Quintino: governo Cláudio Castro muda ou fracassa

É preciso que seja feito algo, ou o Rio de Janeiro ficará em estágio de espera até as eleições de 2026. Ou Cláudio Castro age e muda, ou fracassa, não há outra opção

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Posse do Governador Cláudio Castro na ALERJ - Foto: Governo do Estado do Rio de Janeiro

O sábio político mineiro Magalhães Pinto tem uma frase que é clichê na política: ‘Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.’ Vale citar mais uma antes de iniciar este texto, o antigo provérbio ‘À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta’. Ambas valem para a atual situação do governo de Cláudio Castro no Rio de Janeiro. Primeiro as mudanças nas correntezas da política fluminense, e a percepção que se tem de seu governo, não de desonesto, mas algo pior, de ineficaz, ineficiente, inoperante.

Apenas um grupo político no Rio

Eduardo Paes Hugo Leal e Claudio Castro Quintino: governo Cláudio Castro muda ou fracassa

Vamos começar falando sobre as mudanças nas forças políticas. Atualmente, o Rio de Janeiro tem apenas um grupo político forte: o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que historicamente é herdeiro do grupo de Cesar Maia. Paes, com 54 anos, é bem mais experiente politicamente do que a diferença de idade de dez anos com o governador, que tem 44 anos. Eduardo começou na Juventude Cesar Maia (onde também comecei nos anos 2000) nos anos 90, com pouco mais de 20 anos. Ou seja, Eduardo tem de experiência política quase a idade de Castro. Eduardo foi subprefeito, vereador, deputado federal e finalmente prefeito, e criou um grupo de vereadores, deputados e assessores de confiança. Quem tem isso hoje no estado ou mesmo no país?

No Rio de Janeiro atual, há forças, especialmente de grupos como os evangélicos e a esquerda, além da potência Bolsonarista, maior que o próprio Bolsonaro. Mas nada que represente um grande grupo como na época de Picciani, Garotinho, Brizola e outros. Os partidos nem vamos contar nessa história, nem o PSol é capaz de ter uma unidade, imagine os mais pragmáticos.

Mesmo o homem mais poderoso do Estado, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, não formou seu próprio grupo. Sua base de apoio existe apenas pelo cargo que exerceu, Secretário de Governo, e hoje presidente da Casa. Parafraseando ‘Versos Íntimos‘ de Augusto dos Anjos, ‘A boca que te beija é a mesma que te escarra‘, e isso vale para Bacellar, isso vale para Castro.

Cláudio Castro foi alçado ao cargo de governador por um raro alinhamento de planetas, luas e asteroides que acontece a cada 17 mil anos. De um mandato de menos de 2 anos como vereador, tornou-se vice-governador de um dos estados mais importantes da federação e menos de 2 anos depois, voilà, vira governador no lugar do neferibático Wilson Witzel. Ululante que não teve tempo de criar seu próprio grupo, ele era o nome do então deputado estadual Márcio Pacheco, este próprio não muito forte, na Câmara.

Um Rio Distópico

Centro visto de Santa Teresa. Sambodromo Quintino: governo Cláudio Castro muda ou fracassa
Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Ser governador do Rio não é fácil, nada fácil, aqui é Chicago de 1930, é Mad Max, é uma metrópole com ares de província, um estado no mínimo distópico. Temo pela sanidade de quem deseja governar este estado, e não invejo a posição de Cláudio Castro, não há grupos políticos aqui, há interesses não públicos, mas particulares e nada republicanos.

Chegar à posição que chegou, sem nenhum apoio de confiança, é uma situação realmente complicada. Por mais que no Brasil, cidades e estados tenhamos um parlamentarismo disfarçado, em certas posições não se pode depender apenas dele ou acaba ficando refém dos próprios subalternos.

As Nuvens da Política do Rio

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José Renato Torres e Claudio Castro – Foto: Governo do Rio de Janeiro

Alguns movimentos mudaram drasticamente a política do Rio de Janeiro, talvez não para a população, mas aos olhos dos operadores. O ex-governador Sérgio Cabral ter sido libertado, por exemplo, é um fato de alta relevância. Cabral continua poderoso, mesmo depois de mais de 6 anos preso, manteve-se informado dos meandros da política fluminense.

Ainda antes da eleição, a indicação de Márcio Pacheco, ex-chefe de Castro, para o Tribunal de Contas do Estado do Rio acabou custando muito caro para o governador. Uma dívida de gratidão, sem dúvidas, mas que deixou aberto um flanco que é aproveitado até hoje. Devido a isso, teve de colocar Washington Reis como seu candidato a vice, cassado pelo Judiciário, e agora está lá esse nome pesado e decadente na Secretaria de Transportes.

