílias mais tradicionais da arquitetura e designer do Brasil mas acabou fazendo Direito e caminhando para a política em 1992 quando fez parte da 1ª geração da Juventude Cesar Maia. Em 1993 já era do Conselho Municipal de Desenvolvimento da Cidade. Em 1994 administrou o Parque do Flamengo. De 1994 a 1996 administrou Copacabana e Leme. Entre 1997 e 2007 foi eleito 3 vezes vereador do Rio, então se elegeu deputado federal em 2007. De agosto de 2001 a abril de 2004 e de janeiro de 2005 a abril de 2006 foi secretário de administração da cidade do Rio e de em 2013 dos esportes e em 2014 do meio ambiente.
Em 2010 foi candidato a vice-presidente pelo DEM na chapa encabeçada por José Serra (PSDB). Uma das razões era popularidade de Indio por causa da relatoria da Ficha Limpa. Em 2014 voltou para a Câmara de Deputados.
Tenho para mim que é um dos candidatos com mais vontade de ser prefeito do Rio, sempre estudou para seguir esse caminho. Pretendia ser candidato pelo DEM em 2008 mas o então prefeito do Rio, Cesar Maia, preferiu o nome de Solange Amaral. Em 2012 seu partido acabou apoiando a reeleição de Eduardo Paes (PMDB). Também pesa a favor de Indio sua experiência administrativa, talvez a maior entre os candidatos a prefeito.
Seu vice será o deputado federal Hugo Leal (PSB), ele também tem na aliança o PMB.
Marcelo Crivella (PRB-PR-PTN) – 10
O senador em 2º mandato Marcelo Crivella (PRB) vem pela 3ª vez tentar ser prefeito do Rio, apenas Cesar Maia (DEM) tentou tantas vezes, mas no caso de Maia vencendo. A primeira tentativa de Crivella foi em 2004 quando ficou em 2º lugar com 21,8% mas com Maia vencendo no 1º turno, em 2008 ficou em 3º lugar com 19.6% dos votos. Em 2014 surpreendeu e conseguiu ir para o 2º turno mas perdendo para o atual governador licenciado Luiz Fernando Pezão (PMDB)..
Crivella costuma ser um candidato bom de largada, e o mesmo acontece esse ano, tem um eleitorado cativo, especialmente entre os evangélicos já que é Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho de Edir Macedo. Mas os mesmos motivos que o fazem ter sua base de votos é motivo de uma alta rejeição e faz com que ele seja o adversário ideal no 2º turno.
Mas isso pode mudar em 2016, é que Crivella tem feito bem sua lição de casa e está com uma equipe multidisciplinar para pensar no Rio de Janeiro. E isso se reflete até na escolha de seu candidato a vice, no lugar de um político tradicional o PR, de Clarissa Garotinho, indicou o engenheiro Fernando Mac Dowell, ex-diretor do Metrô Rio e doutor em engenharia de Transportes, pode ser uma boa aposta no tema da mobilidade que será um dos principais das eleições 2016.
Crivella também foi Ministro da Pesca de 2012 a 2014. Apesar disso não considero que ele tenha experiência administrativa já que seu mandato passou em branco sem nada digno de nota.
Pedro Paulo (PMDB-PDT-PP-DEM-PTB-PHS-PEN-PTC-PROS-PRTB-PTdoB-PMN-SDD-PSL) – 15
Pedro Paulo (PMDB) foi o escolhido por Eduardo Paes (PMDB) e essa escolha foi bastante criticada, inclusive aqui pelo Diário do Rio, especialmente pelas denúncias de violência por parte de sua esposa. Ainda assim Paes bancou o nome de seu amigo de longa data.
Com 44 anos é formado em economia com pós em Análise da Conjuntura Econômica e mestrado em Política Aplicada por uma universidade espanhola. Talvez seja o 2º candidato com mais experiência administrativa, apenas atrás de Indio da Costa. Em 95 foi administrador do Autódromo, a convite do então subprefeito da Barra, Eduardo Paes. Em 95 chefe de gabinete de Paes quando vereador o seguindo para o mesmo cargo quando este virou deputado federal.
Em 2001 Pedro Paulo virou subprefeito da Barra e em 2002 secretário de meio ambiente do Rio. Em 2005 se elegeu deputado estadual. Em 2009 se tornou secretário chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio, cargo que lhe colocou nos holofotes e acabou garantindo sua eleição como deputado federal em 2010 e 2014. Em 2015 se tornou secretário executivo de coordenação de governo do município do Rio de Janeiro.
Seu vice será Cidinha Campos (PDT), deputada estadual e que já deu declaração a favor de Pedro Paulo que foi bem polêmica ao minimizar a violência doméstica.
Alessandro Molon (REDE-PV-PPL) – 18
Com 44 anos, Alessandro Molon (REDE), é candidato a prefeito do Rio pela 2ª vez, ele foi em 2008 pelo PT, inclusive era para ter sido apoiado pelo PMDB que acabou lançando Eduardo Paes que se filiou ao partido de última hora (para alguns até depois do prazo legal). O PT Nacional acabou largando Molon de lado e apoiando Paes. Ele acabou em 5º lugar.
Molon que é advogado, historiador, radialista e professor, apesar de ser um conhecido integrante da esquerda sempre foi uma figura simpática e é bem visto por vários espectros da política. Foi deputado estadual de 2003 a 2011 e está em seu 2º mandato como deputado federal.
Junto com Marcelo Freixo é o com menos experiência administrativa, apesar de ter apoiado o governo federal do PT. Seu vice será o arquiteto Roberto Anderson (PV).
