Uma das poucas relíquias de São Benedito ainda existentes foi furtada neste final de semana da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, na Rua Uruguaiana, no Centro do Rio. No último sábado (5), foi realizada a festa em homenagem a São Benedito.
O evento terminou por volta das 16h, com o funcionário que trabalha na Igreja fechando as portas do templo. Ao chegar à Igreja, na manhã desta segunda-feira (7), o colaborador encontrou a porta lateral do templo encostada. Diante da falta de sinais de arrombamento, a suspeita é de que os ladrões tenham pernoitado na Igreja após a festa de São Benedito.
Após uma verificação sobre os itens levados, foi constatado o furto da relíquia. A lojinha de artigos religiosos da Igreja foi completamente saqueada, com os ladrões levando terços, medalhas, escapulários, imagens de santos, inclusive do próprio São Benedito, entre outros itens religiosos.
Curiosamente, os ladrões não deram importância ao celular e à máquina de pagamento da instituição. O dinheiro que estava dentro de uma caixa na administração paroquial foi furtado, assim como o ventilador do altar e a mesa de som, que fez falta, nesta segunda, na celebração do Dia de Nossa Senhora do Rosário. Para que a Santa não ficasse sem homenagem, os religiosos da casa tiveram que pedir outra mesa emprestada.
O furto representa um grave ataque à Fé Católica, uma vez que, em 2023, boa parte dos restos mortais de São Benedito foram consumidos por um incêndio que atingiu a Igreja de Santa Maria de Jesus, em Palermo, na Itália. Na ocasião, somente alguns fragmentos do corpo do Santo, que estavam guardados praticamente intactos em uma caixa abrigada na instituição, foram resgatados dos escombros pelas equipes de socorro.
Construída no século XVIII, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos abrigava os restos mortais do Mestre Valentim, um dos grandes nomes de nossa arquitetura colonial. O templo recebeu, em cortejo, o rei D. João VI, na ocasião da vinda da família real para o Brasil. Em 1938, a Igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Em março de 1967, um incêndio, aparentemente criminoso, a destruiu completamente. No episódio, o fogo destruiu itens valiosos do movimento abolicionista, alfaias, adornos e paramentos setecentistas e oitocentistas. A Igreja foi reconstruída pelo arquiteto Lúcio Costa no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Em 13 de março deste ano, a Igreja de São Benedito passou por novo incêndio. Desta vez, de menores proporções. Na ocasião, as chamas foram contidas por guardas municipais, que patrulhavam as cercanias. Os policiais utilizaram extintores e areia para conter o fogo, que atingiu a “capela de velas”, espaço destinado para oração. Não houve feridos.