Aqui vale ressaltar que as vagas do TCE-RJ são a maior fonte de problemas de Cláudio Castro, e por elas faz de tudo. Por um cargo dado a uma única pessoa, o governador é capaz de fazer acordos que são péssimos para o estado e seu próprio futuro político. Inclusive nas vagas futuras, onde vira um refém de cada deputado.

A junção de forças no entorno de Rodrigo Bacellar também tem de ser levada em conta, especialmente com a eleição para presidente da Casa que ele teve. Lembrando, Altineu Côrtes, presidente estadual do PL, partido de Castro e Bacellar na época, lançou um outro candidato para bater de frente com os dois, não deixou certo, mas ficaram cicatrizes que dificilmente serão completamente saradas.

Sem levar em conta as mudanças que podem ocorrer na Baixada Fluminense, especialmente com a perda de poder da família Reis e o surgimento de Lindbergh Farias junto de Áureo Ribeiro em Nova Iguaçu. Enquanto no Norte Fluminense, especialmente Campos, surge o problema de vereadores envolvidos em denúncias de corrupção.

O recrudescimento da violência na cidade do Rio, com a mostra de um poder nunca antes visto das milícias, também é uma mudança na política do Rio que sempre conviveu com esta facção. Vereadores e deputados já foram eleitos e todos sabiam do envolvimento com o crime organizado, mas na época havia uma visão, de certa forma, romântica do que cometiam. Isso mudou.

À Mulher de Cesar

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Foto: Daniel Martins/Diário do Rio

Neste momento, com matérias em jornais e TV de jornalistas e articulistas sérios, a impressão do governo de Cláudio Castro é da mais completa incompetência. Seja na Segurança, nas Contas Públicas, Transportes ou na administração do dia a dia, as críticas vão se tornando cada vez mais pesadas contra o governador. Que apresenta uma imagem de acuado frente às denúncias e às notícias, falta a imagem de alguém tomador de ação.

Na crise de Segurança, a ação não veio do governo do Estado, veio do Governo Federal através de uma Garantia de Lei e Ordem. Uma péssima impressão, já que quem poderá capitalizar politicamente qualquer vitória na Segurança Pública será o presidente Lula e o Ministro Flávio Dino.

A capacidade de gerir as finanças do Estado foi arrasada na mão do jornalista Carlos Andreazza, em artigo do O Globo de 14/11. No texto, comenta a situação periclitante do orçamento do Rio de Janeiro, e ao fato do governador ter de ir com pires na mão à Brasília. Isso mesmo depois da venda da Cedae com um ágio altíssimo. Andreazza termina seu texto de forma até grosseira, mas que mostra o humor de parte da sociedade com Castro: ‘Inviável, em qualquer tempo, é o governo Cláudio Castro, falido, incompetente, opaco, fraco, cada vez mais nas mãos dos donos da Alerj, desautorizado a escolher o secretário da Polícia Civil e ainda com três anos para (nos) sangrar. Esse é “o nosso problema.’

A Necessidade de Reforma de Secretariado

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Posse do Governador Cláudio Castro e seu secretariado em 2/1/2023 Foto: Daniel Martins/Diário do Rio

Nesse momento, Cláudio Castro tem um problema sério de imagem, que políticos adversários, e mesmo aliados, vão se aproveitar, voltando a outra máxima da política, ela não tem vácuo. Primeiro é preciso reacomodar as novas forças da política do estado, e entender a necessidade de que alguns ficarão insatisfeitos. Cesar Maia já dizia que política não é futebol que se ganha de 2 a 0, mas basquete que se ganha de 98 a 95.

Escolher quem vai ter força, seja com o dinheiro das obras, anúncios e o de sempre do pragmatismo político brasileiro, é escolher quem ficará fraco também. E nessa hora é necessidade de um pulso firme, que ajudará na mudança de imagem para dentro do mundo político. Tal como tubarões, eles sentem cheiro na água e sempre estão famintos.

Para fora é preciso mostrar compromisso com um pouco de ética, é o caso de Washington Reis em uma secretaria poderosa, estratégica e com orçamento altíssimo como a de Transportes. É difícil confiar que o ex-prefeito de Caxias fará a estação de metrô da Gávea, só com um descolamento muito forte da realidade para acreditar que isso seja possível.