Carlos Osório (PSDB-PPS-PSDC) – 45
Com 50 anos, Carlos Osório (PSDB) está em seu primeiro mandato como deputado estadual, eleito pelo PMDB virou tucano para ser candidato a prefeito. É economista, formado pela PUC, mas atuou no jornalismo chegando a ser produtor da CNN. Depois atuou em Marketing Esportivo.
Osório coordenou a campanha vitoriosa do Rio para sede do PAN 2007 e depois a mesma função que levou a vitória do Rio para sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Com a vitória olímpica se tornou diretor do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016. De 2010 a 2012 foi Secretario de Conservação e Serviços Públicos do Município do Rio. Em 2012 assume a Secretaria de Transportes do Rio e a deixa para ser candidato em 2014 a deputado estadual, cargo que ocupa hoje. Entre 2015 e início de 2016 foi secretario de Transportes, cargo que abandonou ao se filiar ao PSDB.
Com uma boa experiência administrativa, Osório fecha a trinca dos candidatos experientes na administração da cidade, junto com Pedro Paulo e Indio. E falando em Indio, Osório chegou a ser cogitado como seu vice, mas disse que tinha a intuição de que os cariocas poderiam querer um prefeito fora da política.
Seu vice será Aspásia Camargo (PSDB).
Jandira Feghali (PCdoB-PT) – 65
Jandira Feghali (PCdoB) vem candidata a prefeita do Rio pela 2ª vez, foi candidata em 2008 com a coligação PCdoB/PSB e terminou em 4º lugar, apesar de ter começado em 2º lugar. Ela é médica só que sua experiência é basicamente política, com uma atuação forte no sindicato dos médicos nos anos 80, o que a levou a ser eleita deputada estadual pela primeira vez em 1986. É a candidata mais velha, com 59 anos.
Em 1990 foi reeleita deputada federal e está em seu 6º mandato, com um gap entre 2008 e 2011. É que em 2008 foi candidata ao Senado, quando ficou em 1º lugar nas pesquisas durante quase toda a eleição mas nos últimos dias foi ultrapassada pelo atual governador em exercício Francisco Dornelles (PP).
Jandira foi secretaria de Cultura no 1º governo Eduardo Paes e secretaria de Desenvolvimento Econômico de Niterói. Certamente é a candidata pela esquerda com mais experiência administrativa, não que isso seja grande coisa já que os outros dois não possuem nenhuma.
Creio, porém, que entre Molon e Freixo, Jandira é a que menos tem vontade de ser prefeita do Rio. Suas postagens nas redes sociais falam muito pouco sobre a cidade e mais em oposição ao governo federal.
Seu vice é Edson Santos (PT).
Flávio Bolsonaro (PSC) – 20
Teremos polêmica garantida nas eleições municipais 2016 do Rio de Janeiro, é que o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC) será candidato a prefeito do Rio. Filho do deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSC) está em seu 4º mandato como deputado estadual mas não é visto como um político tradicional. É o candidato mais jovem, com apenas 35 anos;
Flávio não tem experiência administrativa mas isso não será problema para ele, é que se o tema “Segurança Pública” for o mais forte das eleições, ele se garante aí. Como exemplo em abril deste ano, Flavio e seu segurança trocaram tiro com uns assaltantes após uma tentativa de roubo de um carro em sua frente, o ladrão saiu ferido.
A falta de dinheiro também não será um problema para Bolsonaro, sua família tem uma militância forte, que leva o pai a ser chamado de “Bolsomito” e seus adversários a chamá-los de “Bolsominions”. Ele pode causar problemas nas candidaturas de Crivella e Pedro Paulo ao tirar votos do espectro conservador. Não me causará espanto se for ao 2º turno.
Seu vice é Rodrigo Amorim (PRP), ele era para ser vice de Osório (PSDB), não chegou a um acordo, lançou candidatura própria e acabou sendo “roubado” por Bolsonaro.
Marcelo Freixo (PSol) – 50
Do outro lado da mesma moeda que tem Flávio Bolsonaro, está Marcelo Freixo (PSol) com 49 anos e em seu 3º mandato como deputado estadual. Ele teve como destaque em seus mandatos a participação na CPI contra as milícias, o que o levou a ser inspiração do deputado Diogo Fraga no filme “Tropa de Elite”, para seus adversários o único destaque da carreira política de Freixo.
O candidato não tem nenhuma experiência administrativa mas podemos dizer que é por uma boa razão, seu partido nunca se aliou a nenhum governo. Foi candidato a prefeito em 2012 e ficou em 2º lugar com 28,15% dos votos, ficando fora do 2º turno já que Eduardo Paes foi eleito com 64,60% dos votos válidos.
Hoje Freixo está em 2º lugar mas a esquerda carioca está com outros 2 candidatos e isso pode prejudicá-lo bastante. Seu vice é a Penalista Luciana Boiteux (Psol)
Carmen Migueles (NOVO) – 30
A professora e consultora Carmen Migueles (NOVO) é a candidata do partido liberal a Prefeitura do Rio. Ela teve uma pequena passagem pela Secretaria Municipal de Cultura de Duque de Caxias. Seu vice é Tomas Pelosi Filho (NOVO). Não tem a mínima chance de ir ao 2º turno.
Cyro Garcia (PSTU) – 16
Esse ano já temos garantido o “Contra Burguês – Vote 16”, Cyro Garcia, fundador do PSTU, volta a ser candidato no Rio de Janeiro. Em 2012 foi candidato a governador e obteve 48.000 votos, não tem a mínima chance de vitória.
Sua vice é Marília Macedo.