Olha que nem falo em diminuir o número de secretarias, entendo a necessidade de atender alguns caprichos. Mas é preciso que seja feito algo, ou o Rio de Janeiro ficará em estágio de espera até as eleições de 2026.

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9 COMENTÁRIOS

  1. Esse governador é uma vergonha total e absoluta, sendo educada no mínimo. Suas ligações espúrias com políticos empresários, milicianos e quejandos são largamente conhecidas e é exatamente essa banda podre que o ajudou a se eleger e que o mantém no cargo. Enquanto isso o RJ se afoga no lamaçal do fundo do poço.

  2. O q tem q ser dito, e ninguém tem coragem de dizer, é que os governos do RJ e de SP l, certamente, vêm sutilmente, sendo vitimas de atos de explícita sabotagem praticados por extremistas do PT e outros partidos de esquerda aliados.

  3. Urge uma reforma política. Vejam as opções para governador do Estado do Rio de Janeiro: Cláudio Castro ou Marcelo Freixo.
    Os probos e honestos sumiram da política do Rio, de Itaperuna ao Rio são diversos casos de má gestão e corrupção.
    Um advogado para exercer sua profissão tem que fazer uma prova na OAB, para ser político NÃO, mesmo que se responsabilize por um orçamento de bilhões de reais.

    O Rio é um fracasso de Brizola a Cláudio Castro, mas tudo bem… Mais uma cervejinha gelada… que calor!

  4. Quintino passa pano, mas vou resgatar a fala do sociólogo José Cláudio Alves, que define muito bem quem governa de fato e de direito o RJ:

    O governador Cláudio Castro (PL) tem um conjunto de comprometimentos. Desde o início, como vice de [Wilson] Witzel, que foi cassado, mas tinha uma plataforma brutal de “bandido bom é bandido morto”. Castro continua isso, só não tem essa figura histriônica que era Witzel. Ele é dos bastidores, mas mantém essa estrutura.

    As composições que fez ao longo do tempo mostram isso. Um exemplo é Allan Turnowski, que foi secretário de Polícia Civil no começo do seu governo e tinha envolvimentos com milícia, jogo do bicho e foi cassado como candidato. O ex-secretário de sistema penitenciário dele foi exonerado e processado por acordos com o Comando Vermelho.

    O atual secretário de Polícia Civil, Marcos Amim, vem numa esteira de acordos com vários membros da Alerj da extrema direita, estava no comando da chacina do Jacarezinho, é um youtuber que dissemina essa ideia do confronto, da letalidade policial, do bem contra o mal. Não tem coisa mais útil para a estrutura miliciana do que um cara como ele.

    Seu secretário de Transporte é o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, que tem uma das mais consolidadas estruturas milicianas da região. Ele sempre teve relação com elas e se projetou a partir dessas relações.

    Castro tem relações com o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro [Waguinho], que estabeleceu um destacamento do 39º Batalhão da Polícia Militar naquele município, de onde saiu toda a campanha do Waguinho e do deputado estadual Márcio Canella (PL), que indicou Amim para secretário de Polícia Civil. Então, o ciclo se fecha.

    Castro é pau mandado e quem colabora com ele tem interesse nisso tudo. Agora é esperar 2026 e pra saber quem é o novo bucha que essa gente poderosa vai eleger.

  5. Curioso que o editor parece mais preocupado com o futuro do Castro do que com o Rio. O governo está fadado ao fracasso desde o início, mesmo assim todo mundo se recusou a ouvir e elegeu ele em primeiro turno. Aguentem o estado paralisado até 2026 agora.

  6. O Governador parece um passaro em voo cego ou um cego no meio de um tiroteio atirando em tudo no que vê mais não acerta e um WILSON WITZEL as avessas . Mais fazer o que só resta esperar 2026 chegar ou que tal um impeachment que não seria nada de mas para um estado como o Rio de Janeiro . Pois digo não conta com meu voto em 2026 e nem nunca.

  7. É, o governo do Cláudio Castro é tão ruim, mas tão ruim…Que o Diário do Cláudio Castro e seu trabalho de relações públicas não estão dando conta.

    Trágico…

    Ah se houvesse uma CPI da Ceperj…Castro se quer seria eleito. Se fosse eleito, já estaria liquidado.

    Um governador Tchutchuca assim é maravilhoso. É o sonho dos operadores e conveniente para o operado que vive em preso em uma gaiola de ouro.

    Farinha pouca, meu pirão primeiro.

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